Após a conquista inédita da Copa do Mundo, na China, e de derrubar o presidente da Associação Chinesa de Tênis de Mesa, o brasileiro Hugo Calderano tem futuro aberto. O mesatenista está disposto a experimentar situações diferentes, planejar melhor sua vida e chegar em Los Angeles-2028 com uma nova chance de pódio.
Em entrevista para jornalistas do Brasil, Calderano disse que quer mais tempo para si mesmo e que pretende balancear sua rotina intensa no esporte com atividades que o ajudem a melhorar a qualidade de vida. Ele se despede do Ochsenhausen, da Alemanha, clube que defendeu por onze anos, e estuda se defenderá outra equipe ou ficará apenas com o calendário de seleções. Ele também trocou seus treinadores particulares.
— A minha prioridade continua sendo o tênis de mesa. Mas acho importante fazer com que esses campeonatos não sejam tão duros. A ideia é passar mais tempo no Brasil entre competições, com pessoas que eu gosto, ou levá-las comigo. São mudanças pequenas, nada muito radical, mas acho importante estar rodeado das pessoas que me fazem feliz — disse o mesatenista que neste domingo já estará em ação novamente.
Ele disputará o segundo jogo das semifinais da Bundesliga pelo Ochsenhausen contra o Saarbrückenen TT. O Ochsenhausen, que venceu o primeiro confronto por 3 a 0, pode finalizar a série e avançar à final. Mas, se Saarbrücken vencer, o terceiro confronto será na próxima quarta-feira, em Ochsenhausen. A final do torneio alemão será em confronto único em junho.
Esse será o último torneio de Calderano pelo clube, com o qual conquistou dois títulos da Copa da Alemanha (2018/2019 e 2024/2025) e uma Bundesliga (2018/2019).
Depois deste compromisso, Calderano terá o Campeonato Mundial, entre 17 e 25 de maio, em Doha, no Catar, pela seleção brasileira. Só então, começará a desenhar seu futuro.
Em um primeiro momento, Calderano manterá seu apartamento em Ochsenhausen. Disse que continuará a morar na Europa e que quer conhecer outros centros de treinamentos.
— Ainda não tenho nada confirmado. Essa decisão foi justamente pensando em tempo de estar mais tranquilo, ter um pouco mais de liberdade. Coloquei o objetivo pós-Olimpíada de brigar por títulos com Ochsenhausen por toda a historia que a gente teve juntos. Ano que vem vai ser bom jogar menos por um clube ou até ficar sem clube — declarou Calderano — Olhando para este novo ciclo, ainda tenho muitos anos de carreira mas não sou tão novo assim, tenho de cuidar da minha saúde fisica e mental e viver melhor. A gente passa muito tempo na Ásia, este é um esporte individual, mais solitário, estou sempre viajando. E jogo melhor quando estou feliz, solto e alegre. Agora tenho como objetivo curtir mais as competições e minha vida em geral. Não pode ser simplesmente um sacrifício total. Dá para ter uma abordagem diferente, dá para equilibrar um pouco mais.
Calderano deixa claro que a conquista da Copa do Mundo não o deixou satisfeito, ao contrário. Disse que quer vencer de novo, se manter entre os melhores do mundo, ter nova chance de medalha olímpica e, claro, derrotar novamente os chineses.
Na Copa do Mundo, disputada em Macau, na China, ele venceu os três melhores tenistas do mundo que são chineses, incluindo o Lin Shidong, número 1. Desde 2005, o ouro deste torneio ficava com um atleta chinês. Calderano é o primeiro mesatenista não asiático e não europeu a vencer esta competição.
Comenta-se que sua façanha derrubou o então presidente da Associação Chinesa de Tênis de Mesa, Liu Guoliang. Ele já era pressionado desde Paris-2024, quando pela primeira vez desde 2004 a final masculina de simples não foi disputada entre dois atletas da China. Logo após a vitória de Calderano, ele renunciou ao cargo e foi substituído por Wang Liqin, eleito pelos membros da entidade.
— Esse título foi o maior marco da minha carreira. Mas logo depois eu já estava com vontade de fazer isso de novo, brigar com os chineses no Mundial mês que vem, na próxima Olimpíada. Sempre acreditei que era possível, mas esse título me mostrou ainda mais isso — disse o brasileiro, que em Paris-2024 perdeu a chance de ser medalhista olímpico quando foi superado nas semifinais e depois na disputa pelo bronze.
Calderano também não sabe ainda como ficará a sua comissão técnica. Ele comentou que não conta mais com Michel Blondel nem Jean-René Mounie (treinadores). Também dispensou Mikael Simon e Xavier Moreau (preparadores físicos). No Mundial, ele contará com Thiago Monteiro, técnico da seleção brasileira.
— Se encerrou um ciclo com o Ochsenhausen, foram muitos anos no clube e a gente brigando pelas primeiras colocações na liga alemã. Minha equipe pessoal de treinadores e de preparadores físicos saíram, muitos dos atletas se mudaram para outros clubes. Ochsenhausen foi muito bom para mim, aproveitei ao máximo mas agora nessa fase eu preciso reconstruir minha equipe e ainda não sei como vai ficar. Com o Thiago Monteiro funcionou muito bem, mas não sei… Ainda vou experimentar CTs diferentes. É importante valorizar o meu bem estar, quero passar mais tempo em lugares com sol… Isso faz falta, quando tem sol, eu chego mais feliz para treinar — disse ele, ao lembrar que em Ochsenhausen é muito frio e chove com frequência.
