Quem olhasse apenas para o gramado do Mané Garrincha, poderia concluir que a distância do Vasco em relação aos reais candidatos ao título brasileiro não parece tão grande. Mas há momentos em que o campo não conta tudo. Porque uma coisa é a história dos 90 minutos da partida contra o Palmeiras. Outra é o contexto que cerca o time.
Não é um equívoco dizer que o Vasco fazia jogo parelho contra um gigante no cenário brasileiro atual, ao menos até o erro de Hugo Moura numa saída de bola oferecer ao adversário o único gol do jogo. Aliás, no primeiro tempo, a partida pareceu acontecer de uma forma que interessava mais aos vascaínos do que aos palmeirenses.
No entanto, um jogo assim não basta para dizer que a perspectiva na temporada é de recuperação. Porque, para dizer isso, seria preciso olhara para o tal contexto. E este preocupa. O Vasco é um clube em clara dificuldade financeira, cujo controle e aporte de dinheiro na SAF que gere o futebol é uma imensa interrogação. O que vai além dos problemas de formação de elenco. Ontem, em nome de uma cota da qual não pode abrir mão, tirou um jogo dos mais desafiadores de São Januário, onde costuma se fortalecer a ponto de compensar carências.
A gestão técnica também é atribulada. O clube iniciou o ano com um treinador que, todos sabiam, tinha ideias de jogo que estavam distantes de combinar com o ideário do presidente. Era uma bomba relógio que só não seria detonada em caso de atuações ou resultados muito convincentes. Como não veio uma coisa, nem outra, o Vasco tem hoje um interino.
Mas quem é ele? É Felipe Loureiro, nomeado em junho passado diretor técnico. O Vasco tem auxiliares técnicos permanentes, aqueles que ficam no clube quando o treinador de turno é demitido. Mas optou pelos tantos riscos de colocar à beira do campo o diretor técnico, aquele que num organograma é um superior hierárquico ao treinador que vier a assumir.
Não seria sequer justo acusar Felipe de ter como ambição competir pelo cargo de próximo técnico. Mas este já seria um aspecto desconfortável da decisão. A questão maior são os efeitos disso. Não se sabe quanto tempo Felipe ficará como interino. E se os resultados não vierem, bem como o desempenho, quem se fragiliza é Felipe, o diretor. E, no fim das contas, caberá a ele gerenciar e cobrar resultados e desempenho da próxima comissão técnica.
Em meio a tudo isso, o jogo de ontem reforçou uma sensação incômoda. É como se o Vasco tivesse, de vez, aceitado que seu campeonato não inclui duelar com as principais forças. Assim como fizera contra o Corinthians, poupou nomes de peso. Ontem, Vegetti e Coutinho não atuaram, algo como descartar um jogo em que é difícil vencer, usando a ocasião para descansar suas armas para partidas mais acessíveis.
No fim, quase funcionou. Porque foi a campo uma formação com mais vigor – e menos gol, naturalmente. O Vasco se defendeu bem contra um Palmeiras que tinha pouca imaginação. E ainda tinha um caminho que lhe permitiu incomodar os paulistas pelo lado esquerdo. Loide Augusto fez seu melhor jogo no clube, e levava vantagem não só nos duelos diretos contra Giay, mas atacando espaços entre o lateral e Gustavo Gomez. No meio-campo, a formação um pouco mais robusta equilibrava os duelos. O Vasco competia.
Mas nem a sorte anda ajudando. Ao perder Loide — e Lucas Freitas — no primeiro tempo, viu Garré não oferecer a mesma ameaça pela esquerda. De todo modo, o jogo escapou mesmo do controle após a saída de bola errada que resultou no gol de Vítor Roque.
O Vasco até poderia ter pontuado em Brasília. Mas o que o separa, hoje, dos melhores times do país, é um caminho mais longo do que o campo mostrou.
A queda da invencibilidade do Flamengo passou, primeiro, por um ótimo Cruzeiro, um dos times que melhor enfrentou a saída de bola rubro-negra, defendeu bem e tinha claras ideias ao sair rápido para o ataque. A jornada teve, ainda, atuações ruins de Léo Pereira e De La Cruz, além de um Gerson esgotado. As mexidas de Filipe Luís não funcionaram, e a opção por Bruno Henrique como alternativa a Pedro, outra vez, se revelou ineficiente.
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Há quem colecione selos, outros antiguidades ou até figurinhas. Já Arias coleciona partidas em que carrega o Fluminense nas costas. No sábado, chamou atenção a paupérrima exibição ofensiva do tricolor, com pouquíssimas ideias de como superar a defesa do Sport. Restavam os lances individuais do colombiano, autor dos passes para os gols de Serna e de Everaldo. O Fluminense de Renato Gaúcho precisa melhorar.
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Justamente quando deu sinais de evolução e achou um esboço de time que poderia engrenar, o Botafogo perdeu três titulares: um deles, Savarino, peça vital no ataque. Contra o Bahia, o alvinegro até teve bons momentos diante de um adversário forte. No segundo tempo, teve volume até se expor demais após as substituições. Mas a sensação é de que Renato Paiva terá que encontrar novas soluções para lidar com os desfalques.