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Cientistas testemunham erupção vulcânica na Cordilheira do Oceano Profundo pela primeira vez

BRCOM by BRCOM
maio 3, 2025
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Sinais vibrantes de vida marinha profunda na mesma faixa do fundo do mar antes da erupção — Foto: Andrew Wozniak/Universidade de Delaware; Equipe HOV Alvin; NSF; Instituição Oceanográfica Woods H

Andrew Wozniak, oceanógrafo químico da Universidade de Delaware, lutava para processar o que seus olhos viam. O Dr. Wozniak estava estacionado no fundo do Oceano Pacífico, a quase 2,6 quilômetros de profundidade, a bordo do Alvin, um submersível de pesquisa. Até onde a vista alcançava, estendia-se uma paisagem estéril de rochas negras como carvão.

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Apenas um dia antes, naquele mesmo local, prosperava um ecossistema vibrante nas águas escaldantes da fonte hidrotermal Tica, cerca de 2.100 quilômetros a oeste da Costa Rica. Criaturas cobriam cada centímetro do fundo rochoso do mar, agitando-se em um mosaico de vida. As pontas carmesins de vermes tubulares gigantes balançavam na corrente, entrelaçando-se em aglomerados de mexilhões. Crustáceos semelhantes a insetos corriam pela cena enquanto peixes fantasmas de cor branca rondavam preguiçosamente à procura da próxima presa.

Agora, restava apenas um grupo solitário de vermes tubulares no terreno enegrecido — todos mortos. Uma névoa de partículas preenchia a água, enquanto brilhos de lava laranja viva cintilavam entre as pedras. — Meu cérebro tentava entender o que estava acontecendo — disse o Dr. Wozniak. — Onde foi parar tudo?

Eventualmente, a ficha caiu: ele e os outros ocupantes do submersível estavam testemunhando os momentos finais de uma erupção vulcânica submarina que havia sepultado o ecossistema florescente sob uma camada de rocha vulcânica recém-formada.

Sinais vibrantes de vida marinha profunda na mesma faixa do fundo do mar antes da erupção — Foto: Andrew Wozniak/Universidade de Delaware; Equipe HOV Alvin; NSF; Instituição Oceanográfica Woods H

Essa foi a primeira vez que cientistas observaram claramente uma erupção ativa ao longo da dorsal meso-oceânica — uma cadeia montanhosa vulcânica que se estende por cerca de 64 mil quilômetros ao redor do globo, como as costuras de uma bola de beisebol. Essa dorsal marca os limites das placas tectônicas em separação, impulsionando erupções vulcânicas e criando crosta oceânica — a camada da Terra sob os oceanos.

Cerca de 80% da atividade vulcânica do planeta ocorre no fundo do mar, com a maioria absoluta se dando ao longo da dorsal meso-oceânica. Antes dessa observação, apenas duas erupções submarinas haviam sido registradas em ação, e nenhuma delas ocorreu na dorsal, segundo Bill Chadwick, vulcanólogo da Universidade Estadual de Oregon, que não participou da missão.

— Isso é um avanço extremamente empolgante — comentou.

Presenciar um evento assim ao vivo oferece aos cientistas uma oportunidade única de estudar um dos processos mais fundamentais do planeta: o nascimento do fundo oceânico e seus efeitos dinâmicos sobre a química marinha, os ecossistemas, a vida microbiana e muito mais.

— Estar lá em tempo real é um presente absolutamente fenomenal — disse Deborah Kelley, geóloga marinha da Universidade de Washington, que também não participou da equipe de pesquisa. — Estou realmente com inveja.

O Dr. Wozniak e seus colegas embarcaram no navio R/V Atlantis antes de descer no submersível Alvin. O objetivo inicial da missão era estudar o fluxo de carbono da fonte hidrotermal Tica, com financiamento da Fundação Nacional de Ciência dos EUA (NSF). Fontes hidrotermais funcionam como um sistema de encanamento do planeta, expelindo água do mar aquecida ao atravessar o leito oceânico. Esse processo transporta calor e substâncias químicas do interior da Terra, ajudando a regular a composição dos oceanos e sustentando uma comunidade única de vida marinha profunda.

O mergulho, realizado na manhã de terça-feira, começou como qualquer outro. Alyssa Wentzel, estudante de graduação da Universidade de Delaware que acompanhava o Dr. Wozniak a bordo do Alvin, descreveu o encantamento de afundar nas profundezas escuras do oceano durante a jornada de 70 minutos até o fundo do mar. À medida que a luz desaparecia, águas-vivas bioluminescentes e minúsculos zooplânctons flutuavam ao redor.

Cintilações de lava em movimento durante o mergulho, em pontos amarelos no centro à esquerda — Foto: Andrew Wozniak/Universidade de Delaware; Equipe HOV Alvin; NSF; Instituição Oceanográfica Woods H
Cintilações de lava em movimento durante o mergulho, em pontos amarelos no centro à esquerda — Foto: Andrew Wozniak/Universidade de Delaware; Equipe HOV Alvin; NSF; Instituição Oceanográfica Woods H

Mas, à medida que se aproximavam do local, uma magia mais sombria tomou conta, com as temperaturas subindo gradualmente e partículas enchendo a água. O habitual tom acinzentado do fundo marinho era agora encoberto por filamentos de rocha negra que brilhavam com um excesso de vidro — resultado do resfriamento abrupto da lava ao tocar a água fria.

Com a visão do Alvin obscurecida pelas partículas, Kaitlyn Beardshear, da Instituição Oceanográfica de Woods Hole e piloto do submersível naquele dia, reduziu a velocidade, observando atentamente os aumentos de temperatura. À medida que os números subiam, crescia também a preocupação com a segurança da embarcação e da tripulação. Eventualmente, a piloto decidiu recuar.

— Foi uma visão inacreditável — disse ela. — Toda a vida e as estruturas que eu havia visto apenas alguns dias antes, apagadas. Mal posso acreditar que tivemos a sorte de estar lá poucas horas após a erupção.

A equipe soube, ao retornar ao navio, que microfones sensíveis — chamados hidrofones — instalados no Atlantis haviam detectado a erupção mais cedo naquele mesmo dia. O evento foi registrado como uma série de estrondos de baixa frequência e estalos semelhantes a uma fogueira.

Esta foi a terceira erupção conhecida na fonte Tica desde sua descoberta, na década de 1980. Ao longo dos anos, Dan Fornari, geólogo marinho da Woods Hole, e seus colegas vêm monitorando de perto o local, acompanhando mudanças na temperatura, na química da água e outros fatores. Combinando essas análises com modelos de expansão do fundo oceânico, eles perceberam que o local parecia prestes a entrar em erupção, prevendo que isso ocorreria este ano ou no anterior.

Em 1991, ele e sua equipe chegaram à Tica poucos dias após o início de uma erupção. Pode ser que ainda estivesse ativa, disse ele, mas não houve sinais visíveis de lava para confirmar. Desta vez, segundo ele, não restam dúvidas quanto ao que a equipe do Alvin testemunhou. — Esta foi a vez em que mais perto chegamos de ver o início de uma erupção — afirmou.

A equipe segue estudando a atividade vulcânica. Por questões de segurança, os dados e imagens agora estão sendo coletados remotamente a partir do navio Atlantis. As informações ajudarão os pesquisadores a desvendar os mistérios do vulcanismo nas profundezas e o papel que ele desempenha nos ecossistemas marinhos.

— Tudo isso está relacionado a entender esse sistema holístico que é a Terra e o oceano — afirmou o Dr. Fornari. — Está tudo interligado, e é ao mesmo tempo complexo e belo.

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