Em tempos de dúvidas na economia, com possíveis reflexos na cultura e no turismo, os três dias em Amarante do festival gratuito Mimo é um ato de resistência em Portugal.
O país teve três megaeventos de música cancelados este ano por motivos de patrocínio, produção e local.
- Mimo Amarante: Mais democrático de Portugal, festival brasileiro vira símbolo de cidade
- Impulso econômico: Mimo vira modelo de atração de público e mão de obra em Portugal
Em outros países europeus (Alemanha, França e Reino Unido) e nos Estados Unidos e na Austrália, festivais foram cancelados ou adiados por problemas econômicos ou operacionais.
A produtora brasileira e diretora do Mimo, Lu Araújo, conhece as dificuldades e os prazeres de realizar um megaevento. Ela fundou o festival brasileiro há 22 anos em Olinda antes da expansão para Portugal.
— Realizar um festival gratuito com esta dimensão nos dias de hoje é um verdadeiro ato de resistência e compromisso com a cultura. Acreditamos na arte como ferramenta de transformação social e é isso que nos impulsiona a seguir em frente, com o mesmo entusiasmo de sempre — disse ela, completando:
— Exige comprometimento, precisão nas escolhas e apoio fundamental dos patrocinadores. É uma missão que pede coragem e constância. Mas tudo vale a pena quando vemos o impacto que gera: os efeitos sociais e econômicos positivos e a dinamização do turismo nas cidades que nos recebem.
Em 2024, segundo a prefeitura de Amarante, principal promotora do festival, cerca de 80 mil pessoas estiveram no Mimo, que atraiu turistas e movimentou a economia local.
O Mimo também ajuda a divulgar o turismo e a cultura do Brasil na Europa e a Embratur foi patrocinadora da última edição.
- No Mimo: D2 diz que rap é propaganda de refrigerante que ʽnão fascina maisʼ
Nos dias 18, 19 e 20 de julho em Amarante, a sexta edição do Mimo em Portugal terá mais de 60 eventos com artistas consagrados e emergentes, onde a música é destaque.
Anunciada na última terça-feira, a programação vai de Daddy G, do Massive Attack, ao DJ Farofa, passando pela roda de samba dos cariocas do Casuarina e dando chance para artistas de 13 países tocarem para público estimado de 70 mil pessoas.
O Mimo abre espaço para DJs que são frequentes na cena de Portugal alcançarem um público mais amplo e diversificado. É o caso das brasileiras Phephz e Djiiva e da venezuelana Caliente Isa.
Além dos já citados, estão confirmados os shows de Ana Moura e Chief Adjuah formerly Christian Scott, Gustavo Beytelmann & Philippe Cohen Solal (Gotan Project), Carlos Malta & Pife Muderno, Fogo Fogo, Momi Maiga, Mocofaia, Natascha Falcão, Juliana Linhares, Aja Monet e Roberto Fonseca.
A programação (veja completa aqui) inclui artistas do Brasil, Portugal, Reino Unido, México, Espanha, Palestina, Senegal, Estados Unidos, Venezuela, Argentina, França, Gâmbia e Cuba.