Os esforços de Donald Trump para enviar tropas da Guarda Nacional para grandes cidades dos EUA, punir organizações de mídia e pressionar universidades e empresas privadas são impopulares entre os eleitores. Mas a enxurrada contínua de políticas e táticas não enfraqueceu ainda mais a posição geral do republicano, segundo uma nova pesquisa do New York Times e da Universidade de Siena, na Itália. Em vez disso, Trump continua a manter o apoio de cerca de nove em cada dez eleitores republicanos.
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O resultado: um presidente ainda impopular com um índice de aprovação inalterado de 43%.
No início de seu mandato, o nível de aprovação de Trump caiu em relação aos pós-eleitorais e permanece fraco em comparação com seus antecessores nesta mesma fase de seus mandatos. Mas, nos últimos meses, seu índice tem se mostrado resiliente e estável, refletindo que a opinião da maioria dos eleitores sobre ele se consolidou.
No início de seu mandato, o índice de aprovação de Trump caiu em relação aos altos índices pós-eleitorais e permanece fraco em comparação com seus antecessores nesta mesma fase de seus mandatos. Mas, nos últimos meses, seu índice tem se mostrado resiliente e estável, refletindo que a opinião da maioria dos eleitores sobre ele se consolidou.
A nova pesquisa surge em um momento em que o governo federal caminha rapidamente para uma paralisação na quarta-feira, um impasse que traz riscos políticos tanto para Trump quanto para os democratas no Congresso.
Os eleitores afirmaram que provavelmente culpariam ambos os lados se o governo fechasse. Mas os eleitores independentes disseram que eram duas vezes mais propensos a atribuir a culpa a Trump e aos republicanos do que aos democratas. Ao mesmo tempo, dois terços dos eleitores alertaram que a oposição não deveria fechar o governo se suas demandas não fossem atendidas.
— É como uma briga de gangues de rua — disse Álvaro Olivares Rivera, um veterano de 40 anos que mora em Loveland, Colorado, e depende do Departamento de Assuntos dos Veteranos para cuidados com deficiência, sobre a briga entre os dois partidos. — Eles estão sendo muito descuidados ao fechar o governo e não estão dispostos a chegar a um acordo.
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Olivares Rivera disse que seus valores são mais próximos dos do Partido Republicano, mas que a política de deportação do governo Trump o fez inclinar-se para o Partido Democrata. “Somos um país em sofrimento e necessidade, e ambos os lados precisam trabalhar juntos”, acrescentou.
Mas a base não governista está preparada para uma luta. Mais eleitores democratas, 47%, disseram que o partido deveria paralisar o Congresso se suas demandas não fossem atendidas do que aqueles que disseram que não deveriam (43%).
Mesmo antes de uma possível paralisação, a confiança de que o sistema político americano ainda pode resolver os problemas do país caiu para uns sombrios 33%. A perspectiva dos independentes sobre essa questão era tão sombria quanto a dos democratas.
De muitas maneiras, a última pesquisa do Times/Siena revela as contradições que passaram a definir um eleitorado americano profundamente dividido.
Os republicanos estão cada vez mais dando crédito a Trump por melhorar a economia — 67% afirmaram isso agora, em comparação com 47% em abril. Ao mesmo tempo, a opinião do eleitorado em geral sobre as condições econômicas do país ainda é negativa.
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Apenas 26% afirmaram que as condições eram boas, embora esse nível baixo represente um ligeiro aumento em relação aos 22% da última pesquisa do Times/Siena, realizada em abril.
Uma pergunta aberta pedindo aos eleitores que identificassem o “problema mais importante” enfrentado pelo país foi ainda mais reveladora.
A principal questão identificada pelos eleitores democratas, 18% deles, foi Trump e os republicanos — mais do que aqueles que disseram estar principalmente preocupados com a economia. Quase o mesmo número de republicanos, 16%, disse que os democratas eram o maior problema do país.
E os independentes? A principal preocupação deles era a polarização e a divisão.
Laurie Maravich, democrata, disse estar preocupada com o impacto de Trump na sociedade.
— Ele pode dizer qualquer coisa desagradável que quiser sobre qualquer pessoa, mas se alguém critica qualquer coisa remotamente relacionada a ele, ele quer silenciá-la ou deportá-la — disse Maravich, 63, diretora de compras globais em Denver, Carolina do Norte. — Ele ameaça e intimida as pessoas para que façam o que ele quer.
Houve uma série notável de notícias e desenvolvimentos desde a última pesquisa do Times/Siena.
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O Congresso aprovou o projeto de lei de Trump que reduzirá os impostos e fará cortes significativos no Medicaid. Ele impôs, suspendeu e reimplantou tarifas que afetam o mercado. Ele agiu para consolidar o poder sobre instituições americanas antes independentes, incluindo o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), e pressionou universidades a mudar suas políticas. Ele enviou tropas da Guarda Nacional para cidades lideradas por democratas e pressionou autoridades federais a investigar e processar seus inimigos políticos. Mas, em questão após questão, as opiniões sobre Trump estão tão solidificadas que parecem quase inabaláveis em qualquer direção.
As opiniões dos eleitores não mudaram além da margem de erro sobre a maneira como o presidente lida com a imigração, a economia, o comércio com outros países, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia ou sua gestão do governo federal.
Ao mesmo tempo, os eleitores repetidamente disseram que Trump “foi longe demais” em várias de suas iniciativas. Por exemplo, 53% dos eleitores disseram que a decisão do magnata de enviar tropas da Guarda Nacional para as cidades foi longe demais, em comparação com apenas 33% que disseram que ela “foi adequada”.
