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Conheça a mulher que criou a gigante Casa Ermelinda Freitas, vinícola que é uma das estrelas da Península de Setúbal

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outubro 2, 2025
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Leonor de Freitas: à frente da Casa Ermelinda — Foto: Divulgação / Casa Ermelinda Freitas

Da quarta geração à frente dos negócios da família, Leonor de Freitas comanda a Casa Ermelinda Freitas, a segunda maior vinícola em vendas no varejo em Portugal e a maior operadora da Península de Setúbal. A marca produz 25 milhões de litros por ano. São 300 rótulos, vendidos para 50 países, entre eles, o Brasil. Para nosso mercado, a expectativa é de um aumento de 50% nas vendas este ano:

— O Brasil é o nosso quinto maior comprador. O maior é o mercado português. Mas o Brasil, de fato, é muito importante para nós. Ainda por cima com esta afinidade que temos: histórica, da língua. Tudo isto é um facilitador. É muito gratificante que gostem dos nossos vinhos.

Com uma carreira bem sucedida na área social, Leonor se viu de uma hora para outra obrigada a mudar o rumo de sua vida após a morte do pai. Teve que retornar às suas raízes, no campo.

— Os homens da família morreram muito cedo. Isto é um mero acaso e azar. Não conheci meu bisavô, não conheci o avô, a minha avó ficou viúva com 38 anos. Todos por doenças. Minha avó agarrou a casa agrícola, que sobreviveu, com muito trabalho. Minha avó conheci muito bem, ela trabalhou em conjunto com os meus pais. As mulheres da minha família eram muito guerreiras e decididas. Meu pai faleceu relativamente cedo. Sou filha única, estudei em Lisboa. Meus pais queriam que eu fosse uma pessoa com mais saber, porque eles não tiveram essa oportunidade. Meu pai era uma pessoa que, embora não tivesse estudado, tinha grandes horizontes, era extremamente inteligente.

Leonor de Freitas: à frente da Casa Ermelinda — Foto: Divulgação / Casa Ermelinda Freitas

Ela conta que não foi preparada para viver no campo:

— Eu também queria sair daqui. Não fui preparada para o mundo rural, porque isto era muito difícil, sempre foi. Ainda hoje é. Há 60 anos, há 50 anos, essa região era considerada longe de tudo. Era muito fechada.

Quando começou a comandar a empresa, há 30 anos, Leonor conta que produzia vinho a granel. Ela sentiu necessidade de criar novos produtos:

— A nossa história era de vinho sem marcas, que eram de grande qualidade. Tínhamos 60 hectares, com Castelão e Fernão Pires, as castas típicas de Setúbal. Comecei a sentir necessidade de fazer marcas. Quando ia às feiras fora de Portugal, como em Bordeaux, na França, vi uma variedade grande de castas, como Merlot, Syrah, Cabernet Sauvignon. Todos esses vinhos mais conhecidos internacionalmente. Percebi que precisávamos ter essas castas também, para depois conhecerem o nosso Castelão.

Leonor conta que também visitou os châteaux franceses, o que mudou sua forma de ver o vinho:

— Percebi que a valorização é muito diferente, que se dava um prestígio enorme ao vinho, que era tratado de outra forma. Vim de lá com a ideia de que tinha que fazer uma adega nova, escritórios. Não tínhamos, era tudo na casa da minha mãe. E decidi que tínhamos que ir para as barricas. É aí o grande salto que começa.

Leonor conta que a mudança teve a participação do enólogo Jaime Quendera:

— Conheci à época o enólogo Jaime Quendera e percebi seu entusiamo. Ele trabalha conosco ainda hoje. Era uma pessoa nova, que vinha com conhecimentos novos e veio mudar muita coisa. Ele contribuiu para a região fazer outros vinhos e evoluir tecnologicamente e na enologia.

A produtora relata que sofreu muitas críticas pela “revolução” que iniciou:

— Havia muitas dúvidas quando começam a ver esta revolução. Falavam que isto não ia dar certo, que ia haver falência, que eu ia vender. Apareciam várias pessoas, para comprar. Eles falavam que estava à venda, e era das coisas que mais me ofendiam na altura.

Leonor conta que todo o setor enfrentou uma forte crise nos anos 1980 e 1990, mas ela manteve o propósito de criar uma grande marca:

— Cresci na crise. Fiz a adega toda na crise. As pessoas diziam que seria impossível na década de 80 e 90. Quando a crise terminou, eu estava preparada. Mas houve muita confusão de uma forma geral. Tive colegas de casas maiores que, até com boa intenção, me chamaram e disseram que o crescimento estava tão grande que a queda também seria grande. Eu fugia das pessoas que estavam desanimadas porque estava muito entusiasmada. Houve a sorte de eu dar os passos certos, na altura certa. Valeu a pena o meu otimismo.

Ela lembra que, depois que a produção e as vendas da vinícola cresceram, houve uma aceitação:

— Começaram a aceitar. Aí vi que na altura eu tinha margem para errar. Quando se começa a ver crescer demais, veem que se tem uma concorrente. Mas ultrapasso sempre com um sorriso, trabalho e honestidade. Esse é um projeto que não é meu, mas de toda a família e de todos os colaboradores. São gerações que têm trabalhado aqui. O chefe de linha é neto de pessoas que trabalharam aqui, por exemplo.

Mesmo com o sucesso dos vinhos com outras variedades, ela brinca que quer continuar a ser a Senhora do Castelão, uva tinta tradicional de Setúbal. Entretanto, lembra o prêmio que recebeu por um Syrah na França, em 2008, com a safra 2005. Hoje o Castelão tem 60% dos vinhedos, as outras uvas complementam e vão ao encontro do que quer o cliente em diferentes países. São 30 variedades, em 560 hectares em Setúbal.

Leonor diz que a Península de Setúbal tem crescido muito, mas ainda é pouco conhecida:

— Setúbal cresceu imenso e não é por acaso. Não é mérito meu, é mérito da própria região, que é espetacular. Vamos integrar esta região no Portugal maravilhoso que temos. Da gastronomia aos vinhos, da cultura e das pessoas até a paisagem. Sou muito orgulhosa de ser portuguesa e desta região. Tenho muito orgulho da qualidade dos vinhos que fazemos.

A marca tem, entre seus vinhos de alta gama, rótulos batizados com os nomes de integrantes da família. O Dona Ermelinda homenageia a mãe; o Dom Campos, o marido. Para ela, cada vinho respeita a região, a família, seus funcionários e Portugal.

— Agora o nosso produto de luxo é o Destemido, uma homenagem ao meu pai. Ele era um homem destemido. Quando fazemos um vinho, ele é mais do que um rótulo. Ele tem um afeto que nós lhe pomos, tem o trabalho das pessoas na vinha e na adega. Ao fim e ao cabo, ele representa toda uma cultura da região, a família e os nossos colaboradores.

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