- Contexto: Número de mortos em Gaza sobe para 400 após retomada de ataques por Israel, dizem autoridades palestinas
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O novo balanço foi divulgado pela autoridade constituída em Gaza após novos bombardeios de Israel contra o território, considerando os números registrados até o meio-dia (7h em Brasília) desta quarta. Em um balanço divulgado na terça-feira, o número de mortos era de 400, mas as fontes palestinas já alertavam que muitas pessoas haviam ficado presas sob escombros de construções que desabaram.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, advertiu na terça-feira que os bombardeios eram “apenas o começo”, defendendo a pressão militar como essencial para garantir a liberação dos reféns ainda nas mãos do Hamas. A medida agradou sobretudo a direita radical do país, com o anúncio do retorno do partido de Itamar Ben Gvir, extremista que havia abandonado o governo em razão do cessar-fogo, à coalizão de Netanyahu. Grande parte da população civil, porém, ficou contra a agressão.
Milhares de manifestantes vaiaram Netanyahu em Jerusalém nesta quarta, na maior manifestação dos últimos meses organizada por grupos de oposição em frente ao Parlamento israelense. O ato contou com a participação de familiares dos reféns mantidos em Gaza, e criticava tanto a retomada dos bombardeios e interrupção da negociação para recuperação dos cativos, quanto pela destituição do Shin Bet, Ronen Bar — que o premier disse ser uma medida em resposta ao fracasso do serviço de inteligência de prevenir o atentado de 7 de outubro, mas que também foi apontado como uma tentativa do governo de ganhar o controle sobre diferentes setores do Estado.
— Esperamos que todo o povo de Israel se una ao movimento e continue até que a democracia seja restabelecida e os reféns sejam libertados — disse Zeev Berar, de 68 anos, que viajou de Tel Aviv para participar do protesto, onde manifestantes gritaram frases de ordem como “Você é o chefe, você tem a culpa” e “Você tem sangue nas mãos”, e exibiram cartazes com dizeres como “Todos somos reféns” e “Salvem Israel de Netanyahu.
Pelo lado palestino, um dos dirigentes do Hamas, Taher al Nunu, afirmou nesta quarta que o grupo não “fechou a porta” para as negociações, mas insistiu que “não há necessidade de novos acordos” e que Israel deve ser obrigado a aplicar os termos existentes.
— Já existe um acordo, assinado por todas as partes — afirmou Nunu. — Não precisamos de condições prévias, mas exigimos que [Israel] seja obrigado a cessar imediatamente [as hostilidades] e inicie a segunda fase das negociações.
Ao contrário do acordo em três fases, que evoluiria de uma troca de reféns por prisioneiros palestinos para um processo de paz duradoura e retirada total das forças israelenses de Gaza, tanto o governo do Estado judeu quanto mediadores americanos tentaram patrocinar a ideia de uma extensão da primeira fase (que previa apenas a troca de reféns e trégua dos combates) até abril, com a total libertação dos reféns — o que o Hamas rejeitou, sob argumento de que não teria garantias de que os combates não seriam retomados em seguida.
Das 251 pessoas sequestradas pelo Hamas durante o ataque de 7 de outubro de 2023 contra o território israelense, 58 permanecem em Gaza. Acredita-se que ao menos metade deles já estejam mortos. (Com AFP)