BRcom - Agregador de Notícias
No Result
View All Result
No Result
View All Result
BRcom - Agregador de Notícias
No Result
View All Result

Facções criminosas estão em quase metade do território amazônico

BRCOM by BRCOM
novembro 19, 2025
in News
0
Território dominado — Foto: Criação O GLOBO

Quase metade do território da Amazônia Legal, composta por nove estados brasileiros, já tem a presença de facções ligadas ao narcotráfico e a crimes ambientais. No último ano, 344 dos 772 municípios que integram a região tinham pelo menos um grupo criminoso, como facções menores locais, além das oriundas do Nordeste e do Sudeste do Brasil e das estrangeiras. O número é 32% superior às 260 cidades mapeadas em 2022.

Os dados inéditos estão na 4ª edição do Cartografias da Violência na Amazônia, levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com o Instituto Mãe Crioula. O estudo foi publicado na manhã desta quarta-feira (19).

Território dominado — Foto: Criação O GLOBO

Segundo o mapeamento, a combinação entre vastas áreas, fronteiras extensas e permeáveis, baixa presença estatal e limitada capacidade de fiscalização favorece a atuação de diferentes grupos na Amazônia. Entre eles, facções criminosas, milícias, grileiros, empresários e agentes públicos.

Nos últimos anos, de acordo com o levantamento, o processo de interiorização da violência e diversificação das dinâmicas criminais favoreceu a consolidação da expansão territorial das facções.

O estudo discute como a Pan-Amazônia passou a ser um ponto central não apenas da fabricação da cocaína — o plantio da folha de coca, insumo necessário à sua produção, concentra-se em países andinos. Mas também do tráfico, figurando como corredor fundamental para o armazenamento e escoamento do produto ilegal para mercados internacionais.

— Não só a Amazônia brasileira, mas a Pan-Amazônia como um todo se tornou crucial para a gente pensar o tráfico de uma das drogas mais consumidas do planeta. É pelo interesse nessa região que a gente vê essa difusão desses grupos de forma tão consistente, inclusive com novas parcerias, como o CV vem fazendo com os cartéis internacionais. É um caminho sem volta — avalia Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

O levantamento revela que 258 municípios têm a presença de apenas uma facção. Outros 86 concentram disputas entre duas ou mais organizações, indicando áreas de conflito e instabilidade social.

Ao todo, 17 facções estão ativas na região, com destaque para a fluminense Comando Vermelho (CV) e a paulista Primeiro Comando da Capital (PCC). A presença de organizações estrangeiras, como o Tren de Aragua, o Estado Maior Central (EMC) e o Ex-Farc Acácio Medina, mostra o caráter híbrido e transnacional das dinâmicas criminais.

Pichações em diversas cidades amazônicas com ordens para as comunidades, com regras como “é proibido roubar”, mostram o grau de governança criminal exercido pelas facções. Os pesquisadores registraram as inscrições por toda parte — em placas de trânsito em São Luís, no Maranhão; na região do Mercado Adolfo Lisboa, em Manaus; em um conjunto habitacional em Rio Branco, no Acre; e até em um muro de escola pública em Altamira, no Pará.

O levantamento aponta uma tendência de arrefecimento da guerra sangrenta entre facções registrada anos atrás. Dos 344 municípios com presença de facções, 202 são controlados pelo Comando Vermelho. A facção fluminense tem uma forte presença nos estados da Amazônia Legal desde 2017, quando perdeu suas rotas de escoamento da droga na fronteira com o Paraguai, e se consolidou na região Norte.

Com um modelo de negócios menos hierárquico e que privilegia parceiras, o Comando Vermelho foi engolindo as facções locais, como a Família do Norte (FDN) e os Crias, no Amazonas. Ao extinguir alguns grupos e se unir a outros, acabou se fortalecendo.

O CV, assim como o PCC em outras regiões do país, atualmente controla toda a cadeia da droga. Na tríplice fronteira com a Colômbia e o Peru, como mostrou o GLOBO, a organização criminosa driblou intermediários, associou-se a carteis internacionais e passou a negociar a compra diretamente com os grandes fornecedores de entorpecentes.

O CV também controla a chamada rota do Solimões, uma via fluvial disputada por cartéis de drogas do Hemisfério Sul, facções brasileiras e piratas de rios. Como em quase todo o Amazonas, o CV conseguiu alcançar a hegemonia criminal na fronteira ao extinguir à bala grupos rivais.

O levantamento mostra, por outro lado, uma estabilização da presença do Primeiro Comando da Capital, que tem intensificado o uso de rotas aéreas clandestinas para fazer frente ao domínio das rotas fluviais pelo CV. A facção aproveita pistas de pouso já construídas em garimpos ilegais e unidades de conservação para transportar a droga.

O conflito por territórios e pelo uso do solo é o principal indutor da violência nos estados da Amazônia Legal, de acordo com a pesquisa. A ação de facções ocupa um lugar central não apenas em função da dinâmica do narcotráfico, mas também em conexão com o avanço do desmatamento, de outros crimes ambientais e com disputas fundiárias.

Conteúdo:

Toggle
  • Queda nas mortes violentas
      • Facções criminosas estão em quase metade do território amazônico

Queda nas mortes violentas

Seguindo uma tendência nacional, a taxa de mortes violentas está em queda — em grande medida, pelo fim da guerra e pela hegemonia da facção fluminense. O índice passou de 29,5, em 2023, para 27,3, em 2024, uma redução de 7,7%, superior à do cenário nacional. Mortes violentas intencionais é uma categoria criada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública que inclui homicídios, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte e mortes em decorrência de intervenção policial.

A implementação de políticas públicas bem sucedidas na região é outra razão para a queda. Entre elas, a articulação entre as instituições de segurança pública estaduais e federais, como a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco), liderada pela Polícia Federal.

Apesar da redução, a taxa amazônica foi 31% maior que a brasileira em 2024. Enquanto o Brasil registrou 20,8 mortes por cem mil habitantes, a Amazônia Legal teve 27,3.

Facções criminosas estão em quase metade do território amazônico

Previous Post

‘Não vejo problema, é assim que me sinto à vontade’

Next Post

Russell Crowe revela como perdeu mais de 25 quilos aos 61 anos

Next Post
Russel Crowe como Hermann Goring em 'Nuremberg' — Foto: Divulgação

Russell Crowe revela como perdeu mais de 25 quilos aos 61 anos

  • #55 (sem título)
  • New Links
  • newlinks

© 2025 JNews - Premium WordPress news & magazine theme by Jegtheme.

No Result
View All Result
  • #55 (sem título)
  • New Links
  • newlinks

© 2025 JNews - Premium WordPress news & magazine theme by Jegtheme.