O júri chegou a um veredito para quatro das cinco acusações no julgamento de Sean “Diddy” Combs por tráfico sexual, mas não alcançou um acordo sobre o crime de associação criminosa. Os jurados voltam a se reunir nesta quarta-feira para deliberar e, caso não cheguem a um consenso, o tribunal poderá solicitar a carga Allen.
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A carga Allen, também conhecida como carga dinamite, é uma ação que visa incentivar a continuidade das deliberações, a fim de que se possa alcançar um veredito unânime. A prática, vista como comum nos tribunais dos Estados Unidos, ocorre cada vez que existe um impasse na decisão de um caso e é utilizada para evitar anulações de julgamentos — o que pode ocorrer caso o júri não consiga tomar uma decisão.
De acordo com a Cornell Law School, a faculdade de direito da Universidade Cornell, em Nova York, a medida, apesar de legal, pode ser considerada controversa, uma vez que existem reclamações a respeito da existência de uma pressão excessiva para que parte do júri mude de lado. Sendo assim, as opiniões minoritárias tenderiam a ceder ao pensamento da maioria.
Em nota ao juiz Arun Subramanian, nesta terça-feira, o júri não especificou se o veredito sobre quatro das cinco acusações contra Diddy, de 55 anos, foi de culpa ou inocência. “Chegamos a um veredito sobre as acusações 2, 3, 4 e 5. Não conseguimos chegar a um veredito sobre a acusação 1, por termos jurados com opiniões difíceis de conciliar”, diz o texto.
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Na acusação 1, Diddy é apontado como líder de uma organização criminosa que obrigava mulheres a participar de longas orgias com profissionais do sexo. O rapper também enfrenta duas acusações de tráfico sexual e duas de transporte para fins de prostituição.
O elemento central consiste em que Diddy é acusado de liderar uma organização criminosa de funcionários do alto escalão que “existiam para atender às suas necessidades”, e que ele exercia seu poder com crimes como trabalhos forçados, distribuição de drogas, sequestro, suborno, manipulação de testemunhas e incêndios criminosos.
O advogado de defesa ressaltou que nenhum desses indivíduos depôs contra Diddy nem foi nomeado cúmplice. Para condenar o rapper por associação criminosa, o júri deve determinar que a acusação provou que ele orquestrou com pessoas de sua organização pelo menos dois dos oito crimes que compõem a acusação de crime organizado.
Os oito homens e quatro mulheres que formam o júri devem chegar a uma decisão unânime sobre cada acusação. Eles vão se basear nos depoimentos das 34 testemunhas que depuseram no julgamento de quase dois meses, assim como em milhares de registros telefônicos, financeiros e de e-mail apresentados pela acusação.
Diddy, de 55 anos, pode pegar prisão perpétua se for condenado. A defesa alegou que as mulheres que agora o acusam, que participaram de orgias sexuais com profissionais do sexo pagas e organizadas pelo magnata, eram adultas e tomaram suas próprias decisões.
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Duas das denunciantes — a cantora Casandra “Cassie” Ventura e outra ex-parceira, que depôs sob um pseudônimo — tiveram relacionamentos longos com o fundador da Bad Boy Records. A defesa trabalhou para minar sua credibilidade, alegando que elas o fizeram por dinheiro e prazer, e refutou a acusação mais grave, de crime organizado.
O advogado de Diddy ressaltou que ele é “um empresário negro bem-sucedido e autodidata” e, embora tenha reconhecido que os relacionamentos do rei do hip-hop com suas ex-parceiras fossem “complicados” — envolvendo até mesmo violência doméstica —, alegou que ele não foi acusado por isso. Apesar de pouco ortodoxas, as relações sexuais eram consentidas, enfatizou a defesa.
Diddy não prestou depoimento, nem era obrigado a fazê-lo. A defesa não apresentou nenhuma testemunha, o que é comum em julgamentos criminais, uma vez que cabe à acusação provar a culpa do réu.