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Entenda como tarifas, boicotes e preços altos estão deixando Las Vegas mais vazia

BRCOM by BRCOM
outubro 13, 2025
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Um letreiro antigo faz parte do acervo do Neon Museum, que preserva parte do passado iluminado de Las Vegas, nos Estados Unidos — Foto: Tag Christof/The New York Times

Ao norte da famosa Strip de Las Vegas, existe um cemitério de relíquias que lembra as ambições grandiosas de seus áureos tempos: são placas de metal amassadas e lâmpadas de neon ainda zumbindo espalhadas na poeira do deserto, dando as boas-vindas a um centro urbano tão diversificado quanto as empreitadas extintas que já abrigou: as penas pink do Flamingo Las Vegas Hotel & Casino original; a cereja vermelha do Red Barn em uma taça de martini, homenagem a um dos primeiros bares gays da cidade; a “Happy Shirt” dançante da Steiner Cleaners, antiga lavanderia de Liberace. São lembranças de lugares há muito fechados em uma cidade que se reinventou várias vezes.

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De acordo com o folheto, o Museu Neon preserva essas lembranças para homenagear o “passado, o presente e o futuro vibrantes” de Las Vegas — mas para muitos, a palavra que descreve o momento atual é outra. Para Mark Rumpler, de 66 anos, imitador de Elvis há quase 20, ele é “difícil”; para Sean McBurney, diretor comercial da Caesars Entertainment, que opera vários cassinos e resorts na Strip, incluindo o Caesars Palace, o verão foi “turbulento”.

Um letreiro antigo faz parte do acervo do Neon Museum, que preserva parte do passado iluminado de Las Vegas, nos Estados Unidos — Foto: Tag Christof/The New York Times

Aaron Berger, diretor executivo da entidade, disse que as dificuldades de crescimento não são novidade, lembrando que Las Vegas começou como uma cidade ferroviária em 1905, tornando-se a ligação entre Los Angeles e Salt Lake City durante a Corrida do Ouro, antes de se voltar para o jogo e a hospitalidade, abrindo o primeiro resort temático em 1941.

Na década de 1990, focou o entretenimento e a alta gastronomia antes de se tornar o que é hoje — meca dos esportes, sede do Golden Knights da NHL desde 2017, seguido pelo Aces da WNBA em 2018, pelo Raiders da NFL em 2020 e atualmente se preparando para a chegada do A’s da MLB em 2028.

Ao longo dessas muitas transformações, resistiu bravamente principalmente como opção acessível, com hotéis razoáveis e bufês fartos; entretanto, a versão atual está passando por uma recessão turística, com queda de 11% no volume de visitantes desde o ano passado, de acordo com a Autoridade de Convenções e Visitantes local.

Um quiosque que vende ingressos e suvenires no hotel Venetian, em Las Vegas: movimento abaixo do esperado — Foto: Tag Christof/The New York Times
Um quiosque que vende ingressos e suvenires no hotel Venetian, em Las Vegas: movimento abaixo do esperado — Foto: Tag Christof/The New York Times

A divulgação desses números em agosto provocou pânico e reação negativa, não só em Las Vegas como em todo o país, à medida que outras cidades se prepararam para impacto semelhante. A diminuição da confiança do consumidor, um boicote canadense e as consequências das tarifas contribuíram para o declínio do turismo internacional em lugares como São Francisco e Nova York.

— A saúde da economia daqui depende muito do ciclo econômico dos EUA. Somos um tipo de termômetro que muitas vezes antecipa o que está prestes a acontecer no resto do país, seja crescimento ou desaceleração — explicou Andrew Woods, diretor do Centro de Pesquisa Econômica e Empresarial da Universidade de Nevada em Las Vegas.

Embora a queda seja significativa, a diferença visível é sutil. Em noite recente, a boate Omnia estava lotada, mas não havia filas na porta; os forasteiros se reuniam em torno das mesas dos restaurantes de chefs famosos, mas havia menos turistas nas praças de alimentação; os gondoleiros cantavam para seus passageiros, mas muitos barcos flutuavam vazios; as pessoas circulavam pelos cassinos, mas, embora as máquinas caça-níqueis fossem disputadas, as mesas de carteado estavam meio vazias.

Visitantes caminham pelos corredores do shopping que funciona dentro do hotel Bellagio, em Las Vegas — Foto: Tag Christof/The New York Times
Visitantes caminham pelos corredores do shopping que funciona dentro do hotel Bellagio, em Las Vegas — Foto: Tag Christof/The New York Times

Las Vegas pode estar longe de ser uma cidade fantasma, mas não é aquela com a qual as empresas locais costumam contar para ganhar dinheiro.

— Tem menos gente, sim, sem dúvida — afirmou Lane Olson, de 61 anos, gerente do café PublicUs, no Centro, que depende muito dos turistas e que, apesar de um período breve de grande movimento na hora do brunch, estava meio vazio na hora do almoço. — Isto aqui já tinha de estar lotado, com fila inclusive. Em dez anos de história, aumentei os preços uma única vez, por causa do reajuste vertiginoso dos ovos, há pouco tempo. Não quero repetir a dose, mas se o movimento continuar fraco assim, serei obrigado a mexer outra vez.

