Andando de um lado para o outro em cima de seu skate, Letícia Helal, de 11 anos, demonstrou paixão pela prática enquanto percorreu a pista aberta ao público geral do Pro Tour STU Rio, que terminou no domingo (16). O campeonato, realizado na Praça do Ó, na Barra da Tijuca, contou com a presença de grandes nomes da modalidade, como Rayssa Leal, Augusto Akio, Pedro Barros e Pâmela Rosa. Acumulando títulos mundiais e participações olímpicas, eles vivem o bom momento da modalidade no Brasil, que passou a atrair a garotada da nova geração.
Letícia é uma delas. Mesmo com pouca idade, já soma medalhas e participações em competições. Este ano, foi campeã estadual mirim pelo Rio de Janeiro. Venceu a etapa final do Circuito Flávio Moura de Skate no meio de outubro e se classificou pela primeira vez para o campeonato nacional de sua categoria, previsto para dezembro. A menina, que começou a andar de skate por conta de seu irmão mais velho, viu-se inspirada pelo sucesso do esporte, que virou olímpico em Tóquio-2020, para evoluir na prática.
— O impacto de o skate ter se tornado olímpico foi gigante na decisão dela de competir, porque começou a ser encarado como um esporte. Entendendo também tudo o que está por trás: o apoio da família, saúde mental, saúde física, musculatura, articulações e tal. Tem um estilo de vida e eu vejo que ela se identifica muito com isso. O esporte ganhou visibilidade, ganhou recursos também. Era um esporte muito mal visto socialmente, e acho que as Olimpíadas trouxeram essa amplitude. As pessoas começaram a entender a essência do skate, e ele alcançou outros lugares — disse Cecília Helal, mãe da jovem skatista.
Letícia teve os seus primeiros contatos com o skate em 2020, quando seu irmão mais velho, Miguel, fez aulas do esporte, mas não quis continuar. A menina, por sua vez, ficou curiosa e quis experimentar, pedido concedido por seus responsáveis dois anos depois. De lá para cá, ela não largou mais o skate e, ainda em 2022, começou a participar de competições, já alcançando o pódio. Aos 8 anos, conquistou o terceiro lugar de skate street do Circuito Estadual FASERJ, na categoria feminino infantil.
— Aos 8 anos, ela pediu de aniversário um skate e ela nunca mais parou. Acabou sendo uma coisa muito natural começar a competir, porque foi aos poucos. Ela começou fazendo aula uma vez por semana. Depois, foi pedindo para ir à pista outros dias e a gente foi levando. Foi um ano de brincadeira, e tem quase três que ela compete. Ela tem se destacado, então a gente também percebe que ela está feliz. Enfim, está tudo favorável, mas é sempre com muita leveza, lembrando que ela é uma criança e que nada é definitivo — contou Cecília.
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Letícia tem em Pâmela Rosa a sua maior inspiração no esporte. A veterana, que é bicampeã mundial, fez parte do grupo que compôs a estreia do skate nas Olimpíadas, em Tóquio-2020. E Helal não é a única criança motivada por aquela safra olímpica. Manu Valle, de 10 anos, virou skatista e começou a competir após encantar-se com a performance de Rayssa Leal naquele torneio olímpico.
— O que despertou a Manu para o skate foi ver a Rayssa Leal na televisão. Ela viu uma forma de se sentir representada; a Rayssa era uma menina tão nova, sabe? E aí ela ficou muito inspirada. A Manu começou a pegar um simulador de surfe do pai dela, que lembra um skate, para andar de brincadeira. E, depois da Olimpíada que a Rayssa participou, a Manu começou a pedir para fazer aula de skate na modalidade street. E até hoje ela está superanimada, nunca mais quis largar — declarou Karin Levenhagen, mãe de Manu.
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Manu começou a andar de skate aos 7 anos, em aulas infantis ministradas no Aterro do Flamengo. A paixão pelo esporte cresceu rápido e, logo, ela quis competir, passando a integrar a equipe Mini Monstros, voltada para skatistas mirins. E a Rayssa não foi o único fenômeno do skate a inspirá-la: Augusto Akio, medalhista de bronze em Paris-2024, também encantou a menina ao fazer malabarismo com bastões nos intervalos de suas voltas em campeonatos.
Assim como ele, a menina decidiu juntar o gosto pelas pistas com um antigo amor seu, o circo. Valle faz práticas circenses há mais de três anos e, ao se firmar como skatista, passou a agregar o uso de pernas de pau para andar de skate em torneios freestyle. Obtendo êxito na modalidade, Manu foi vice-campeã na etapa carioca do Campeonato Brasileiro de Freestyle, que aconteceu no último sábado, durante o STU Rio.
— Atualmente, ela treina com a equipe Mini Monstros e participa de competições de skate na modalidade street, mas ela também é muito do circo. Ela já fazia circo antes do skate, então começou a querer juntar tudo. Ela anda em perna de pau e aí começou a andar de perna de pau no skate, tanto que ela gosta muito do Augusto Akio, pois ele faz malabarismo e remete ela a isso de juntar várias coisas de que ela gosta muito, que são o skate e o circo. Hoje em dia, ela treina e compete no street e está começando a competir no freestyle também, que é esse lugar de juntar tudo — concluiu Karin.
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