Neste domingo (5), o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM) e os jardins do Parque do Flamengo serão tomados por um encontro que une música, arte, memória e sustentabilidade. Trata-se da segunda edição do Festival de Artes e Saberes das Águas (Fasa), que ao longo do domingo propõe ao público uma imersão gratuita em atividades que vão de cortejos populares a concertos musicais, passando por feiras, oficinas criativas, palestras e narração de histórias.
- Caçador de tesouros por acaso: mergulhador resgata celulares, alianças e objetos perdidos no fundo do mar
- Defesa dos oceanos: colégio de Ipanema ganha selo da Unesco
Idealizado e dirigido por Pablo Castellar, o festival tem como fio condutor a simbologia das águas e busca transformá-las em inspiração artística e reflexão coletiva.
— O Fasa nasce do encontro entre a poética das águas e os saberes coletivos que elas guardam. É um festival que reconhece a água como fonte de inspiração e como espelho da nossa identidade cultural —afirma Castellar.
A programação começa cedo, às 9h, com o Passeio Fasa, uma caminhada performática guiada pelo arquiteto paisagista Eduardo Barra. O trajeto percorre os arredores do MAM e do Parque do Flamengo, destacando o legado de Roberto Burle Marx e a relação entre paisagismo, natureza e cidade. Ao longo do caminho, o público terá contato com apresentações artísticas de música e dança que transformam o passeio em experiência sensorial e simbólica.
A partir das 11h, no Bloco Escola do MAM, o grupo Costurando Histórias apresenta narrativas em que rios, mares e a força feminina das águas se entrelaçam em bordados transformados em obras de arte têxtil. Nos jardins, duas feiras movimentam a tarde: a Junta Local, com pequenos produtores de alimentos; e a Feira de Artesanato e Saberes das Águas, com peças criadas por artesãos de Paraty, como biojoias feitas de escamas de peixe e cestarias inspiradas no universo aquático. Enquanto isso, o cortejo dos Gigantes de Mangaratiba anima os arredores do aterro entre 13h30 e 15h, com dança, teatro e circo em pernas de pau, promovendo a valorização das tradições populares e da identidade cultural da Costa Verde.
- Voluntariado: doutorandos da UFRJ preparam cotistas para o mestrado
A música, um dos eixos centrais do festival, terá espaço de destaque ao longo da tarde. Às 15h, os Tambores de Olokum apresentam sua força percussiva tocando ritmos afro-brasileiros ligados aos orixás das águas. Logo depois, às 16h, sob a regência do maestro Marco Aurélio Lischt, os Canarinhos de Petrópolis apresentam um repertório inteiramente inspirado nos rios e mares, com obras de Dorival Caymmi, Pedro de Sá Pereira e Liduíno Pitombeira. Às 18h, encerrando a programação, o saxofonista Leo Gandelman sobe ao palco com seu quarteto para a estreia de “O saber das águas”, composta em parceria com Eduardo Farias especialmente para o festival. O concerto inclui também obras como “Castelo de areia”, “Ilhas do reggae” e “Solar”.
— A arte tem o poder de despertar consciência ambiental de forma sensível e profunda. É isso que buscamos ao trazer a água como inspiração e como metáfora —diz Gandelman.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/S/u/9KATtlTn6k26WzVBUH6Q/leogan-1.jpg)
Paralelamente, oficinas e ações formativas convidarão o público a vivenciar experiências de forma prática. A quilombola Sueli Martins ensinará técnicas tradicionais de cestaria em oficina no início da tarde. Em seguida, a artesã Andréa Garrido compartilhará a prática de confeccionar adereços com escamas de tainha, tradição que une sustentabilidade e criatividade em peças únicas. Mais tarde, às 17h, o grupo Tambores de Olokum conduzirá uma oficina de danças populares brasileiras. Na Cinemateca do MAM, a palestra “As artes como forma de despertar a consciência ambiental”, com participação de Leo Gandelman e Eduardo Barra e mediação de Pablo Castellar, ampliará o diálogo entre arte, natureza e educação.
- Time Out: Botafogo entra na lista, e bairro de São Paulo fica no top 3 dos mais descolados do mundo; veja os pontos altos de cada um e o ranking completo
O reconhecimento ao trabalho do festival vem também de fora do país. Este ano, o Fasa recebeu o endosso oficial da Organização das Nações Unidas, em alinhamento à Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável. A chancela da ONU, segundo Castellar, reforça a dimensão do projeto.
—O Fasa é um gesto de escuta e pertencimento. Mais do que inspiração artística, desejamos que a água seja compreendida como herança comum da humanidade— afirma o organizador.