A Pixar sabia que “Elio”, uma aventura espacial original, provavelmente encontraria dificuldades de bilheteria em seu primeiro fim de semana em cartaz. Filmes de animação, baseados em histórias originais, tornaram-se mais difíceis de vender nos cinemas, mesmo para a antes imparável Pixar. Em um período em que os serviços de streaming têm se proliferado e a economia global está instável, as famílias querem ter certeza de que gastar o dinheiro com ingressos valerá a pena.
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No entanto, a estreia de “Elio” foi pior — muito pior — do que a Pixar esperava. O filme, que custou pelo menos US$ 250 milhões (cerca de R$ 1,3 bilhão) para ser feito e comercializado, arrecadou US$ 21 milhões (R$ 115 milhões) entre quinta-feira à noite e domingo, nos cinemas dos Estados Unidos e do Canadá, de acordo com a empresa Comscore, responsável por compilar dados de bilheteria. Este foi o pior resultado do fim de semana de uma estreia da Pixar. O parâmetro anterior era “Elementos”, que chegou a US$ 30 milhões (cerca de R$ 165 milhões) em 2023.
Há um mês, quando a campanha de marketing de “Elio” começou a acelerar, a Pixar e seu proprietário corporativo, Disney, esperavam que a animação, no pior dos casos, correspondesse ao número “Elementos”. Em vez disso, o longa ficou 30% abaixo.
Em um grande lançamento no exterior, “Elio” arrecadou US$ 14 milhões (R$ 77 milhões) adicionais, ao mesmo nível dos resultados internacionais iniciais de “Elementos”.
A qualidade não pareceu ser um fator determinante para bilheteria: As críticas de “Elio” foram, em sua maioria, positivas, e os compradores de ingressos deram ao filme nota máxima nas pesquisas de saída da CinemaScore. Já a pontuação de audiência do Rotten Tomatoes ficou em 91% positivo, no domingo.
Recentemente, a Pixar havia se recuperado do período difícil que passou durante a pandemia de Covid-19, quando a Disney enfraqueceu a marca do estúdio de animação ao usar seus filmes para construir o serviço de streaming da Disney+, ignorando completamente os cinemas. No ano passado, “Divertidamente 2” foi o filme número 1 de bilheteria global, vendendo US$ 1,7 bilhão (R$ 9 bilhões) em ingressos.
Apesar disso, analistas afirmam que ideias originais animadas estão em baixa quando se trata de bilheteria. A Pixar não está sozinha. Em 2023, “Ruby marinho, monstro adolescente”, da DreamWorks Animation, conquistou apenas US$ 5,5 milhões (aproximadamente R$ 30 milhões) em vendas no fim de semana de abertura. A animação “Patos!”, da Illumination Animation, chegou aos US$ 12 milhões (R$ 66 milhões) no mesmo ano.
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O problema para a Pixar é que seus originais permanecem extremamente caros. “Ruby marinho” e “Patos” custaram 50% menos que “Elio”. Os filmes da Pixar ainda são produzidos inteiramente nos Estados Unidos, aumentando os custos trabalhistas. Alguns outros estúdios começaram a recorrer à produção no exterior.
No domingo, a Disney disse que espera que um público mais amplo dê uma chance a “Elio” nas próximas semanas. A empresa ainda utilizou “Elementos”, que superou as fracas vendas iniciais e acabou arrecadando quase US$ 500 milhões (R$ 2 bilhões) em todo o mundo, como exemplo.
Ultimamente, as famílias possuem muitas opções de filmes para assistir no cinema. O remake do sucesso da Universal, “Como treinar o seu dragão”, por exemplo, consolidou-se como o filme número 1 na América do Norte, durante o último fim de semana, com US$ 37 milhões (R$ 204 milhões) em vendas de ingressos.
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O segundo lugar foi para o filme de terror “Extermínio: a evolução” (Sony Pictures), que estreou com cerca de US$ 30 milhões (R$ 165 milhões). David A. Gross, um consultor de cinema que publica uma newsletter sobre números de bilheteria, chamou esse total de “excelente”. Dirigido por Danny Boyle, “Extermínio: a evolução” custou cerca de US$ 60 milhões (R$ 331 milhões), sem incluir marketing e também arrecadou US$ 30 milhões adicionais no exterior. “Elio” foi o terceiro colocado entre os longas.