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Em Gaza, 50 milhões de toneladas de escombros e falta de equipamentos desafiam busca por corpos de reféns israelenses; entenda

BRCOM by BRCOM
outubro 15, 2025
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Em dois anos de guerra, 80% das construções em Gaza foram destruídas ou danificadas — Foto: Arte / O Globo

Israel impôs restrições à ajuda humanitária destinada à Faixa de Gaza como retaliação ao Hamas por “não ter cumprido a sua parte no tratado” de entregar todos os corpos de reféns mortos no enclave, conforme exigido pelo acordo de cessar-fogo. A sanção, porém, esbarra no estado de devastação de Gaza que transforma a operação de busca em um “enorme desafio” logístico, como classificou Christian Cardon, porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). Soma-se a isso a falta de equipamentos destinados a este tipo de operação. Em agosto, por exemplo, o instituto de pesquisa da ONU estimou que o volume de resíduos de construção devastadas em Gaza é equivalente a 14 vezes os escombros gerados por todos os conflitos armados no mundo desde 2008.

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Apesar de o Hamas já ter sinalizado previamente que enfrentaria dificuldades para cumprir a exigência do acordo — que também reconhece os obstáculos na busca pelos corpos —, o Exército israelense anunciou nesta terça-feira que mais quatro corpos de reféns retidos por militantes no território foram recolhidos pelo CICV, ficando ainda outros 20 em Gaza. A operação ocorre após Israel decidir não reabrir a passagem de Rafah, na fronteira com o Egito — ponto previsto no cessar-fogo —, condicionando a medida à devolução completa dos restos mortais.

O acordo estipula que para cada corpo entregue pelo Hamas, Israel liberta 15 prisioneiros palestinos mortos. Em cumprimento, Israel liberou 45 corpos ao Hospital Nasser, em Khan Younis — mas, segundo Mohammed Zaqot, um funcionário da unidade ouvido pelo The New York Times (NYT), os corpos “vieram sem identificação, apenas numerados”.

Autoridades israelenses sustentam que o Hamas possui informações sobre os corpos, mas não todos. O grupo, por sua vez, admite que não possui localização precisa de todos os corpos escondidos durante a guerra. Negociadores afirmaram, inclusive, que Israel tinham ciência dessa limitação ao assinar o pacto — um descompasso que ameaça fragilizar a trégua.

Para recuperar os corpos, de acordo com autoridades ouvidas pelo NYT, o Hamas precisará dialogar com outras facções, remover escombros e examinar túneis destruídos. Sob condição de anonimato, três autoridades israelenses disseram que o acordo prevê a criação de uma força-tarefa conjunta, incluindo os EUA e outros mediadores, para compartilhar informações e ajudar a encontrar os restos mortais. A busca, ainda segundo o porta-voz do CICV pode levar “dias ou semanas” — ou que alguns corpos jamais sejam encontrados.

“As equipes do CICV estão tomando medidas para garantir que os mortos sejam tratados com respeito, incluindo providenciar sacos mortuários, veículos refrigerados e o envio de pessoal adicional para facilitar esse processo”, informou o CIVC em comunicado, divulgado nesta terça.

Para o especialista forense Sami Jundi, ex-perito do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos, o quadro complica-se ainda mais quando se trata dos escombros de Gaza.

— Os reféns foram mantidos em túneis, que ficam abaixo de edificações, a maioria bombardeada por Israel. E o Hamas dividiu os reféns vivos e mortos, como tática de guerrilha para não permitir que todos fossem resgatados ou mortos de uma vez só — afirmou Jundi em entrevista ao GLOBO. — A partir daí, eu vejo dois processos: um sobre a efetiva documentação da localização dos corpos e outro sobre a busca ativa, quando não há documentação.

  • Veja: Exército israelense diz que Cruz Vermelha Internacional recebeu restos mortais de outros quatro reféns em Gaza

O especialista ainda acrescentou que a destruição em Gaza amplia os desafios não só logísticos, mas humanos da operação.

— Na busca ativa, se os corpos estiverem mapeados, os escombros se tornam apenas obstáculos. Se não mapeados, os escombros, além de serem obstáculos, se tornam motivos de trabalho árduo e a possibilidade de ter sido em vão — explica o especialista, acrescentando que “a procura pelos corpos precisa fazer parte do esforço internacional”. — A busca é feita por pessoas desnutridas, que retiram toneladas de escombros manualmente, pois em Gaza não há maquinário. Beira o impossível.

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  • Mais de 20 anos para limpar os escombros
      • Em Gaza, 50 milhões de toneladas de escombros e falta de equipamentos desafiam busca por corpos de reféns israelenses; entenda

Mais de 20 anos para limpar os escombros

Antes da guerra, Gaza já era densamente urbanizada. Em dois anos de confrontos, foi transformada em um terreno de escombros. De acordo com um mapeamento feito por Adi Ben-Nun, diretor do Centro de Sistemas de Informação Geográfica da Universidade Hebraica, encomendado pelo Haaretz em julho, cerca de 160 mil construções – cerca de 70% de todas as estruturas do enclave – sofreram danos severos (pelo menos 25% estão totalmente destruídos), tornando-as inabitáveis.

A ONU estima que o peso dos entulhos de construção em Gaza totaliza cerca de 50 milhões de toneladas — aproximadamente 137 quilos de entulho por metro quadrado no enclave. A previsão é de que levaria 21 anos, com investimento de US$ 1,2 bilhão (mais de R$ 6 bilhões), para limpar a Faixa de Gaza.

Em dois anos de guerra, 80% das construções em Gaza foram destruídas ou danificadas — Foto: Arte / O Globo

Para as famílias que não receberam os restos mortais de seus entes queridos na última segunda-feira, foi um final amargo para um dia que, de certa forma, seria alegre pela libertação dos últimos 20 reféns vivos de Gaza.

Nesta terça-feira, o Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas endereçou uma carta ao enviado especial dos EUA ao Oriente Médio, Steve Witkoff, expressando sua preocupação com o retorno dos reféns falecidos. “O que temíamos está acontecendo diante dos nossos olhos”, afirmou o fórum. E, na sequência, eles instaram o enviado a “fazer tudo o que estiver ao seu alcance e a exigir que o Hamas cumpra sua parte do acordo e traga todos os reféns [mortos] restantes para casa”.

O fórum também anunciou que realizará uma reunião de emergência devido à “violação do acordo assinado e aos temores de que os 25 reféns em cativeiro sejam sacrificados”, apelando a Israel e aos mediadores para que suspendam a implementação do cessar-fogo.

O presidente dos EUA, Donald Trump, também criticou o Hamas na terça-feira, dizendo que “o trabalho não está concluído”. “Os mortos não foram devolvidos, como prometido”, escreveu Trump em sua plataforma Truth Social.

  • Do cativeiro à liberdade: veja o antes e depois dos reféns israelenses libertados pelo Hamas

Em um discurso recente, o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, disse que qualquer atraso deliberado na entrega será considerado “violação flagrante do acordo” e respondido.

Do lado palestino, equipes designadas pelo Egito — uma das nações mediadoras do armistício, ao lado da Turquia e do Catar, além dos EUA — dentro de Gaza trabalham para achar os corpos dos israelenses, segundo reportagem do canal de notícias al-Araby, do Catar.

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