Daqui a duas semanas, a Praia de Copacabana deve ser tomada por 1,6 milhão de pessoas. Essa é a multidão esperada para ver de perto a cantora Lady Gaga, em show gratuito na altura do Posto 2. Até a Mother Monster, como seus fãs a chamam, subir ao palco de 1,26 mil metros quadrados, a estrutura vai ganhando forma diante do Copacabana Palace. Guindastes e operários trabalham dia e noite, desde o último dia 7, para entregar tudo pronto na semana da apresentação, marcada para 3 de maio. Enquanto a cidade vai entrando no clima, há quem aproveite para faturar: quiosques chegam a cobrar R$ 2,5 mil por ingressos individuais na noite do show, enquanto a plataforma Airbnb viu as buscas por acomodações no Rio crescerem mais de 150 vezes em relação ao mesmo período do ano anterior: é o “efeito Gaga”.
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Nos últimos dias, no fim da noite, as pistas da Avenida Atlântica têm sido fechadas para a instalação de uma passarela que ligará o Copacabana Palace até o palco. A mesma estrutura foi montada no réveillon, assim como nos shows da rainha do pop Madonna, em maio do ano passado, e do DJ Alok, na comemoração do centenário do hotel, em agosto de 2023. Ao todo, quatro mil pessoas estão envolvidas na preparação do show, informa a organização do evento.
O palco estará a 2,20 metros da areia, para o público conseguir ver bem a diva, e contará com um megapainel de LED de última geração. Na praia, também serão instalados outros dez telões.
Já na entrada do Túnel Coelho Cintra (Túnel Novo), que liga o Rio Sul à Avenida Princesa Isabel, foi instalado ontem um painel de mais de 70 metros de largura, com o nome da cantora, seu rosto, além da data do evento. O banner cobre os acessos das duas galerias do túnel e chama a atenção de quem se desloca entre Botafogo e Copacabana.
Diante desse clima, o bancário Giovane Machado, de 32 anos, desembarcou no Rio ontem, vindo da cidade de São Paulo. Enquanto tomava um chope num quiosque com o palco ao fundo, ele — ainda acompanhado pelas malas — contou que seu desejo de ir ao show só aumentou depois de pisar em Copacabana, onde passará o feriadão. A passagem de volta está marcada para terça-feira. Fã de Lady Gaga, ele ainda não bateu o martelo se voltará ao Rio no primeiro fim de semana de maio.
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— Ainda estou planejando. Agora está dando mais vontade de vir, ainda mais com a animação da galera, vendo a estrutura do palco, os caminhões (em meio à montagem do palco). Dá para ver que a cidade está entrando no clima — conta Giovane, que cogita se juntar a amigos que já decidiram vir para Copacabana para ver a estrela.
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O bancário paulistano é um dos fãs frustrados que, em 2017, viram a cantora cancelar seu show no Rock in Rio por conta de uma fibromialgia. Daquela vez, ele desistiu de ir ao festival e pediu reembolso. Lá se vai mais de uma década desde a última vez que ela se apresentou no Rio: foi em 2012. Agora, a torcida é para que esse bad romance tenha um final feliz.
— Desta vez, ela tem que vir. A expectativa está muito maior — conclui Giovane.
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Os quiosques posicionados mais perto do palco — instalado na altura da Rua Rodolfo Dantas — se organizam para, assim como na virada do ano, oferecer aos clientes uma espécie de área VIP. Com grades em volta dos estabelecimentos, a maioria irá cobrar ingresso.
A maior parte da divulgação tem sido feita por meio de anúncios e postagens nas redes sociais, apesar de ainda haver uma ou outra placa anunciando a “festa monster”, como avisa o Samba Social Clube, que fica na altura da Avenida Princesa Isabel. Gabriel Muniz, gerente do estabelecimento, informa que uma das vantagens que oferece aos clientes é o acesso a um banheiro exclusivo e que, antes e depois do show, haverá um DJ, que pode tocar até um sambinha, para manter a essência do comércio. A entrada, que não tem consumação inclusa, custa R$ 250. Metade dos ingressos disponíveis já foi vendida, estima o gerente.
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Conforme se aproxima do palco, o cliente também vai se deparando com valores maiores. No quiosque Morena, na altura da Rua Ronald de Carvalho, o ingresso está saindo por mil reais, com consumação liberada.
Já nos vizinhos Areia MPB e Nacho, que ficam entre as ruas Duvivier e Rodolfo Dantas, as vendas já estão no segundo lote: uma entrada atualmente está em R$ 1,3 mil, com comida e bebida liberadas. O cardápio tem refrigerante e chope, assim como caipirinha e caipivodca. Para comer, as pedidas são bolinhos de bacalhau, quibes e bolinhas de queijo, assim como picadinho de carne, guacamole com nachos e brownie.
O terceiro lote, que não teve o preço divulgado, deve ser lançado na semana do show. Hoje, dos cerca de 250 lugares disponíveis, somando-se a capacidade dos dois quiosques, cerca de cem já foram vendidos.
— Você está pagando, pode comer e beber em paz, enquanto quem está fora (do quiosque) não tem muita segurança — afirma Paula Cunha, supervisora do Nacho e do Areia MPB. — Pode-se dizer que é um réveillon fora de época.
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Os quiosques Cabanna e Palace, em frente à Rodolfo Dantas, com vista mais privilegiada para o palco, vendem entradas por R$ 2,5 mil. No Palace, que está no segundo lote, o ingresso dá direito a frios, salgadinhos, espetinhos e filé com fritas, além de cerveja, caipirinha, uísque e gim tônica. No Cabanna, o cardápio é parecido, mas com cachorro-quente e batatas fritas, além dos salgadinhos.
Números do HotéisRIO divulgados esta semana apontam para alta procura na Zona Sul. A partir das reservas já feitas, calcula-se 83,6% de ocupação nos quartos da região de Copacabana e do Leme no período do show, enquanto a taxa será de 82,1% em Ipanema e no Leblon. A tendência é que a lotação aumente mais perto do dia 3.
Já o Airbnb, que registra alta movimentação após o anúncio do show da cantora pop, aponta para procura 150 vezes maior — apesar de não divulgar o número exato de pessoas — que no mesmo período do ano passado, considerando buscas para check-in entre 30 de abril e 3 de maio, e com check-out entre 3 e 6 de maio. Copacabana é apontada pela plataforma como o “epicentro das buscas”, representando metade das pesquisas. Já entre os little monsters, como são chamados os fãs de Lady Gaga, que já garantiram suas reservas, a maioria deles (47%) tem entre 25 e 30 anos. Em seguida, vêm os da faixa entre 31 e 40 anos (31%) e o que têm de 18 a 24 anos (14%).
Dados da plataforma indicam ainda que as principais cidades de origem dos hóspedes são São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba e Brasília. Já entre os estrangeiros, a maioria vem de Chile, Argentina e Estados Unidos. A prefeitura calcula que o show movimente cerca de R$ 600 milhões na economia da cidade.
— A Riotur tem conduzido com grande competência a organização do show, que certamente será um marco para a cidade — diz Carlos Werneck, presidente-executivo do Visit Rio.