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Uma porcentagem semelhante disse o mesmo sobre pressionar faculdades e universidades a adotar novas políticas, pressionar empresas a tomar decisões específicas e a ação de Trump em relação à aplicação da lei de imigração.
População majoritariamente contra pressão às mídias
Mais de 60% dos eleitores — incluindo um quarto dos republicanos — estavam preocupados com o fato de Trump ter ido longe demais ao pressionar as organizações de mídia que o cobriam de forma desfavorável. 70% dos eleitores com menos de 45 anos e dos independentes afirmaram que Trump havia exagerado ao reprimir as empresas de mídia.
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As decisões de Trump em relação às organizações de mídia provaram ser as mais impopulares na pesquisa. Mais da metade dos republicanos — 57% — e 77% dos eleitores em geral se opuseram à ideia de revogar as licenças das emissoras de televisão que criticam Trump.
— Acredito muito na liberdade de expressão — disse Isaiah Moreno, 25, que é de Pueblo, Colorado, trabalha em uma concessionária de caminhões e votou em Trump em 2024 principalmente por causa da economia. — Qualquer pessoa deve poder dizer o que pensa, e não acho que deva ser repreendida por isso.
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Mais eleitores (51%) disseram estar preocupados com a possibilidade de Trump usar a Guarda Nacional para intimidar rivais políticos do que aqueles que disseram estar preocupados com a criminalidade nas grandes cidades sem a intervenção da Guarda (42%).
No entanto, na questão mais ampla — se Trump está excedendo os poderes que lhe são conferidos — a opinião permaneceu estável em 54% dos que disseram que ele está excedendo sua autoridade, tanto em abril quanto hoje.
A base republicana, em particular, está apoiando o exercício do poder por Trump.
Questionados se as agências governamentais independentes devem fazer suas próprias políticas, os eleitores em geral disseram que sim, 63% contra 29%. No entanto, os republicanos disseram o oposto, com 59% afirmando que o presidente deveria poder anular essas agências.
Em outras questões, a pesquisa revela uma dinâmica complicada nas opiniões dos eleitores sobre as políticas de Trump. Em muitos casos, as políticas são um tanto populares, mesmo que os eleitores questionem a implementação delas por parte do governo.
Maioria aprova causas, não métodos
O presidente, por exemplo, recebeu seus maiores índices de aprovação na pesquisa sobre o combate ao crime (48% de aprovação contra 47% de desaprovação). No entanto, os eleitores se opuseram ao envio de tropas da Guarda Nacional para Washington por quase 10 pontos percentuais.
— É uma solução, mas gostaria que fosse menos agressiva — disse Devin Sullivan, 29, um independente em Charlotte, Carolina do Norte, que se inclina para o Partido Republicano, mas não se alinha a nenhum partido, embora apoie a abordagem de Trump em relação ao crime.
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No tema da imigração, o resultado foi semelhante. Para 51% dos entrevistados, o governo estaria expulsando sobretudo pessoas que “deveriam ser deportadas”. Já 54% declararam apoiar a remoção de imigrantes em situação irregular nos EUA — entre eles, quase 20% de democratas.
Ao mesmo tempo, uma pequena maioria dos eleitores disse que o processo de deportação do governo Trump tinha sido, em grande parte, injusto, e a maioria achava que Trump tinha ido longe demais na aplicação da lei de imigração.
Apoio partidário na economia
Talvez o ponto mais positivo da pesquisa para Trump tenha sido a consolidação de seu apoio entre os republicanos em relação à economia, mesmo que os eleitores em geral tenham dúvidas sobre sua gestão dos cofres públicos.
Cerca de metade dos republicanos, 51%, agora afirma que as políticas de Trump os ajudaram pessoalmente, contra 36% em abril. E 32% dos eleitores em geral agora afirmam que ele melhorou a economia, contra 21% em abril. O número permanece baixo no geral porque os independentes acreditam, por uma margem de 20 pontos, que Trump piorou a situação.
A disputa hipotética entre democratas e republicanos nas eleições intermediárias de 2026 também permanece inalterada. Tanto em abril quanto em setembro, 47% dos eleitores disseram que prefeririam votar em um democrata no próximo ano — um pouco mais do que aqueles que disseram que prefeririam um republicano.
Aqui estão os principais pontos sobre o método da pesquisa do New York Times e da Universidade de Siena:
- A pesquisa foi realizada entre 1.313 eleitores registrados em todo o país, de 22 a 27 de setembro de 2025.
- Esta pesquisa foi realizada em inglês e espanhol, por telefone, com entrevistadores ao vivo e por mensagem de texto. No total, 99% dos entrevistados foram contatados por seus celulares. Você pode ver as perguntas exatas que foram feitas e a ordem em que foram feitas aqui.
- Os eleitores são selecionados para a pesquisa a partir de uma lista de eleitores registrados. A lista contém informações sobre as características demográficas de cada eleitor registrado, permitindo-nos garantir que alcançamos o número certo de eleitores de cada partido, raça e região. Para esta pesquisa, os entrevistadores fizeram mais de 152.000 ligações ou enviaram mensagens de texto para mais de 56.000 eleitores.
- Para garantir ainda mais que os resultados reflitam toda a população votante, e não apenas aqueles dispostos a participar de uma pesquisa, damos mais peso aos entrevistados de grupos demográficos sub-representados entre os entrevistados da pesquisa, como pessoas sem diploma universitário.
- A margem de erro da amostra entre o eleitorado que provavelmente votará em novembro é de cerca de mais ou menos 3,2 pontos percentuais. Em teoria, isso significa que os resultados devem refletir as opiniões da população em geral na maioria das vezes, embora muitos outros desafios criem fontes adicionais de erro.