Os carnavais e réveillons cariocas são alguns dos eventos para os quais a Fundação Cacique Cobra Coral (FCCC) — que diz controlar o clima — afirma atuar. Mas agora isso deve passar a ser feito do outro lado do mundo, já que a entidade recebeu um convite para se mudar para Xangai, na China. No entanto, tudo depende da aprovação do espírito do cacique, conforme explica Osmar Santos, porta-voz da FCCC.
Na prática, a atuação do espírito do cacique, incorporado pela médium Adelaide Scritori, é na interferência do clima. Nuvens de chuva, por exemplo, também podem ser desviadas em casos de ocasiões especiais ou em eventos privados, como shows e festivais. Já no caso das hidrelétricas brasileiras, a atuação é para que chova em suas áreas.
— Não há um limite geográfico. A atuação da fundação é de onde eu e Adelaide estivermos, entendeu? Quando é uma coisa mais específica, de grande porte, tem que ter mais precisão: então a gente vai pessoalmente. Mas muita coisa é feita à distância — diz Osmar Santos, porta-voz da FCCC.
Ao todo, 18 países, em três continentes, são atendidos pela fundação. Com a China, por exemplo, a “parceria” vem desde os jogos olímpicos de Pequim, em 2008. Osmar relata que os vínculos se fortaleceram durante a pandemia, quando a entidade teria sido acionada para antecipar o verão no país: havia o temor de, com o frio, as pessoas ficassem mais aglomeradas e a propagação do coronavírus se intensificasse, conta o porta-voz.
Agora, o convite, que partiu de empresários (uma proposta “irrecusável”, que não teve os valores divulgados), visa uma atuação mais próxima, voltada para um apoio à agricultura local, mas também diminuir a poluição através das chuvas.
— A gente só vai para lá (China) quando estiver tudo aprovado pelo (espírito do) cacique. Não tem data marcada ainda. Dependo da resposta do cacique, como ocorreu outras vezes. (No ano passado) Aconteceu uma proposta para ir para a Austrália, por exemplo: fui lá, visitei o imóvel, vi onde a gente ia ficar. Era uma área muito boa, mas o cacique vetou. Ele é quem dá a palavra final — conta Osmar, responsável por falar com Cobra Coral, quando Adelaide incorpora o seu espírito.
— Na época, ele falou que tinha muita coisa para ser feita aqui no Brasil, que não dava para se dedicar (para a Austrália) porque tinha uma cláusula de exclusividade. Isso foi o que mais pegou, porque ele falou que a ajuda tem que ser para o mundo. A gente pode estar à disposição para ajudar um país, mas tem que atender a todos que precisam de nossa ajuda — completa o porta-voz da fundação.
Recentemente, a entidade anunciou ainda um corte de 50% da ajuda aos Estados Unidos, para pressionar os americanos após a taxação também de 50% dos produtos brasileiros. Segundo Osmar, eles passaram a atender menos empresas estadunidenses, por exemplo, que temem atividade sísmica na Califórnia. Já no Brasil, os convênios com os governos são “isentos de ônus financeiro”. Por outro lado, os entes públicos precisam se comprometer a fazer a parte deles, como obras de desassoreamento de rios, por exemplo.
— Não entra dinheiro desses convênios governamentais. Eles têm que combater as causas, e a fundação combate os efeitos, em troca — explica Osmar, que cita haver acordos desse tipo atualmente com a prefeitura do Rio e o Ministério de Minas e Energia.
A última menção à fundação no Diário Oficial da cidade do Rio é de 2013, quando foi firmado um convênio com a Fundação Instituto de Geotécnica do Município do Rio de Janeiro (Geo-Rio), por quatro anos. Entre feitos em terras cariocas, a FCCC atribui sua atuação na melhoria do tempo durante a Cúpula de Líderes do G20, sediada no Rio no fim do ano passado. Na ocasião, os chefes de Estado foram recebidos pelo presidente Lula sob um céu azul, após dias seguidos de tempo ruim. Outro episódio lembrado é uma visita do ex-presidente Barack Obama, dos Estados Unidos, ao Rio: na ocasião, o espírito do Cacique Cobra Coral teria atuado para que não chovesse durante a visita das filhas de Obama ao Cristo Redentor.
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— (A prefeitura) chama nas horas que mais precisa: para carnaval, para isso, para aquilo. Quando a reunião do G20 estava quase ameaçada, por causa de chuva, foi publicado (noticiado) que o Dudu (Eduardo Paes) havia conversado com o cacique (risos). Foi um pedido que ele mandou para a médium ajudar, porque era uma coisa muito importante, e a fundação atendeu — conclui Osmar Santos.
Nos últimos tempos, os shows de Lady Gaga e Madonna na Praia de Copacabana foram sem chuva. Mas Osmar Santos pondera, no entanto, que parcerias com a iniciativa privada não são divulgadas pela entidade e que, por isso, não confirma se o bom tempo durante esses grandes eventos tiveram interferência da FCCC. A fundação também já participou do Rock In Rio, mas irritou a produção por causa de temporais que castigaram duas edições seguidas.
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Adelaide Scritori é filha de Ângelo Scritori, fundador da Fundação Cacique Cobra Coral, que morreu em 2002, aos 104 anos. De acordo com a descrição do site da FCCC, a entidade tem como missão “minimizar catástrofes que podem ocorrer em razão dos desequilíbrios provocados pelo homem na natureza”.
O espírito do Cacique Cobra Coral já teria sido Galileu Galilei e Abraham Lincoln no passado, de acordo com a descrição da fundação. Atualmente, a sede da entidade fica em Guarulhos, na Grande São Paulo. A movimentação atual poderia fazer com a China passasse a ter uma “base mais ativa” da FCCC.