A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH) divulgaram, nesta quinta-feira, novas diretrizes para diagnóstico de hipertensão arterial no país.
Com as mudanças, a pressão a partir de 12 por 8 (120 mmHg sistólica e/ou 70 mmHg diastólica) passa a ser considerada um quadro de pré-hipertensão, de alerta para os médicos. Já a hipertensão arterial oficial segue sendo a partir de 14 por 9 (140 mmHg sistólica e/ou 90 mmHg diastólica).
Segundo o documento, “essas alterações buscam identificar precocemente indivíduos em risco e incentivar intervenções mais proativas para prevenir a progressão para hipertensão arterial”.
Nova classificação da pressão arterial
Classificação da PA | PAS (mmHg) | PAD (mmHg) | |
PA normal | < 120 | e | < 80 |
Pré-hipertensão | 120–139 | e/ou | 80–89 |
HA Estágio 1 | 140–159 | e/ou | 90–99 |
HA Estágio 2 | 160–179 | e/ou | 100–109 |
HA Estágio 3 | ≥ 180 | e/ou | ≥ 110 |
Nessa etapa, ainda não são necessários medicamentos, mas sim mudanças de estilo de vida, como não fumar, ter hábitos alimentares saudáveis, perder peso para o IMC ficar entre 18 e 24 kg/m2, reduzir ingesta de sal e aumentar a de potássio, realizar atividade física, diminuir o consumo de álcool e controlar o estresse.
No entanto, se o paciente pré-hipertenso já estiver com a pressão acima de 13 por 8, tiver alto risco cardiovascular e não conseguir controlá-la com três meses de mudanças nos hábitos, os remédios passam a ser indicados. O objetivo geral é que todos os pacientes estejam sempre com a pressão abaixo de 13 por 8, independentemente da idade ou de doenças associadas.
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As novas diretrizes acompanham mudanças semelhantes feitas na Europa e nos Estados Unidos. No ano passado, a Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC, da sigla em inglês) definiu que uma pressão a partir de 12 por 7 passava a integrar uma categoria nova chamada de “pressão elevada”, que vem antes da hipertensão propriamente dita. A classificação já era utilizada nos EUA desde 2017.
As alterações seguem evidências científicas mais recentes que mostraram que os efeitos na saúde dos diferentes valores que antes englobavam a faixa considerada “normal” não eram iguais. Um aumento da pressão, ainda que não suficiente para ser diagnosticado como hipertensão, já é associado a maiores riscos à saúde e pode se beneficiar de um tratamento.
O especialista do Instituto Nacional de Prevenção e Saúde Cardiovascular da Irlanda, John William McEvoy, autor das novas diretrizes europeias, resumiu na época que a mudança serve “para refletir que o risco de doenças cardiovasculares atribuível à pressão alta está em uma escala de exposição contínua, e não é uma escala binária de normotensão (pressão normal) versus hipertensão”.
Em 2023, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um primeiro grande relatório sobre hipertensão e apontou que 1 a cada 3 adultos no planeta tem pressão alta, porém metade não sabe e somente 1 a cada 5 segue o tratamento adequado. No Brasil, a situação é um pouco melhor: embora uma parcela maior da população adulta tenha hipertensão (45%), 62% dos pacientes realizam o tratamento.
De acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, o Brasil registrou 365.952 mortes por doenças do aparelho circulatório em 2024. Segundo as estimativas da OMS, 54% desses óbitos são atribuíveis à pressão alta como principal fator de risco.