A argelina Imane Khelif, campeã olímpica de boxe nos Jogos de Paris-2024, foi aos tribunais para tentar reverter a imposição de teste de gênero ao qual vem sendo submetida pela World Boxing, a recém-criada federação mundial de boxe. Em recurso impetrado no Tribunal Arbitral do Esporte (TAS), a atleta pede a revogação de proibição que a impediu de disputar dois grandes torneios da modalidades.
No fim de maio, Khelif foi citada nominalmente assim que a World Boxing promulgou o que chamou de “nova política de sexo, idade e peso”, que entrou em vigor no dia 1º de julho e que, segundo a federação, foca em “garantir a segurança dos participantes e entregar um nível competitivo igual para homens e mulheres”. Uma das medidas nesta política é um teste genético de gênero.
No mesmo comunicado, a federação informou que Khelif estava vetada da Copa de Eindhoven (realizada em julho) e de outros eventos — incluindo Mundial da categoria, que acontece a partir do próximo dia 4, em Liverpool (Inglaterra) — até que passasse pelos testes. A federação chegou a pedir desculpas, posteriormente, por expor o caso da atleta no comunicado.
Nesta segunda-feira, o TAS informou, por meio de nota, que a boxeadora impetrou recurso pedido a revisão da proibição imposta a ela.
“O recurso, apresentado em 5 de agosto de 2025, busca anular a decisão da World Boxing que determinou que Imane Khelif ‘não poderia participar da Copa de Eindhoven e de qualquer evento da World Boxing até que se submetesse a testes genéticos de gênero’. O recurso também solicita que o TAS declare Imane Khelif elegível para participar do Campeonato Mundial de Boxe de 2025, de 4 a 14 de setembro, sem a realização do teste”, diz o TAS.
O tribunal diz ainda, que ouvirá as partes envolvidas e negou, nesta segunda-feira, uma suspensão provisória das decisões da World Boxing.
Imane Khelif foi vítima de polêmica e ataques em Paris ao disputar o torneio sob recusa de outra associação, a Associação Internacional de Boxe (IBA), em autorizá-la a disputar o Mundial de 2023. Segundo a entidade, que não apresentou os resultados dos testes de gênero, a argelina teria a combinação de cromossomos XY, masculina. A IBA havia sido desfiliada pelo Cômite Olímpico Internacional (COI) naquele mesmo 2023 por questões de governança. O comitê, por sua vez, autorizou a participação de Khelif nos Jogos.
Os ataques e discurso de ódio cresceram na estreia da argelina, quando a italiana Angela Carini abandonou a luta aos 46 segundos com dores no rosto. Mesmo sob ataques, Khelif avançou no torneio e garantiu o ouro na categoria meio-médio ao vencer a chinesa Yang Liu na final.