‘Assumir minhas metamorfoses, inclusive as mais dolorosas’

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A vida de Wanessa sempre foi marcada pela metamorfose, e ela aprendeu a ver isso como um processo de coragem, e não de instabilidade. Para a cantora, a mudança não é fraqueza, mas uma parte essencial da jornada de autodescoberta.

“A mulher é ensinada a temer a instabilidade, mas, na verdade, é nas mudanças que a gente se descobre inteira. Assumir minhas metamorfoses, inclusive as mais dolorosas, foi o maior ato de amor-próprio que já pratiquei”, explica.

Em sua trajetória, houve um ponto de inflexão quando Wanessa se deu conta de que, para ser uma artista autêntica, ela precisava primeiro abraçar a mulher que era.

“Durante muito tempo eu vivi para corresponder à filha, à cantora, à figura pública. O momento em que comecei a cuidar de mim, com todas as minhas dores, medos e imperfeições, foi quando parei de buscar aprovação. Hoje, o palco é uma extensão do que eu sou, não um escudo. A artista existe porque a mulher finalmente se encontrou”, revela.

Wanessa também relata como participar de programas como “Dança dos Famosos” e “Big Brother Brasil 25” foi crucial para o seu processo de autoaceitação,

“O Dança dos Famosos me despiu de qualquer personagem. Foi um exercício de entrega, de olhar para mim sem filtros. Mostrei minhas fragilidades em rede nacional e isso me libertou. Aprendi que vulnerabilidade não é fraqueza, é humanidade”, conta.

A música sempre foi um lugar de refúgio e expressão para Wanessa, mas a artista agora percebe que a verdadeira liberdade está em poder ser dona da própria narrativa:

“A música sempre foi meu refúgio, o lugar onde posso ser tudo o que sou. Hoje, ter autonomia criativa é poder escolher o que quero dizer e como quero ser vista. É não ter medo de misturar sons, estilos, verdades.”

Outro ponto importante da conversa foi o papel de Wanessa na luta pela representatividade, especialmente em sua relação com a comunidade LGBTQIA+.

“Minha relação com a comunidade LGBTQIA+ é de afeto, respeito e gratidão. Eles me acolheram quando eu ainda estava me entendendo como artista e como pessoa. Ser aliada é estar presente, ouvir, aprender e usar minha voz para amplificar as deles”, diz.

A artista revela ainda que precisou abandonar antigos medos para se abrir para o renascimento:

“Precisei deixar ir a necessidade de agradar, o medo de decepcionar. Deixei para trás a menina que acreditava que precisava ser perfeita para ser amada. Essa minha nova versão é mais leve, mais honesta, mais inteira. Metamorfose é sobre isso: morrer para aquilo que não serve mais, para renascer em verdade.”

Quando questionada sobre o que diria à Wanessa de 2000, a cantora faz uma reflexão profunda sobre as dificuldades do início da carreira.

“Eu diria: ‘Calma, você não precisa provar nada para ninguém. O tempo vai te ensinar que ser sensível não te faz fraca, te faz humana. Erre, recomece, se perdoe. Um dia você vai olhar para trás e entender que tudo, até as dores, foi essencial para chegar aqui’.”

Em um mundo dominado pelas redes sociais, onde a pressão é constante, Wanessa descreve como tem encontrado equilíbrio para manter sua verdade.

“Minha fortaleza vem da fé, da terapia, da família e da arte. Aprendi a me proteger sem me fechar. As redes sociais amplificam vozes, mas também ruídos. Então me concentro no essencial: o que é verdadeiro para mim. Quando a gente tem propósito, o barulho externo deixa de nos definir”, observa.

Por fim, Wanessa fala sobre o legado que deseja deixar para as mulheres que a acompanham, especialmente aquelas que buscam se reinventar.

“Quero deixar como legado a coragem de ser imperfeita. Que as mulheres que me acompanham sintam que podem se reinventar quantas vezes quiserem, que podem se perdoar, se reconstruir e continuar acreditando no amor por elas mesmas e pela vida. Ser mulher é renascer todos os dias”, conclui.