O Acre está em situação de emergência por conta das inundações dos rios que cortam o estado. Ao todo, nove cidades tiveram a condição reconhecida pelo governo federal nesta segunda-feira: Cruzeiro do Sul, Feijó, Mâncio Lima, Marechal Thaumaturgo, Plácido de Castro, Porto Acre, Rio Branco, Rodrigues Alves e Santa Rosa do Purus. Além delas, o município de Tarauacá também está em estado de emergência decretado pelo governo estadual desde terça-feira passada. Ao menos 862 famílias estão deslocadas de suas casas em todo o estado.

De acordo com o governo estadual, em boletim divulgado nesse domingo, apesar das cheias, os níveis dos rios das bacias hidrográficas do rio Laco, Purus, Tarauacá e Envira seguem dentro da normalidade, e a bacia do rio Acre apresenta vazante — momento em que o nível da água começa a apresentar diminuição.

Nesta segunda-feira, pela primeira vez desde o dia 10 deste mês, o rio Acre, que corta a capital, saiu da cota de transbordamento e chegou aos 13,72 metros. Na terça-feira passada, por exemplo, o rio apresentava o nível de 15,77 metros, quase dois acima da cota de inundação, que é de 14.

A cidade de Rio Branco (AC) durante a cheia do rio Acre — Foto: Jardel Angelim/Rede Amazônica

Rio Branco é a cidade mais afetada do estado e, de acordo com a Defesa Civil municipal, a cheia deste ano chegou em 43 bairros e afetou 31.318 pessoas, com quase 600 famílias desalojadas e mais de 170 desabrigadas. Apesar da vazante, as famílias levadas aos abrigos ainda precisarão permanecer nos locais até o fim do mês, até que todos os protocolos necessários sejam cumpridos.

Em Tarauacá, a cerca de 400 km da capital, cinco mil pessoas foram atingidas até o momento. No último sábado, o governador do estado, Gladson Camelí, visitou a cidade para prestar apoio aos afetados. Toneladas de alimentos e centenas de colchões estão sendo arrecadados para serem utilizados pelos cidadãos que permanecem nos abrigos. Já em Cruzeiro do Sul, que fica a cerca de 91 km de Rio Branco, o nível do rio Juruá está marcando 13,79 metros — a cota de transbordo é de 13 — e 197 famílias estão sem energia elétrica.

  • Cruzeiro do Sul: 34 famílias desalojadas e 197 sem energia elétrica.
  • Feijó: Sem registro de famílias fora de casa.
  • Mâncio Lima: Sem registro de famílias fora de casa.
  • Marechal Thaumaturgo: Sem registro de famílias fora de casa.
  • Plácido de Castro: 2 famílias desalojadas e 6 isoladas, além de 150 pessoas isoladas em zonas rurais.
  • Porto Acre: Uma família permanece desalojada.
  • Rio Branco: 769 famílias entre desabrigadas e desalojadas.
  • Rodrigues Alves: Sem registro de famílias fora de casa.
  • Santa Rosa do Purus: Sem registro de famílias fora de casa.
  • Tarauacá: 50 famílias desabrigadas.

O decreto de emergência emitido pelo estado do Acre tem validade de 180 dias e institui Situação de Emergência de Nível 2. O documento autoriza medidas administrativas urgentes para a instalação de abrigos, fornecimento de insumos e mobilização de recursos para o enfrentamento da crise, mesmo nas cidades sem ocorrências de pessoas deslocadas de suas casas.

A cidade de Cruzeiro do Sul, no Acre, com a cheia do rio Juruá — Foto: Reprodução/Instagram/Governo do Acre
A cidade de Cruzeiro do Sul, no Acre, com a cheia do rio Juruá — Foto: Reprodução/Instagram/Governo do Acre

Decreto do Governo Federal

Nesta segunda-feira, por meio do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) e da Defesa Civil Nacional, o Governo Federal reconheceu mais oito cidades em estado de emergência além da capital Rio Branco, que teve a condição decretada na quarta-feira passada. O governo do Acre já havia decretado a situação de emergência em todas as nove cidades, além de Tarauacá, desde o dia 18.

A partir da ação, as prefeituras podem solicitar recursos do governo federal para ações de defesa civil, como compra de cestas básicas, água mineral, refeição para trabalhadores e voluntários, kits de limpeza de residência, higiene pessoal e dormitório, entre outros.

Em estado de emergência, Acre tem mais de 31 mil pessoas afetadas por inundações