A família Stüttgen, alemã, hospedada no hotel Paris, na Strip, comia ovos a uma mesa próxima. Thomas, de 43 anos, contou que gastou US$ 100 em um café da manhã que provavelmente custaria US$ 30 na terra natal; também achou Los Angeles e São Francisco caras. A geopolítica, entretanto, não impediu que sua mulher Tina, de 42 anos, e as filhas Lara, de 12, e Alina, de 16, explorassem o Centro:

— Viemos para conhecer essa cidade meio esquisita.

Mark Rumpler, imitador de Elvis, conversa com turistas perto da placa histórica que lhes dá as boas-vindas a Las Vegas, nos EUA — Foto: Tag Christof/The New York Times
Mark Rumpler, imitador de Elvis, conversa com turistas perto da placa histórica que lhes dá as boas-vindas a Las Vegas, nos EUA — Foto: Tag Christof/The New York Times

Já para os canadenses, a história é outra; no ano passado, dos cerca de cinco milhões de estrangeiros que Las Vegas recebeu, 1,4 milhão saiu do país vizinho, fazendo dele a maior fonte de visitas internacionais, segundo a Autoridade de Convenções e Visitantes.

Porém, de acordo com a Administração de Comércio Internacional — que faz parte do Departamento de Comércio —, em junho esse movimento caiu quase 18%, motivado pela atitude belicosa de Trump. Para se ter uma ideia, se bater nos 20%, serão 280 mil turistas a menos do que no ano passado.

Rumpler, imitador de Elvis, que além de fazer sessões de fotos também realiza casamentos, confessou que os negócios estão em baixa:

— Para piorar, os europeus e os asiáticos não estão acostumados a dar gorjeta, o que complica ainda mais o que já estava difícil.

O antigo hotel Mirage, que está no processo de conversão para Hard Rock Hotel, em Las Vegas — Foto: Tag Christof/The New York Times
O antigo hotel Mirage, que está no processo de conversão para Hard Rock Hotel, em Las Vegas — Foto: Tag Christof/The New York Times

Preocupado com a queda, Steve Hill, CEO da Autoridade de Convenções e Visitantes, atravessou a fronteira em agosto para fazer um apelo.

— Todo mundo que faz parte do setor sabe que o Canadá não é apenas um amigo, é quase parte da família — disse Hill na reunião do conselho de turismo em setembro, informando também que faria uma viagem semelhante para Hong Kong.

Ao mesmo tempo, o órgão lançou uma nova campanha publicitária, “Bem-vindos à fabulosa Las Vegas”, na tentativa de recapturar a magia do slogan do início dos anos 2000, “O que acontece aqui, fica aqui”, de enorme sucesso até hoje. O anúncio do lançamento da peça aproveitou para destacar as áreas acessíveis — como as casas que oferecem costela por US$ 15,99, por exemplo, na Fremont Street, movimentada e repleta de artistas de rua. Segundo Woods, ressaltar esse detalhe é importante.

Um letreiro de neon antigo restaurado, na East Fremont Street, no Centro de Las Vegas — Foto: Tag Christof/The New York Times
Um letreiro de neon antigo restaurado, na East Fremont Street, no Centro de Las Vegas — Foto: Tag Christof/The New York Times

— Foi a incerteza econômica que causou a queda no turismo interno.

Em uma terça-feira recente, os artistas da rua definhavam no calor, tendo apenas um pequeno grupo para entreter.

— Comparado com o ano passado o negócio está tão lento que já parece estar nas últimas. Antigamente, a gente chegava a vender mais de US$ 20 mil aos sábados; na temporada de verão deste ano, ficou só em US$ 3 mil — lamentou Fernanda Orozco, de 58 anos, gerente da loja de suvenires Viva Vegas.

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‘Brigando para manter a imagem’

Uma gôndola usada por turistas no hotel Venetian, em Las Vegas — Foto: Tag Christof/The New York Times
Uma gôndola usada por turistas no hotel Venetian, em Las Vegas — Foto: Tag Christof/The New York Times

A última vez que Las Vegas se viu tão devagar foi durante a pandemia, quando praticamente parou, pois foi projetada em torno de atividades não essenciais, como festas, jogos de azar e shows bombásticos. Em meados de 2021, com a retomada das viagens, o movimento voltou com força total, e a demanda por reservas de piscinas, ingressos para jogos de basquete universitário e hotéis voltou a subir.

Claro que os preços seguiram o mesmo caminho: em agosto de 2019, a diária média era de US$ 120,96; este ano, foi de US$ 162,38, mas pode chegar a valores bem mais salgados: o Venetian, por exemplo, oferece quartos por até US$ 1.112, sem as taxas.

— Quando começou a febre de querer a colocar as viagens em dia, a demanda disparou e os hotéis e resorts quiseram se aproveitar disso — disse Woods.

Agora, essa exorbitância inclui tudo, desde o estacionamento até a garrafa de água. As taxas de resort (normalmente em torno de US$ 50 por diária, mais as tarifas de quarto e os impostos); o preço dos eventos na Sphere, inaugurada em 2023, (com ingressos para o filme “O Mágico de Oz” custando entre US$ 109 e US$ 349); e do Allegiant Stadium (onde o ingresso mais barato para o jogo do Las Vegas Raiders, em 28 de setembro, saiu por US$ 297, no mínimo) geraram até protestos.

— Las Vegas construiu uma imagem e agora tem de lutar para mantê-la. Acontece que a construção da Sphere custou US$ 2 bilhões; a do Allegiant Stadium, idem. É uma questão de matemática, não de ganância — explicou Guy Martin, presidente da Martin-Harris Construction, maior empreiteira da cidade

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