Vídeo mostra prática que é proibida e considerada crime de perigo de desastre ferroviário Grupos de adolescentes resgataram uma prática antiga que leva perigo para quem anda de trem na malha ferroviária que corta o Rio e outros 11 municípios. Após a retirada de vidros das portas internas, jovens têm escalado o teto das composições para viajar na parte superior ou mesmo pendurado nos trens. Em seguida, usam celulares para fazer vídeos. As imagens são postadas posteriormente nas redes sociais. Só entre janeiro e junho de 2025, 29 ocorrências com pessoas viajando fora dos vagões já foram contabilizadas pela concessionária SuperVia.
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Apelidada de carrapato, a prática é uma espécie de nova versão do surfe ferroviário. Em 1997, um ano antes da SuperVia assumir a concessão do transporte de passageiros, viagens clandestinas em cima dos vagões causaram as mortes de 12 pessoas, eletrocutadas ao tocar na rede área de energia.
Só nos seis primeiros meses de 2025, a concessionária precisou recolar vidros em 531 portas das composições, boa parte retirada por quem tentava realizar viagens clandestinas do lado de fora dos trens. Em média, só com este tipo de manutenção são gastos cerca de R$ 150 mil mensais. Segundo um levantamento feito pela SuperVia, a prática vem sendo feita desde 2024 e também já voltou a ocorrer em 2025. A maior incidência acontece no ramal Japeri, no trecho entre que vai das estações Ricardo de Albuquerque, localizada na Zona Norte, até Edson Passos, em Mesquita, na Baixada Fluminense.
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Domingos Peixoto
Segundo a concessionária, grupos onde as postagens são feitas têm sido monitorados. Policiais do Grupamento de Polícia Ferroviária da PM também foram mobilizados para tentar flagrar a prática proibida. Para coibir os carrapatos, câmeras de vigilância foram instaladas em cima dos trens. Também houve um aumento do mesmo equipamento de monitoramento nas estações no mesmo trecho citado acima. As composições também ficam impossibilitadas de dar partida, caso seja notada a presença de pessoas viajando do lado de fora dos trens.
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Além da PM, a repressão e a prevenção deste tipo de prática tem parcerias com Conselhos Tutelares, Secretarias Municipais de Educação, e Comissão da Criança e do Adolescente da Assembleia Legislativa do Rio.
De acordo com um acordo judicial assinado em dezembro último, a previsão é a de que concessionária entregue o serviço de transporte de passageiros para o governo estadual, entre junho e setembro de 2025, caso um novo prazo não seja estabelecido pela Justiça.

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