Uma cena incomum chamou atenção no Aeroporto Internacional Meacham, em Fort Worth, no estado americano do Texas. Um dos quatro E-4B Nightwatch da Força Aérea dos Estados Unidos — aeronave apelidada de “Avião do Juízo Final” por seu papel estratégico em crises nucleares — foi registrado sem a pintura tradicional. No lugar do branco com faixas azuis, a fuselagem apareceu coberta por um revestimento verde, comum em aviões em processo de manutenção.
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O flagrante foi feito pela fotógrafa Tori Mae Fontana. Segundo ela, o E-4B usava o indicativo de chamada “Spice 98” e estava sob os cuidados da empresa International Aerospace Coatings (IAC), responsável por trabalhos de pintura em outras aeronaves do mesmo tipo.
Derivado do Boeing 747-200, o E-4B é considerado um dos aviões mais estratégicos da Força Aérea dos Estados Unidos. Criado na década de 1970, o modelo funciona como um centro de comando aéreo de alta sobrevivência, capaz de operar em cenários extremos, incluindo ataques nucleares. Por isso, ganhou o apelido de “Avião do Juízo Final”.
Com proteção contra pulsos eletromagnéticos e blindagem térmica, o jato pode manter comunicações globais mesmo diante da destruição de centros de comando em terra. Entre suas funções estão coordenar as Forças Armadas em situações de emergência, transmitir ordens de guerra e servir como plataforma de continuidade do governo americano.
Segundo a própria Força Aérea, o E-4B pode voar por 12 horas sem reabastecimento, capacidade estendida por reabastecimento aéreo. O interior da aeronave é dividido em áreas de comando, conferência, comunicações, operações e descanso, acomodando até 111 pessoas, incluindo equipes militares, técnicos e assessores.
Embora projetado para situações extremas, o E-4B também é usado em missões regulares. O secretário de Defesa dos EUA frequentemente recorre ao modelo em viagens internacionais, onde chega a realizar entrevistas coletivas a bordo.
Cada uma das quatro aeronaves disponíveis integra o National Airborne Operations Center (NAOC), sediado na Base Aérea de Offutt, em Nebraska. Pelo menos um dos jatos permanece em alerta contínuo desde 1975, pronto para decolar a qualquer momento.
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O custo de produção de cada unidade foi estimado em US$ 223,2 milhões (em números de 1998), segundo dados da própria Força Aérea. Em 2022, foi inaugurado um simulador de US$ 9,5 milhões para treinamento de pilotos, engenheiros de voo e tripulações.
Apesar do papel estratégico, a idade da frota preocupa os militares. Os quatro E-4B foram construídos a partir de aeronaves comerciais entregues ainda nos anos 1970. Para garantir a continuidade do programa, a Força Aérea iniciou a substituição gradual pelos futuros E-4C, adaptados a partir de fuselagens do Boeing 747-8 adquiridas da Korean Air.
As conversões estão a cargo da Sierra Nevada Corporation, que já iniciou testes de voo. Não há prazo oficial para a entrada em operação dos novos modelos, mas a expectativa é que eles mantenham as mesmas funções vitais dos atuais “Aviões do Juízo Final”.