Conhecida como “Ilha das Cobras”, a Ilha da Queimada Grande, no litoral de São Paulo, está infestada pela víbora da ilha dourada, uma das cobras mais venenosas do planeta. O youtuber Jimmy Donaldson, dono do maior canal de YouTube do mundo, o MrBeast, visitou os “cinco lugares mais mortais do planeta” e afirmou que a ilha, localizada entre Itanhaém e Peruíbe, no litoral paulista, foi a mais perigosa da lista.
- Caminhoneiro embrigadado é preso após colidir com base da PRF em ato por Bolsonaro: ‘É terrorista’
- Leia mais: Ex-amante e cúmplice de brasileira presa por mandar matar companheiro na Itália deixa prisão e vai cumprir regime domiciliar
As autoridades brasileiras decidiram proibir a entrada do público para proteger as pessoas e as espécies ameaçadas, mas a gravação foi autorizada e confirmada pelo ICMBio. O youtuber norte-americano, que acumula mais de 500 milhões de seguidores, passou uma noite na região e ajudou um cientista a capturar as serpentes venenosas. O conteúdo já tem mais de 48 milhões de visualizações.
A ilha é formada por 430 mil metros quadrados de solo rochoso, sem praias arenosas e sem fontes de água doce. A Ilha, que pertence à Área de Proteção Ambiental de Cananeia-Iguape-Peruíbe, é considerada a segunda ilha com a maior densidade populacional de cobras no mundo, perdendo somente para a Ilha de Shedao, na China.
MrBeast explicou que o veneno extraído das serpentes podem ser usados para criar um antídoto que trata 90% das picadas de espécies do Brasil, o que pode salvar milhares de vidas. Jimmy acampou na Ilha das Cobras junto com amigos e cientistas.
Os participantes usaram proteções especiais nas pernas contra as mordidas venenosas, mas o grande problema da área é que as serpentes também podem atacar de cima das árvores. A Ilha das Cobras foi eleita pelo youtuber como a mais mortal do planeta, seguida de uma região da floresta amazônica no Peru, uma estrada na Bolívia, uma cachoeira congelada na Europa e um safári africano.
A ilha possui duas elevações: a primeira mais plana onde se localiza um pequeno farol e a segunda constituída por uma elevação de 206 metros. Não há praias nem enseadas que possam facilitar o desembarque, que é feito em plataformas rochosas e escorregadias.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/8/r/S4Us4RT9KLSFERn2IByA/bothropsinsularis.webp)
O desenvolvimento da espécie Bothrops insularis, mais conhecida como jararacas ilhoas, se deu por causa do isolamento geográfico a que foi submetida desde a época da glaciação da Terra, há 10 mil anos. Quando as águas do degelo cobriram grandes extensões de terra, formaram-se várias ilhas, como essa. A maioria dos animais migraram para o continente, mas os que eram impossibilitados de nadar, ficaram confinados, e sobreviveram apenas aqueles que puderam se adaptar às condições da ilha.
Presa numa ilha rochosa onde o alimento se resume a aves, a jararaca passou a subir em árvores, o que não é natural para as espécies do continente. Seu veneno tornou-se mais potente para garantir a morte imediata da presa que, se demorasse para morrer, poderia acabar no mar. A cor da pele da cobra tornou-se menos vistosa: ocre uniforme, que varia até um marrom claro, chamando pouca atenção.
O conhecimento sobre esse animal se expandiu a partir de 1911, quando o faroleiro Antônio Esperidião da Silva enviou exemplares da jararaca-ilhoa para o Instituto Butantan, que iniciou todas as pesquisas conhecidas com essa espécie. Em 1925, os faroleiros foram retirados da Ilha e o farol foi automatizado.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/8/l/5HPuAWSaudn9nWGIrVRQ/whatsapp-image-2022-05-30-at-10.10.44.webp)
As águas que banham a ilha têm ótima visibilidade e contam com uma atração extra, navio naufragado Tocantins, um cargueiro de 110 metros de comprimento que se encontra quase na vertical. Além disso, o mar ali é recheado de espécies como barracudas, peixes-frade, peixes-voadores, arraias e tartarugas
O nome “Queimada Grande” não é à toa, já que a própria Marinha ateou fogo diversas vezes na Ilha por medo das serpentes. A prática ocorreu por alguns séculos na tentativa de acabar com a população excessiva de cobras. As queimadas eram grandes e diversas vezes podiam ser avistadas do continente.