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China ergue o maior complexo de energia renovável do planeta; entenda

BRCOM by BRCOM
outubro 14, 2025
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Projeto solar Talatan, em Qinghai — Foto: Atlas Solar Global

No Planalto Tibetano, a quase 3.000 metros de altitude, painéis solares se estendem até o horizonte e cobrem uma área sete vezes maior que Manhattan. Eles captam uma luz solar muito mais intensa que a do nível do mar, graças à rarefação do ar.

  • Leia também: Tecnologia que gera energia a partir do vento das hélices pode dar mais autonomia a drones

Turbinas eólicas pontilham as serras próximas e se alinham em longas fileiras por planícies áridas e quase desabitadas, acima de pastores que conduzem rebanhos de ovelhas. Elas aproveitam as brisas noturnas, equilibrando a produção diurna dos painéis solares. Nas bordas do planalto, represas hidrelétricas se erguem onde os rios despencam em profundos abismos, e linhas de alta tensão transportam essa eletricidade por mais de 1.600 quilômetros, até indústrias e residências.

A China está construindo uma vasta rede de indústrias de energia limpa no Planalto Tibetano — o mais alto do mundo. A intenção é explorar o sol intenso, as baixas temperaturas e a altitude para gerar energia renovável de baixo custo. O resultado é uma produção suficiente para abastecer o próprio planalto e os data centers que impulsionam o desenvolvimento da inteligência artificial chinesa.

Apesar de o país ainda queimar tanto carvão quanto o resto do mundo combinado, o presidente Xi Jinping fez recentemente uma promessa significativa. Em discurso na ONU, ele afirmou pela primeira vez que a China reduzirá suas emissões de gases de efeito estufa e multiplicará por seis sua capacidade de energia renovável nos próximos anos — um marco global para a nação mais poluidora do planeta.

Os esforços chineses contrastam com as políticas energéticas dos Estados Unidos sob o governo Trump, que buscou expandir a exportação de gás, petróleo e carvão. A China, por outro lado, aposta em tecnologias solares e eólicas de baixo custo, em baterias e veículos elétricos, com o objetivo de se tornar o principal fornecedor mundial de energia limpa e dos produtos que dela dependem.

O principal complexo solar, o Parque Solar Talatan, supera qualquer outro do mundo. Ele ocupa 412 quilômetros quadrados no Condado de Gonghe, um deserto alpino na província de Qinghai, no oeste chinês.

Projeto solar Talatan, em Qinghai — Foto: Atlas Solar Global

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  • O império solar de Qinghai
  • Tecnologia, política e o futuro energético
      • China ergue o maior complexo de energia renovável do planeta; entenda

O império solar de Qinghai

Nenhum outro país utiliza altitudes tão elevadas para gerar energia solar, eólica e hidrelétrica em escala comparável à da China no Planalto Tibetano. O projeto tornou-se um caso emblemático de como o país passou a dominar o futuro da energia limpa. Com investimentos maciços e planejamento estatal, as empresas elétricas estão reduzindo a dependência de petróleo, gás natural e carvão importados — uma prioridade nacional.

A energia renovável alimenta 48 mil quilômetros de ferrovias de alta velocidade e a crescente frota de veículos elétricos chineses. Ao mesmo tempo, a eletricidade barata permite ao país fabricar ainda mais painéis solares, que lideram o mercado global e abastecem centros de dados de inteligência artificial.

Em Qinghai — que cobre o terço norte do planalto e inclui o local de nascimento do atual Dalai Lama —, a energia solar e eólica custa cerca de 40% menos que a proveniente do carvão.

Em julho, o premiê Li Qiang inaugurou cinco novas barragens no rio Yarlung Tsangpo, no sul do Tibete — região sob rígido controle do Partido Comunista e fechada à imprensa estrangeira. O governo chinês divulgou poucos detalhes sobre as obras, mas elas devem levar anos para serem concluídas e poderão formar o maior projeto hidrelétrico do mundo. A iniciativa preocupa a Índia, que teme cortes no abastecimento de água em áreas a jusante.

