Autoridades de pelo menos cinco países correram no domingo para evacuar áreas baixas em preparação para quantidades recordes de chuva esperadas com o furacão Melissa, que atualmente é uma tempestade de categoria 4 que se move lentamente para o oeste no Caribe.
Haiti, Jamaica, República Dominicana, Cuba e Bahamas estavam abrindo abrigos e fazendo outros preparativos de emergência, enquanto especialistas alertavam que o furacão Melissa poderia se tornar a tempestade mais forte a atingir a costa na história registrada da Jamaica, de acordo com a Agência de Gestão de Emergências de Desastres do Caribe. A maré de tempestade na região poderia atingir 2,4 metros ou mais em áreas costeiras, informou a agência.
O sudoeste do Haiti e partes da Jamaica estavam se preparando para inundações repentinas e deslizamentos de terra “catastróficos” devido ao furacão intenso e de rápido desenvolvimento, que já matou pelo menos quatro pessoas.
Evan Thompson, diretor do Serviço Meteorológico da Jamaica, disse que condições de furacão seriam sentidas na Jamaica a partir de segunda-feira, e a tempestade deve se mover pelo país na terça-feira. Ventos fortes já estavam sendo sentidos.
“Há uma ligeira mudança na trajetória, movendo-a um pouco para oeste do que a projeção original”, disse ele. “Anteriormente, havíamos dito que o furacão causaria impacto ou tocaria a costa ao longo de Clarendon, mas agora parece estar mais deslocado para Manchester.” Ambas são paróquias na costa sul da Jamaica, com Manchester a cerca de 40 quilômetros a oeste de Clarendon. As paróquias da ilha são divididas em três condados.
Os meteorologistas disseram que as projeções de chuva eram “sem precedentes”. “Estamos prevendo que muita chuva continuará a atingir a ilha”, acrescentou o Sr. Thompson.
Em Cuba, que luta para manter a eletricidade funcionando mesmo em condições de tempo seco, as autoridades estavam limpando ruas para evitar entupimentos de bueiros e a projeção de detritos, podando árvores e removendo semáforos, enquanto as comunidades costeiras recebiam ordens de evacuação. Seis províncias estavam sob alerta de furacão.
Na República Dominicana, quase 4 mil pessoas foram evacuadas até o meio-dia de domingo, e quatro províncias do sul estavam em alerta vermelho, disse o general Juan Manuel Méndez, diretor do Centro de Operações de Emergência do país. Algumas pontes e casas foram danificadas pela chuva dias antes da chegada oficial da tempestade, disse ele.
O General Méndez pediu aos cidadãos que se conscientizem das enormes quantidades de chuva que podem causar deslizamentos de terra. Ele pediu que as pessoas prestassem atenção aos avisos e ficassem em casa, e anunciou seu próprio número de celular caso alguém precisasse ser evacuado em caso de deslizamentos de terra.
“Não podemos colocar um soldado em cada cidade para que as pessoas fiquem em suas casas”, disse ele.
Um adolescente que nadava no mar perto de Santo Domingo continua desaparecido, e outro homem foi arrastado por um rio, disseram autoridades dominicanas.
No Haiti, as autoridades reconheceram que não conseguiram alcançar algumas comunidades que estão sob controle de gangues.
Cerca de 2 mil pessoas estavam em abrigos no sul do Haiti. Três pessoas morreram e outras 15 ficaram feridas, disseram as autoridades. Um deslizamento de terra em Fontamara matou duas das três pessoas e a terceira, um homem de 70 anos, morreu ao ser atingido pela queda de uma árvore em Marigot, no sul, perto de Jacmel, de acordo com a agência de defesa civil do Haiti.
Em Praville, um vilarejo na cidade de Gonaïves, no norte do Haiti, um muro desabou com a força da água do escoamento, ferindo 15 pessoas, disseram autoridades de defesa civil.
Em Les Cayes, uma cidade no sul do Haiti, o cemitério principal e uma escola pública foram inundados. As pessoas que tiveram que evacuar após as enchentes de setembro foram forçadas a deixar suas casas novamente.
Jenel Loubeau, um treinador de futebol de 28 anos de Les Cayes, disse que sua casa recebeu cerca de 30 centímetros de água.
“Saí e levei todos os meus documentos importantes, porque a enchente era tão forte que fiquei com medo de a casa toda cair”, disse ele. “O interior da casa estava cheio de água. Tudo estava molhado, meu passaporte, documentos, minha comida e outras coisas.”
O Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas informou que começou a enviar dinheiro emergencial às comunidades haitianas em antecipação à tempestade. Cerca de 45 mil pessoas receberam um total de US$ 900 mil.
Na República Dominicana, 4 mil famílias receberam assistência financeira do programa, enquanto a organização posicionou alimentos no leste de Cuba para alimentar 275 mil pessoas por até 60 dias.
Mais itens de socorro estavam sendo enviados para Barbados para serem enviados à Jamaica, se necessário, disse a agência.
Na Jamaica, comitês de gerenciamento de desastres foram ativados e estão prontos, e os moradores parecem estar levando a tempestade a sério e começando a entrar em pânico, disse Norman Scott, prefeito de Spanish Town, a oeste da capital, Kingston.
“Não se pode dizer que estamos 100% preparados, mas fizemos todo o trabalho preparatório necessário para ver o quanto podemos mitigar este sistema extremamente perigoso”, disse ele. “Vejo que um certo nível de pânico se instalou. Passei por alguns supermercados, mercearias e postos de gasolina e, posso garantir, eles estão inundados. Estão superlotados.”
