Dois adolescentes ficaram feridos em uma cachoeira próxima à trilha para o Cristo Redentor, que faz parte do Parque Lage, na Zona Sul do Rio. Os jovens, uma de 13 anos e um de 16, escorregaram em uma pedra onde estavam sentados e caíram. Eles foram socorridos pelo Corpo de Bombeiros após outra adolescente que estava com a dupla conseguir pedir ajuda a visitantes que passavam próximo. A altura da queda foi de cerca de 10 metros, estima uma das pessoas que participou do resgate. O caso aconteceu na tarde do último domingo.
O cineasta e fotógrafo Michel Coeli fazia uma caminhada de volta ao parque pela trilha, junto à namorada e um amigo, quando foi abordado por uma jovem, que relatou o acidente. Ele foi para o local, acionou os bombeiros para passar informações detalhadas da localização e prestou socorro e apoio aos jovens.
Equipes do quartel do Humaitá receberam o chamado às 15h40 para a ocorrência de salvamento de pessoas em cachoeiras. Os dois adolescentes tinham classificação amarela, grau intermediário de gravidade. Eles foram levados para o Hospital municipal Miguel Couto, na Gávea, também na Zona Sul. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) não informou o estado de saúde dos pacientes nem procedimentos realizados. Michel lembra que os jovens tiveram fraturas, e se mantiveram acordados e lúcidos.
Dois adolescentes ficam feridos em queda em cachoeira na Zona Sul do Rio
— Na volta da trilha, paramos numa cascatinha de água um pouco mais acima de onde eles estavam. Ouvíamos barulho de riso, como se brincasse, e depois, não. Em uns 10 minutos, quando começamos a descer, uma adolescente apareceu chorando e falou que o namorado e a irmã dele tinham caído. Eu a segui. Eles caíram de uma queda d’água de mais de 10 metros de altura. Vieram deslizando — conta Michel. — É uma pedra grande e no final tem um desnível, como uma parede, de 6 metros de altura. A parte de baixo não é uma grande piscina, fica pouca água acumulada.
O acidente aconteceu quando os irmãos estavam sentados muito próximos da beirada de uma pedra que, conta Michel, não tem inclinação acentuada. O motivo da queda foi, na tentativa de se levantar, terem escorregado na pedra. Eles estavam descalços, o que pode oferecer riscos nesses ambientes. Os dois ainda tentaram se segurar a galhos e vegetação próxima, mas não conseguiram.
— O rapaz estava em estado de choque muito grande, parecia ter o maxilar quebrado, com feridas no rosto. Ele estava com muito frio, ficou imobilizado no chão, o cobrimos com camisas, com a mochila. Na hora em pedi a ele para levantar o pé para tirar da água, ele estava consciente, e conseguia mexer as pernas, o que me deixou mais tranquilo sobre não ter havido danos na medula — conta Michel.
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A jovem estava com uma fratura exposta em uma das pernas. O cinegrafista conta que ligou para os bombeiros para dar a localização exata onde estavam no parque, por conhecer bem a região. Foram menos de 40 minutos de espera.
Michel segue em contato com a mãe de uma das jovens que estava no passeio. Ela contou que os dois irmãos passaram por cirurgia recentemente e seguem bem, e foram transferidos para uma unidade de saúde particular. As mães dos jovens estava no passeio, mas não chegou a acessar o lugar em que eles caíram. Por estar muito nervosa, a namorada e um amigo de Michel que o acompanhavam na trilha deram suporte a ela até a chegada do resgate.
Michel Coeli falou sobre o caso em seu perfil no Instagram (@michelcoeli), também numa forma de alertar sobre riscos e cuidados em ambientes de cachoeiras. O fotógrafo conta que recebeu diversos relatos de casos com acidentes, alguns com mortes, em meio à natureza, em especial por quedas.
— Normalmente paro nesse ponto em que eles caíram para pegar água durante a trilha. É um lugar que parece não ser perigoso porque é quase plano. Tinha que ter um cabo, uma corda com placa avisando para ter um limite, para não ultrapassar — destaca Michel — Também é preciso estrutura para lidar com uma emergência — pontua.
A trilha onde está a cachoeira tem um percurso por área de mata do Parque Lage — que faz parte do Parque Nacional da Tijuca (PNT) desde 2004 — até o Cristo Redentor. A área recebe diversos visitantes, de diferentes idades. Em nota, o PNT destacou que equipes prestaram apoio ao trabalho de resgate feito pelos bombeiros no último domingo.
O percurso de 3,8 km da trilha faz parte da Transcarioca, que corta toda a cidade do Rio, é classificado como nível moderado. Para caminhar em área de mata exige cuidados e preparos, que vão desde estar com calçado e roupas adequadas, ter suprimentos (como água e lanche) e estar acompanhado por profissionais ou pessoas experientes. O Parque Nacional da Tijuca compartilha algumas dicas, como:
- Todos os visitantes devem respeitar o horário de funcionamento da área verde do Parque Lage (das 8h às 18h), quando o parque tem funcionários que prestam apoio à visitação. A trilha Parque Lage-Corcovado, por exemplo, abre para os turistas às 8h, sendo o último horário para subir às 15h, para que haja tempo de subir e descer ainda no horário de visitação;
- As características naturais do Parque oferecem riscos inerentes a lugares como esta Unidade de Conservação, o que inclui, por exemplo, picadas de insetos e animais peçonhentos; queda e/ou rolamento de pedras/trilhas/cachoeiras; quedas de árvores e galhos; raios, terrenos escorregadios; variações bruscas das condições do tempo, etc. Por isso, mesmo em atividades permitidas, ao entrar no Parque, os visitantes são inteiramente responsáveis pela própria segurança, devendo avaliar e assumir os riscos das atividades que forem realizar dentro da Unidade de Conservação.
- Os turistas devem se manter nas trilhas sinalizadas do Parque e não devem utilizar acessos ou saídas de serviço ou trechos/atalhos não sinalizados e/ou interditados;
- Antes de acessar as trilhas, pesquise sobre o percurso e a dificuldade do trajeto que deseja percorrer e avise a parentes, amigos ou conhecidos que você irá fazer uma trilha no Parque Nacional da Tijuca;
- Utilize calçados adequados, fechados (como tênis) e de boa aderência ao solo (não vá de chinelo ou sandálias); leve protetor solar, repelente, água e um lanche leve; procure se vestir de acordo com as condições do tempo no período em que você escolher realizar a trilha (cheque, antes, a previsão do tempo);
- Se você não se sentir seguro, contrate um guia especializado (o Parque não oferece serviço de guia turístico);
- Utilize os acessos oficiais e registre seus dados nas guaritas do Parque antes de começar a trilha;
- No caso de acidentes, os visitantes devem acionar o Corpo de Bombeiros, por meio do telefone 193, ou a Polícia Militar, no 190.

