BRcom - Agregador de Notícias
No Result
View All Result
No Result
View All Result
BRcom - Agregador de Notícias
No Result
View All Result

Gaeco Nacional é constitucional

BRCOM by BRCOM
abril 17, 2025
in News
0
Capa do audio - Vera Magalhães - Viva Voz

O Ministério Público Federal (MPF) criou, no início deste ano, seu Grupo Nacional de Apoio ao Enfrentamento ao Crime Organizado — Gaeco Nacional. Com o objetivo de otimizar e melhor coordenar os esforços no enfrentamento à criminalidade organizada, a instituição trouxe para o plano nacional um modelo de atuação já testado e em funcionamento no âmbito regional, tanto na estrutura do próprio MPF como também nos Ministérios Públicos estaduais.

  • Saúde: Anvisa torna obrigatória a retenção de receita para venda de canetas para emagrecer, como Ozempic

A medida de organização interna do trabalho ministerial segue alinhada com sólida jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF). Desde 2015, a Corte já firmou diversos precedentes reconhecendo a legitimidade do MP para conduzir investigações criminais de forma autônoma, com estrutura própria. Isso ocorreu em 2024, no Inquérito 3.983, relatado pelo ministro Edson Fachin, e se repetiu em 2025, na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3.806, da mesma relatoria.

  • Anistia: a estratégia do governo Lula para tentar anular a urgência na Câmara

Para o STF, a atuação investigativa do Ministério Público é compatível com os artigos 127 a 129 da Constituição, especialmente com o inciso I do artigo 129, que atribui ao MP a titularidade da ação penal pública e, por consequência lógica e doutrinária, o poder investigatório correlato. Em inúmeros países ocidentais, inclusive naqueles de tradição jurídica similar à nossa, é o MP que preside a investigação criminal, atribuindo à polícia a sua execução material.

Além disso, a Corte Interamericana de Direitos Humanos, em diversos julgamentos — como no caso Favela Nova Brasília versus Brasil (2017) e no caso Honorato e outros versus Brasil (2024) —, determinou que investigações de graves violações de direitos humanos, notadamente em situações de violência estatal, devem ser conduzidas por instituições independentes e imparciais, com garantias de autonomia funcional e técnica, requisitos plenamente preenchidos pelo MPF, que se estendem também a outros MPs.

Em relação à infraestrutura técnica, o MPF tem todas as credenciais para estruturar o novo órgão de apoio à persecução penal. O Gaeco Nacional terá apoio e trabalhará articulado com diversas unidades especializadas no âmbito da Procuradoria-Geral da República, como a Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise; a Secretaria de Cooperação Internacional; o Grupo de Atuação Especial no Combate aos Crimes Cibernéticos e aos Crimes Praticados mediante o Uso de Tecnologias de Informação; os Gaecos federais nos estados; a Unidade Nacional de Enfrentamento ao Tráfico Internacional de Pessoas e ao Contrabando de Migrantes; e as Câmaras Criminais temáticas.

A ideia de criação desse novo órgão na estrutura do MPF parte do pressuposto constitucional consolidado de que não há monopólio da investigação criminal no Brasil. A atuação do MPF é complementar e harmônica à da Polícia Federal, como exigem os princípios da eficiência e da colaboração entre instituições. Mas não se pode esquecer que é do MPF a responsabilidade de processar pessoas perante o Judiciário, o que acentua o seu interesse jurídico na qualidade da prova e na celeridade da resposta a incidentes ilícitos, notadamente na era da criminalidade digital.

O Gaeco Nacional, que funciona como gérmen de uma Procuradoria Nacional, é uma resposta necessária ao avanço do crime organizado. O órgão fortalecerá o sistema de Justiça Criminal, a proteção dos direitos individuais dos cidadãos e os interesses econômicos das empresas que atuam no Brasil.

Em lugar de lamentos corporativos, todo o sistema de Justiça Criminal deve celebrar o necessário reforço no enfrentamento à criminalidade organizada e unir forças com o MPF, para juntos trabalharmos por nosso país e pelos direitos fundamentais de nossos concidadãos.

*Vladimir Aras é procurador regional da República, doutor em Direito e especialista em gestão pública pela FGV, Danilo Dias é procurador regional da República, mestre em Direito e especialista em gestão pública pela FGV

Gaeco Nacional é constitucional

Previous Post

Brasil retoma a reforma agrária

Next Post

Governo Trump ameaça proibir Universidade Harvard de aceitar estudantes estrangeiros

Next Post
Governo Trump ameaça proibir Universidade Harvard de aceitar estudantes estrangeiros

Governo Trump ameaça proibir Universidade Harvard de aceitar estudantes estrangeiros

  • #55 (sem título)
  • New Links
  • newlinks

© 2025 JNews - Premium WordPress news & magazine theme by Jegtheme.

No Result
View All Result
  • #55 (sem título)
  • New Links
  • newlinks

© 2025 JNews - Premium WordPress news & magazine theme by Jegtheme.