Antes em fitas cassete, discos de vinil e CDs, agora em playlists nos aplicativos de streaming, diversas são as músicas que os brasileiros levam da infância para a vida. Há 30 anos, uma dupla de artistas tem marcado diferentes gerações com suas canções: Sandra Peres e Paulo Tatit, da Palavra Cantada. De sábado (3) até agosto, os dois serão os homenageados da mais nova exposição do Itaú Cultural, localizado na Avenida Paulista, em São Paulo.
Na primeira mostra dedicada ao público infantil da série Ocupação (onde o centro homenageia figuras marcantes do cenário nacional), a exposição estiliza uma casa daquelas típicas de bairro que resistem na capital paulista. Do quintal ao sótão, da sala à cozinha, a casa é inspirada no imóvel que Sandra e Paulo mantêm em São Paulo como estúdio, arquivo de acervo e local de trabalho. Além da equipe do Itaú Cultural, a curadoria é assinada pelos próprios músicos.
— A ocupação mostra todos os caminhos pelos quais passamos e tudo o que fizemos. Algumas coisas às vezes nem lembramos, porque a nossa trajetória é imensa dentro desse nicho. Tenho mais da metade da minha vida dedicada à Palavra Cantada. Nós fomos, temos sido e continuamos sendo comprometidos com o que dizemos, escrevemos e sentimos. Como não fazemos uma ‘música de moda’, que segue uma estrutura de comportamento musical, acaba que nossa música vai sendo eternizada — disse Sandra Peres.
A partir de fotografias, vídeos, instrumentos, figurinos e bonecos guardados pela dupla desde o início da carreira, a instalação explora as emoções vibrantes trabalhadas por Sandra e Paulo em seus 20 álbuns e 400 músicas. É um mergulho que vai do álbum de estreia, o “Canções de ninar”, de 1994, até o mais recente, “Cenas infantis”, lançado no ano passado em comemoração aos 30 anos de Palavra Cantada.
— Nunca paramos de produzir, estamos sempre gravando algo, então sempre fomos plurais. A criança exige outras coisas, exige que você se renove, que mude… Nós fomos nos acostumando a fazer uma música que tem sempre um elemento infantil, mas que também não é totalmente assim. Não pensamos nas crianças como em estado de euforia o tempo todo, pulando e sorrindo, mas pensamos que elas também sentem, que estão em seus mundos e que também observam o mundo adulto — conta Paulo Tabit.
Os cômodos coloridos são todos interativos, repletos de estantes, gavetas e portas com surpresas ao alcance do olhar e do toque das crianças. Segundo Tânia Rodrigues, curadora da mostra, os objetos foram colocados em uma altura mais baixa, com cerca de 1,35 metro, para que o público infantil possa realmente mexer e aproveitar o espaço expositivo.
— Nós tivemos essa preocupação de transformá-la numa coisa educativa e lúdica ao mesmo tempo. Queríamos que as crianças pudessem realmente mexer. O espaço é como uma casa de vó, de mãe, então eles podem mexer em tudo, abrir o fogão, a geladeira, cantar no karaokê — disse a curadora. — Mas nosso objetivo também é incentivar os pais e os avós das crianças, que convivem com o Palavra Cantada há 30 anos, a trazerem também suas crianças interiores.
De fato, mesmo que o espaço seja dedicado às crianças, a emoção reinará entre os adultos que visitarem a ocupação. Ao atuarem há décadas no cenário musical nacional, Sandra e Paulo têm dialogado, ensinado e influenciado diferentes gerações, principalmente ao trabalharem ao mesmo tempo temas lúdicos e assuntos atuais. Canções como “Pindorama”, “Criança não trabalha” e “Peixe vivo” estão frequentemente presentes nas escolas e nos lares brasileiros, unindo poesia e educação.
“Ocupação Palavra Cantada” está no Itaú Cultural, na Avenida Paulista, até 03 de agosto. Terça a sábado, das 11h às 20h; domingos e feriados das 11h às 19h. A entrada é gratuita (os ingressos podem ser reservados pelo site ou adquiridos na hora, no próprio museu).
* Sob orientação de Pedro Carvalho