Apesar da exclusão do grupo, o ato não representa, por ora, o reconhecimento formal do governo talibã por Moscou, que retomou o controle do Afeganistão em 2021 A Suprema Corte da Rússia anunciou nesta quinta-feira a retirada do Talibã de sua lista de organizações terroristas, uma medida que visa fortalecer as relações entre Moscou e Cabul. A decisão, de acordo com agências de imprensa russas, foi comunicada pelo juiz responsável pelo caso, Oleg Nefedov.
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— A decisão entra em vigor imediatamente — declarou o juiz. A iniciativa partiu da promotoria russa, que em março deste ano solicitou à Suprema Corte a exclusão do grupo da lista.
Apesar da exclusão do grupo, que estava na lista de terroristas desde 2003, o ato não representa, por ora, o reconhecimento formal do governo talibã por Moscou, que retomou o controle do Afeganistão em agosto de 2021 após o colapso do governo apoiado pelos Estados Unidos.
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A remoção acontece após 22 anos. Porém, desde a queda do antigo governo do Afeganistão, em 2021, e da decisão dos EUA de tirarem seus militares do país, a Rússia via o Talibã como um “mal menor” na Ásia Central, especialmente para conter o avanço do braço do Estado Islâmico na região — uma posição compartilhada por governos como o da China e do Irã.
Acordo entre Talibã e Rússia
Já em setembro de 2022, o regime Talibã, por sua vez, fechou um acordo preliminar para a compra de trigo e petróleo (e derivados) da Rússia, na primeira grande negociação internacional do tipo desde o retorno do grupo ao poder.
O acerto incluiu a compra anual de um milhão de toneladas de gasolina, um milhão de toneladas de diesel, 500 mil toneladas de gás liquefeito de petróleo (GLP) e dois milhões de toneladas de trigo, segundo o relato do porta-voz do Ministério de Comércio e Indústria afegão, Abdul Salam Jawad, à AFP.
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À época, as autoridades locais não quiseram falar em valores, mas reconheceram que os russos deram descontos sobre os preços dos insumos. Pelo lado russo, os ministérios da Energia e Agricultura não comentaram, mas o então enviado especial de Moscou para o Afeganistão, Zamir Kabulov, confirmou que existiu um acordo preliminar.