Outros países também testam energia limpa em altitudes elevadas, mas nenhum em escala semelhante. A Suíça, por exemplo, possui um pequeno parque solar a 1.810 metros, capaz de abastecer apenas 80 residências americanas. Já no Chile, a estatal Power Construction Corporation of China construiu um projeto de 480 megawatts no Deserto do Atacama — altitude inferior à do planalto tibetano.

O parque de Talatan supera todos: sua capacidade é de 16.930 megawatts, energia suficiente para abastecer todas as residências de Chicago. O projeto segue em expansão, com planos de alcançar uma área dez vezes maior que Manhattan em três anos. Próximo dali, há mais 4.700 megawatts de energia eólica e 7.380 megawatts provenientes de hidrelétricas.

Tecnologia, política e o futuro energético

A China agora avança para altitudes ainda maiores, instalando parques solares menores nos vales montanhosos do Planalto Tibetano. Perto de Lhasa, capital do Tibete, uma empresa estatal construiu recentemente um parque de 150 megawatts a 5.200 metros de altitude.

Como incentivo, muitas províncias do oeste ofereceram terras gratuitamente às empresas. O governo central, porém, determinou recentemente a cobrança de taxas anuais simbólicas para promover o uso eficiente dessas áreas.

O Parque Solar de Talatan ocupa terras arenosas e pouco vegetadas, usadas como pasto por tibetanos. Os primeiros painéis, instalados em 2012, ficavam tão baixos que as ovelhas tinham dificuldade em pastar. Agora, os suportes são mais altos, contou Liu Ta, gerente do projeto.

Projetos energéticos sempre trazem implicações sociais. Embora o planalto seja pouco povoado, deslocamentos populacionais são sensíveis na China, que já removeu mais de um milhão de pessoas para erguer a Barragem das Três Gargantas. Hoje, o país instala, a cada três semanas, painéis solares equivalentes à capacidade total dessa usina.

Gerar energia eólica no planalto, contudo, é mais complexo. Apesar dos ventos fortes, o ar rarefeito reduz a eficiência das turbinas. Mesmo assim, há muitas em operação, e os técnicos da rede elétrica equilibram a produção solar diurna com a eólica noturna para evitar apagões.

Qinghai envia o excedente de energia para a província de Shaanxi, recebendo em troca eletricidade proveniente de carvão para complementar o sistema à noite. Além disso, o uso de hidrelétricas cresce como forma de compensar variações na geração solar.

Nos últimos dez anos, oito barragens foram construídas no Rio Amarelo, e novas estruturas estão em andamento. “Quando a energia fotovoltaica é insuficiente, posso usar energia hidrelétrica para compensar”, afirmou Zhu Yuanqing, diretor do Departamento de Energia de Qinghai.

Dois novos projetos próximos ao Parque de Talatan usarão o excesso de energia solar para bombear água a reservatórios mais altos, liberando-a à noite para gerar eletricidade — um método conhecido como armazenamento por bombeamento.

Indústrias de alto consumo energético também migram para a região, aproveitando a eletricidade barata. Entre elas, a produção de polissilício, base dos painéis solares, e os centros de dados voltados à inteligência artificial.

Qinghai pretende ampliar em cinco vezes a capacidade de seus data centers até 2030. Instaladas em cidades frias e de grande altitude, como Xining, Yushu e Guoluo, essas estruturas consomem 40% menos eletricidade graças ao clima frio, dispensando ar-condicionado. O calor gerado pelos servidores é canalizado por tubulações subterrâneas para aquecer edifícios, substituindo caldeiras a carvão.

Em uma coletiva de imprensa em Xining, o vice-governador Zhang Jingang destacou que o ar frio e a energia limpa tornam Qinghai ideal para o setor de dados, embora o acesso à região seja restrito à imprensa estrangeira.

Os dados são transmitidos por fibra óptica de Xangai até Qinghai, conectando empresas e servidores. Foi ali que foram programados os robôs humanoides dançantes da gala de Ano Novo Lunar.

Mas nem tudo é possível em grandes altitudes. Para aplicações que exigem respostas em tempo real, como carros autônomos, a distância é um obstáculo. “Esse tipo de data center não deve ser instalado em Qinghai”, alertou Zhu. “Pode ocorrer um acidente se você não tomar cuidado.”

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