A diretoria do Flamengo utilizou a reunião do Conselho Deliberativo na última terça-feira para justificar a liminar movida contra a Libra, para impedir os repasses relacionados à audiência previstas no acordo do grupo. O rubro-negro alega que, na atual situação, terá prejuízo de R$ 100 milhões nos cofres.
A sessão realizada na Gávea teve a participação do presidente Luiz Eduardo Baptista, o Bap, mas foi majoritariamente conduzida por Marcelo Campos Pinto, consultor do clube na Libra. Ele comparou a diferenças dos resultados financeiros entre o cenário de divisão apresentado pelo Flamengo e aqueles propostos pelo grupo.
— Todos continuam ganhando valores significativamente importantes quando comparado com o que ganhavam em 2024. E o Flamengo? Bem, no cenário da proposta Libra, ele ganhará, nas estimativas, R$ 197 milhões. Portanto, perde R$ 103 milhões por ano. Eu tenho que fazer um comentário aqui. O presidente Bap tem sido atacado, de uma forma um tanto quanto maliciosa, dizendo: “O Flamengo nunca perdeu R$ 100 milhões. Isso é balela. Isso é discurso de quem quer nos oprimir” — comentou Campos Pinto.
— Está aí o numero: ganhou 300, de acordo com a Ernst & Young. Na verdade, esse valor foi de 297, mas tem um pequeno arredondamento. Na proposta Libra, o Flamengo perderá R$ 103 milhões, quando comparado com 2024. E na proposta do Flamengo, ele vai continuar perdendo R$ 50 milhões. Isto prova, salvo melhor juízo de cada um de vocês, uma razoabilidade do Flamengo — completou.
Bap reforçou o argumento de prejuízo que o clube sofreria e fez comparação com os ganhos dos rivais Fluminense, Botafogo e Vasco na Liga Forte União. Da mesma forma, cutucou o Palmeiras, integrante do mesmo grupo do Flamengo.
— O Flamengo, na Libra, vai ganhar o mesmo que o Fluminense na Liga Forte. O Botafogo vai ganhar perto. Vasco, também. O Palmeiras vai ganhar mais do que ganhava anteriormente. É fácil ser generoso e socialista com o dinheiro dos outros, certo? — ironizou o presidente. — Alguns clubes posam de bonzinhos e generosos, quando na verdade, não perderam absolutamente nada de relevante em termos financeiros.
O Flamengo inviabilizou a Libra quando entrou na Justiça no dia 18 de setembro com um pedido de liminar para bloquear o pagamento da TV Globo pelos direitos de TV em relação à audiência dos clubes.
A disputa ganhou contornos jurídicos em função de uma série de irregularidades que, no entendimento do Flamengo, feriram o estatuto da Libra e motivaram tentativas do clube em ser ouvido “pacificamente”.
A atual diretoria rubro-negra fez questão de reforçar que não questionava o estatuto aprovado em setembro de 2024 pelo então presidente Rodolfo Landim. Mas, em fevereiro de 2025, já com Luiz Eduardo Baptista na presidência, começou a apontar que o estatuto precisaria ser complementado, e para isso, precisaria de uma decisão unânime em acordo.
A partir daí, o Flamengo elencou uma série de irregularidades processuais que passam pela condução do assunto pela Libra em suas Assembleias Gerais Extraordinárias este ano.
