Após meses preso, o barista Massimo Ferretti deixou a prisão de Busto Arsizio, na Itália, e voltou para casa, onde cumprirá prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica. Ferretti é um dos réus no caso do assassinato de Fabio Ravasio, atropelado e morto enquanto pedalava na cidade de Parabiago, em agosto de 2024. O crime, conforme apontam investigações, foi orquestrado pela brasileira Adilma Pereira Carneiro, companheira da vítima e ex-companheira de Ferretti.
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Adilma teve apoio de outras sete pessoas, entre elas o próprio filho, segundo a polícia. Em seu último depoimento, o Massimo Ferretti deu detalhes sobre os bastidores do crime. De acordo com o barista, as reuniões para planejar a emboscada aconteceram em seu bar, onde ele forneceu informações sobre a rotina de Ravasio e participou da escolha do local onde o atropelamento criminoso ocorreria.
Segundo o jornal italiano Il Giorno, a advogada de Ferretti, Debora Piazza, diz que o cliente deseja, agora, “buscar justiça restaurativa e deixar o passado para trás”. O barista alega ter sido dominado por um “apego doentio” a Adilma.
O julgamento dos demais envolvidos foi adiado para o dia 14 de abril, segundo a imprensa italiana. A protelação se deve à necessidade de realização de uma perícia psiquiátrica em Marcello Trifone, que também mantinha relacionamento amoroso com Adilma e estava no veículo que matou Ravasio, conduzido pelo filho da brasileira.
Em 7 de abril, porém, duas figuras-chave da trama ainda prestarão depoimento. O primeiro, Mirko Piazza, foi identificado como “vigia” do crime. Além dele, também comparecerá ao tribunal Fabio Oliva, homem apontado como mecânico que teria preparado o carro usado no atropelamento criminoso.
Ravasio foi atropelado e morto em 9 de agosto de 2024. Inicialmente, a polícia tratou do caso como um acidente, mas investigações revelaram que tudo foi planejado por Adilma.
Segundo Ferretti, a brasileira teria convencido várias pessoas de que era vítima de violência doméstica e alegava que seu companheiro também molestava os filhos. Ela convenceu sete pessoas a matar Ravasio, incluindo o próprio filho, Igor Benedito, responsável por dirigir o carro e atropelar a vítima.
Antes disso, Adilma teria pressionado Ferretti a contratar um matador de aluguel. No entanto, como o serviço custaria 100 mil euros, ela convenceu pessoas do seu círculo a simular o acidente. As reuniões para planejar o crime teriam acontecido no bar Maison Café, de propriedade de Ferretti.
Após o atropelamento, Ravasio foi levado ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos. Adilma foi presa dias depois, sob acusação de planejar o assassinato de Ravasio, junto aos comparsas.
Segundo a juíza do caso, Anna Giorgetti, a brasileira teria arquitetado o crime por motivos financeiros, para ter acesso ao patrimônio de 3 milhões de euros de Ravasio, com quem tinha dois filhos. De acordo com a imprensa local, Adilma fez promessas de comprar casas para os cúmplices, muitos dos quais também eram seus amantes.
“Nada parece ser suficiente para ela: escrava da sua ganância, ela quer sempre mais, é brutal, fria e calculista. Duas vilas, uma casa na Riviera Francesa, uma fazenda, dois carros grandes e uma vida confortável e sem fazer nada não eram suficientes para ela. Ela pretendia levar tudo”, disse Giorgetti, segundo o Il Giorno.
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Nascida no Rio Grande do Norte, Adilma Pereira Carneiro viveu em São Paulo e tem uma vida envolta em diversos mistérios. Segundo o jornal italiano Corriere della Sera, ela foi detida com 12 quilos de cocaína há alguns anos.
Atualmente, é sócia de uma empresa de compra e venda de imóveis em Magenta, na Itália. Um dos envolvidos no crime afirmou que ela decidiu matar Ravasio porque “não suportava mais o marido”. Ele ainda confessou que Adilma havia prometido um apartamento de presente em uma casa de campo aos cúmplices.
Na imprensa italiana, ela é conhecida como a “Louva-a-Deus de Parabiago”, ou a “Viúva Negra Brasileira”, duas espécies cujas fêmeas são conhecidas por matar o macho após a relação sexual.
A brasileira vivia com Ravasio desde que os filhos gêmeos do casal nasceram, há 8 anos. Apesar disso, ainda era formalmente casada com Massimo Ferretti, 47, desde janeiro de 2016.
Segundo a juíza do caso, Ferretti era tão fiel à criminosa que a “apoiava mesmo em suas ações mais condenáveis”.
“Ela é uma mulher que coloca o dinheiro no centro da sua existência. Parece que Adilma Pereira Carneiro nunca está satisfeita”, escreveu o promotor na medida cautelar.
Em nome de Adilma, conforme relatou a imprensa italiana, constam um imóvel que supostamente foi financiado com 500 mil euros emprestados dos pais da vítima, valor que nunca foi restituído aos Ravasio, uma BMW, e uma casa na Riviera Francesa.
