Um bombardeio israelense atingiu o hospital Al Ahli, na Cidade de Gaza, neste domingo, causando graves danos a uma das poucas instalações médicas ainda em operação no enclave. O Exército de Israel afirmou que o ataque tinha como alvo um “centro de comando” do grupo terrorista Hamas, que estaria funcionando dentro do hospital. Segundo o jornal britânico Guardian, uma menina morreu durante a evacuação, pois a equipe médica não conseguiu prestar atendimento devido ao ataque.
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Em comunicado oficial, Israel declarou que tomou medidas para reduzir os danos a civis antes do ataque, justificando que o complexo era utilizado por militantes para planejar ataques. O Hamas, por sua vez, condenou o ataque, classificando-o como “um novo crime de guerra” cometido por uma “entidade criminosa que violou todas as leis, regras e normas humanitárias”.
Administrado pela Diocese de Jerusalém, o hospital condenou o bombardeio, ressaltando que ocorreu justamente no “Domingo de Ramos, início da Semana Santa, a semana mais sagrada do ano cristão”. A instituição lamentou o impacto na unidade, que teve seu prédio cirúrgico destruído e perdeu sua estação de produção de oxigênio para terapia intensiva, segundo a Defesa Civil palestina.
O funcionário do Ministério da Saúde de Gaza, Mounir Al Barsh, afirmou que o hospital Al Ahli “parou de funcionar” após o bombardeio. Imagens divulgadas pela agência AFP mostraram blocos de concreto e metal retorcido no local, além de um grande buraco causado pela explosão.
— Quando chegamos ao portão do hospital, eles o bombardearam, houve uma explosão enorme — contou Naila Imad, de 42 anos. — Meus filhos e eu estamos desabrigados. Já fomos deslocados mais de 20 vezes, não sabemos mais para onde ir; o hospital foi o último recurso.
O diretor do Hospital Al-Ahli, Fadel Naim, afirmou que foram avisados sobre o ataque momentos antes de ele ocorrer. Em uma publicação no X, ele escreveu que a sala de emergência, a farmácia e os edifícios ao redor foram severamente danificados, afetando mais de 100 pacientes e dezenas de profissionais de saúde.
Este é o segundo grande ataque contra o hospital Al Ahli desde o início do conflito. No primeiro, centenas de pessoas morreram. Na ocasião, o governo israelense negou responsabilidade e apontou o grupo Jihad Islâmica como autor do disparo que atingiu o local.
Hospitais, protegidos pelo direito internacional humanitário, têm sido repetidamente atingidos por ataques israelenses na Faixa de Gaza desde o início da guerra entre Israel e o Hamas em 7 de outubro de 2023. Os militares israelenses também acusaram o Hamas de incorporar operações militares em hospitais e prédios civis, o que o grupo terrorista negou.
Horas depois, outro ataque aéreo israelense atingiu um veículo em Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza, matando sete pessoas, sendo seis irmãos.
O Exército israelense também afirmou que alvejou outro centro de comando e controle na região de Deir al-Balah, onde muitos militantes do Hamas estariam presentes e planejavam realizar um ataque. Esse ataque, no entanto, não teve relação com o bombardeio ao carro na mesma área.
Os ataques ocorreram horas depois de o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, afirmar que as operações militares se expandiriam rapidamente por toda Gaza e que a população teria de sair das “zonas de combate.”
No sábado, Israel disse que havia concluído a tomada de uma nova “zona de segurança” que isola a cidade de Rafah, no sul, do resto de Gaza, parte de uma operação israelense mais ampla para estabelecer e expandir uma zona de segurança no extremo sul de Gaza, onde os palestinos estão proibidos de entrar.
As autoridades israelenses prometeram manter a pressão sobre o Hamas para libertar os 59 reféns restantes – dos quais 24 são considerados vivos – e aceitar os novos termos de cessar-fogo propostos. (Com AFP)