Padrões alimentares com excesso de açúcar, gorduras e alimentos ultraprocessados podem provocar inflamações silenciosas no corpo — e uma das primeiras a sentir os efeitos é a pele. Oleosidade excessiva, poros dilatados, sensibilidade e até surgimento precoce de rugas podem estar ligados à dieta. A boa notícia é que mudanças no cardápio e cuidados dermatológicos adequados ajudam a reverter o quadro.

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— Temos três vias de excreção: a pele, através das glândulas sebáceas e sudoríparas, o hábito intestinal e o sistema urinário. Então, tudo que comemos, obrigatoriamente, vai ter um impacto na pele — explica a dermatologista Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Segundo ela, alimentos ultraprocessados costumam ser ricos em açúcares, carboidratos simples, gorduras saturadas, sódio, corantes e anilinas artificiais. O consumo frequente desse tipo de comida desencadeia processos inflamatórios e alterações metabólicas, como o desequilíbrio de hormônios, entre eles o cortisol, que afeta diretamente a pele e o couro cabeludo.

— Como consequência, a pele pode ficar mais oleosa, sensível, reativa ao contato com produtos de skincare. Os poros se dilatam, a pele perde brilho, ganha tom amarelado e perde a reflectância — completa Marçal, referindo-se à uniformidade, textura e coloração da pele saudável.

Oleosidade excessiva, poros dilatados, sensibilidade e até surgimento precoce de rugas podem estar ligados à dieta — Foto: Freepik

Esse quadro, segundo a dermatologista, pode levar ao surgimento de manchas, rugas, flacidez e uma aparência de cansaço. Trata-se de um processo inflamatório que não é causado por um único alimento, mas por um padrão alimentar mantido ao longo do tempo.

A farmacêutica Maria Aparecida Mariosa, executiva do Núcleo de Nutrição da Biotec, destaca que os açúcares nem sempre estão visíveis nos rótulos.

— Muitas vezes os açúcares estão mascarados nos alimentos industrializados. Nomes como melado de cana, melaço, mel, açúcar invertido, glicose, xarope de milho, frutose, maltose, sacarose e xarope de malte são comuns — esclarece.

O consumo diário recomendado de açúcares de adição, segundo a Organização Mundial da Saúde, não deve ultrapassar 10% da ingestão calórica total. No Brasil, o Guia Alimentar para a População Brasileira orienta reduzir esse consumo, especialmente por meio da menor ingestão de produtos industrializados, como refrigerantes, sucos artificiais e sobremesas.

Mas, além da mudança alimentar, há formas complementares de tratar a inflamação cutânea causada pela dieta. As especialistas listam três frentes principais: cuidados com a pele, uso de nutracêuticos e tratamentos dermatológicos realizados em consultório.

Marçal recomenda uma rotina de cuidados que inclua limpeza adequada pela manhã e à noite, com apoio de produtos como água micelar ou cleansing oil. Após a higienização, a hidratação é fundamental.

— É importante utilizar substâncias como ácido hialurônico, sinalizadores de colágeno e ativos anti-inflamatórios naturais, com extratos vegetais. Também é indispensável o uso de protetor solar diário, com FPS acima de 50 para peles mais sensíveis e fototipos mais baixos, ou no mínimo 30 para os demais — orienta.

À noite, a esfoliação com extrato de apricot ou rice exfoliator ajuda a renovar a pele, removendo queratina e sujidades. Marçal recomenda ainda o uso de ácidos suaves, como o retinóico ou retinol, associados a ingredientes calmantes como alfa-bisabolol, ácido glicirrízico e aveia coloidal.

A inflamação cutânea também pode ser combatida de dentro para fora, com suplementação nutricional.

— Precisamos lançar mão de nutracêuticos ricos em antioxidantes, como superóxido dismutase, resveratrol e coenzima Q10 lipossomada — afirma Marçal.

Entre os ativos recomendados, estão o Glycoxil — um peptídeo que impede a ligação do açúcar às proteínas, combatendo a glicação —, além de vitamina C e fosfolipídeos de caviar (FC Oral), que ajudam a modular a inflamação e proteger a pele dos danos causados pelo açúcar.

— Esses componentes têm ação antioxidante e antiglicante, prevenindo e revertendo os efeitos do excesso de glicose sobre o tecido cutâneo — complementa Mariosa.

Tratamentos em consultório

Nos consultórios dermatológicos, é possível lançar mão de procedimentos personalizados, conforme o diagnóstico clínico da pele.

— Muitas vezes indicamos o Hydrafacial, que ajuda no descongestionamento da pele inflamada e promove ação queratolítica e queratoplástica. Também melhora o brilho e a saúde geral da pele — aponta Marçal.

Outros tratamentos incluem estimulação de colágeno com infravermelho, lasers fracionados não ablativos, ultrassons microfocados e plataformas de radiofrequência monopolar, como o Volnewmer.

— Mas o primeiro passo é sempre descongestionar a pele — conclui a médica.

Conheça três formas de tratar