Após um evento de inauguração no fim-de-semana passado, a piscina de ondas do São Paulo Surf Club, ao lado da Marginal Pinheiros na altura do Real Parque, começa a ser usada pelos sócios nesta quinta-feira (4). Ela é a estrela de um complexo esportivo e residencial de luxo que terá ainda dois prédios de apartamentos (que não começaram a ser construídos) e um clube esportivo (pronto, conforme a maquete abaixo). Distante da praia, a metrópole tem agora duas piscinas de surfe, após a recente abertura do Beyond The Club, na Zona Sul.
A piscina é exclusiva para os sócios, e não pode ser usada por meio de diárias. Construída pela JHSF, grupo voltado ao público de alta renda, tem títulos de sócio à venda por R$ 1,25 milhão (modalidade familiar), mais uma mensalidade de R$ 3,3 mil. Os futuros apartamentos nos prédios anexos, com metro quadrado estimado em R$ 45 mil, não darão automaticamente um título ao proprietário.
O GLOBO testou a piscina e conheceu o clube esportivo, feito em um prédio de seis andares à beira d’água concebido pelo grupo Fasano (comprado pela JHSF em 2014).
Surfar em piscina é divertidíssimo, mas não tão fácil quanto parece em vídeos. A sensação é bem diferente do surfe no mar. A começar que o surfista espera pelas ondas a poucos metros de uma parede de concreto — e, ainda mais estranho, ele corre a onda na direção dessa parede.
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Além disso, quase não há tempo para descanso. Enquanto no mar é comum tomar uns minutos para recobrar o fôlego após uma onda, ali as séries são cronometradas e têm intervalos curtos. Após surfar a onda e voltar à posição inicial, o surfista tem poucos segundos até a próxima ação. O mecanismo também provoca correntezas inesperadas, que tornam a experiência mais cansativa do que o previsto. Por fim, a própria diferença de densidade da água causa algumas estranhezas — a prancha pode não reagir como se imaginaria em certas situações.
Feitos os devidos alertas, resta dizer que a experiência é extremamente satisfatória. A piscina do São Paulo Surf Club usa uma tecnologia norte-americana chamada Perfect Swell. É a mesma da piscina da JHSF na Fazenda Boa Vista, no interior de São Paulo. O outro clube da capital, o Beyond The Club (mais informações abaixo), usa um mecanismo concorrente chamado Wavegarden. É o mesmo da Praia da Grama (também no interior de SP) e da piscina de Garopaba, em Santa Catarina, a Surfland.
É para ‘qualquer condição climática’?
O campeão mundial Ítalo Ferreira, parceiro do empreendimento, afirma nos materiais de divulgação que a piscina poderá ser desfrutada “sem depender das condições climáticas”. Mas, como na praia, o vento afeta a qualidade das ondas no surfe urbano. A orientação da piscina do São Paulo Surf Club favorece as ondas em que o surfista vai para o seu lado esquerdo. Isso porque os ventos comuns ali sopram do quadrante sul. Em dias de vento norte, ficam melhores as ondas para a direita.
As sessões duram uma hora e normalmente terão por volta de 14 a 18 surfistas, com séries de 4 ou 5 ondas e intervalo de 30 segundos entre as séries — todos esses parâmetros são ajustáveis, inclusive, claro, o tamanho da onda. A piscina vai funcionar das 6h às 23h, todos os dias menos às quartas-feiras. Os sócios marcam as sessões em um aplicativo onde uma agenda é divulgada semanalmente. A JHSF não revela o número de sócios — mas já deixou de vender títulos individuais (não familiares) para calibrar o volume de usuários.
“Não definimos logo de início um número fixo de títulos, vamos acompanhar a operação e ajustar o limite conforme sentimos a demanda e o uso dos espaços. O foco é garantir a qualidade da experiência”, diz Augusto Martins, CEO da JHSF.
Às margens da piscina, fica o luxuoso “clube vertical” de seis andares. O projeto, com paredes de madeira ripada e fotos artísticas de surfe, é assinado pelos arquitetos Sig Bergamin, Murilo Lomas e pelo escritório PSA Arquitetura. A estrutura é bem completa: quadras de tênis (saibro e rápida), pickleball e poliesportiva, piscinas, academias, saunas, spa, sala de massagem, salão de beleza e outras amenidades. Tem também bar e restaurante, tudo com o habitual requinte do grupo Fasano.
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O clube tem também atividades para os surfistas, como uma sala onde funcionários guardam as pranchas (mais R$ 200 por mês), um espaço para vídeo-análises com técnicos de surfe (também pagas) e uma área de treinos com equipamento que simulam o esporte.
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Na outra margem da piscina, existe ainda uma praia artificial com areia branquinha, quiosques e serviços. Dá até para entrar na d’água, na beirinha onde as ondas não chegam, para se refrescar.
São Paulo muda tão depressa que é fácil negligenciar a importância de certas transformações. Até 1996, aquela região não tinha sequer a avenida Roberto Marinho — antes uma área ocupada por favelas e um córrego poluído. Em 2008, a famosa Ponte Estaiada foi construída ao final da avenida, sobre o rio Pinheiros. O próprio rio, outrora um esgoto a céu aberto, foi razoavelmente limpo nos últimos anos e teve as margens transformadas em parque linear. Agora, no lado oposto à avenida, passa a funcionar a piscina do São Paulo Surf Clube.
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Durante o surfe, é quase automático reparar na paisagem ao redor, um convite à reflexão sobre a permanente reinvenção da cidade.
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Os prédios da JHSF, quatro torres com 154 apartamentos, ainda não começaram a ser construídos. As obras devem ter início no primeiro semestre, com previsão de entrega em três anos. O apartamento virá com todos os acabamentos, cozinha completa e marcenaria nas suítes e nos banhos. O metro quadrado médio é estimado pela empresa em R$ 45 mil.
A Even, como parceira da JHSF, vai construir um condomínio anexo que garantirá aos proprietários o título de sócio da piscina.
Não longe dali, em um terreno mais para a Zona Sul onde funcionou o Hotel Transamérica, foi inaugurada em 28 de novembro a piscina de ondas do Beyond The Club, que já funcionava em soft opening nos últimos meses. Feita pela KSM Realty, Realty Properties e BTG Asset Management, passou a funcionar de sexta, sábado e domingo, enquanto nos outros dias o clube está em obras.
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O clube também é de alto padrão, com pojeto assinado pelo escritório aflalo/gasperini e títulos a partir de R$ 810 mil. A previsão é que tenha por volta de 3 mil sócios — mais de 60% das vagas já foram vendidas. Terá estruturas como simulador de esqui e snowboard, pista de skate indoor, quadras de beach tênis e uma academia de 2,2 mil metros quadrados operada pela Bodytech.
