Convertido ao catolicismo em 2019, aos 35 anos, o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, compareceu aos ritos da Paixão do Senhor na Basílica de São Pedro, no Vaticano, nesta Sexta-feira Santa. No entanto, a presença do Papa Francisco nas celebrações deste final de semana da Páscoa ainda é incerta e tem gerado grande expectativa desde que ele deixou o hospital após 38 dias internado com pneumonia. A visita de Vance representa um ato de equilíbrio diplomático para o Vaticano.
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No sábado, segundo a CNN, o vice americano tem um encontro com o cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado da Santa Sé. Porém, não está claro se Vance poderá assistir à celebração do Domingo de Páscoa na Praça de São Pedro, pois tem uma viagem prevista para a Índia no mesmo dia.
Antes de ir para o Vaticano, Vance foi recebido em Roma, na Itália, por sua “querida amiga” Giorgia Meloni, primeira-ministra italiana. O encontro marca o retorno de Vance ao continente europeu após seu polêmico discurso na cidade alemã de Munique, em fevereiro, que deixou vários governantes europeus perplexos. Na ocasião, Vance lamentou o “retrocesso” da liberdade de expressão no Velho Continente, algo mais preocupante, segundo ele, que a ameaça representada por “Rússia, China ou outro ator externo.
Apesar da presença de Vance, as participações do Papa nas celebrações pascais ainda é incerta. A Sexta-feira Santa é seguida pelo Domingo de Páscoa, quando, tradicionalmente, o Papa concede a bênção “Urbi et Orbi” (“À Cidade e ao Mundo”), proferida ao meio-dia da sacada da Basílica de São Pedro.
No entanto, na última quarta-feira, o Vaticano confirmou que o Pontífice não celebrará a missa do Domingo de Páscoa. Por questões de saúde, ele precisará delegar ritos tradicionais do feriado católico e da Semana Santa a cardeais. Contudo, Francisco demonstrou que consegue dar bênçãos e falar brevemente em público.
O Vaticano também não confirmou oficialmente quais celebrações contarão com a presença do Papa, mantendo a possibilidade de aparições surpresa ao longo dos dias santos. Além disso, não há informações sobre um possível encontro do vice americano com o Santo Padre.
Durante a hospitalização recente do Papa, Vance pediu orações pela recuperação do Pontífice. No entanto, diferenças ideológicas separam os dois líderes, especialmente sobre a política migratória. Pouco antes de ser internado, Francisco criticou o cerco aos imigrantes do governo do presidente Donald Trump, em um raro gesto de intervenção política.
Em defesa da política anti-imigração do governo Trump, Vance recorreu a um conceito teológico: a “ordo amoris”, ou “ordem do amor”. Francisco, por sua vez, refutou a interpretação do vice-presidente.
“A verdadeira ‘ordo amoris’ que deve ser promovida é aquela que descobrimos meditando constantemente na parábola do ‘Bom Samaritano’, isto é, meditando no amor que constrói uma fraternidade aberta a todos, sem exceção”, escreveu o Papa em uma carta aos bispos dos EUA.
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O Vaticano também manifestou preocupação com os cortes de financiamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid). Enquanto isso, um bispo americano, nascido em El Salvador, invocou a memória de Oscar Romero — arcebispo mártir e santo dos EUA — para conclamar os católicos a resistirem às deportações promovidas por Trump.
Apesar das tensões, o Papa e altos funcionários do Vaticano frequentemente se encontram com líderes mundiais com quem discordam e tentam encontrar um ponto em comum.
No domingo, todos os olhares estarão voltados para a sacada da Basílica de São Pedro, onde milhares rezarão por uma aparição do líder da Igreja Católica, mesmo que breve.