Filha de Robert F. Kennedy, a advogada Kerry Kennedy descreveu a “dor” que ela e sua família sentiram ao verem as fotos publicadas pelo governo Trump da autópsia de seu pai, morto em 1968. O presidente Donald Trump assinou um decreto em janeiro para retirar o sigilo dos arquivos secretos restantes sobre os assassinatos do presidente John F. Kennedy, de seu irmão mais novo e ex-procurador-geral Robert F. Kennedy e do líder dos direitos civis Martin Luther King Jr., todos ocorridas na década de 1960.
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Após a divulgação na sexta-feira, lembrar de seu pai “será difícil de uma maneira nova e inimaginável”, publicou Kerry Kennedy no X.
“Não o veremos apenas como nos lembramos dele. Em vez disso, seremos confrontados com fotos gráficas e explícitas de seu corpo mutilado, retiradas de um relatório de autópsia”, acrescentou.
Trump havia dito em janeiro que “tudo será revelado” ao ordenar a divulgação dos registros, em uma aparente tentativa de esclarecer teorias da conspiração em torno dos assassinatos.
O republicano aceitou restrições de divulgação, por questões de segurança nacional, em uma ordem semelhante durante seu primeiro mandato, mas posteriormente prometeu a exposição dos registros completos.
A Diretora de Inteligência Nacional (DNI), Tulsi Gabbard, publicou na sexta-feira, também no X, que se sentia “honrada… em liderar os esforços de desclassificação e lançar luz sobre a verdade, há muito esperada”.
As dez mil páginas relacionadas a Robert Kennedy divulgadas esta semana serão seguidas por outras 50 mil descobertas “durante buscas em depósitos do FBI e da CIA”, acrescentou Gabbard.
Filho de Kennedy, Robert F. Kennedy Jr. tornou-se próximo de Trump e agora atua como chefe do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos.
O Kennedy mais novo questionou a conclusão oficial de que Sirhan Sirhan, nascido na Jordânia e condenado pelo assassinato de RFK em junho de 1968, foi o autor do disparo fatal. Ele pressionou Trump a divulgar todas as informações restantes.
Sirhan, que foi detido no hotel onde Kennedy, de 42 anos, continua preso. Alguns teóricos da conspiração sugeriram que um segundo atirador disparou o tiro fatal, mas uma revisão do FBI concluiu que “as evidências esmagadoras reforçam o fato de que Sirhan Sirhan foi o único assassino”.
Kennedy disse ao Washington Post na sexta-feira que não “esperava que houvesse uma prova cabal em nada disso” para sustentar sua teoria do envolvimento da CIA no assassinato de seu pai.
Ele reconheceu ao Post que “foi uma escolha angustiante para mim” quando Trump lhe perguntou se as fotos da autópsia deveriam ser incluídas.
Mas “o interesse público na divulgação completa supera o interesse da nossa família”, disse ele.
Kerry Kennedy, em sua publicação no X, ressaltou não ter apoiado a medida. Ela fez uma crítica mais ampla ao governo Trump, afirmando que “inúmeros outros [cidadãos] estão sofrendo ainda mais” do que os Kennedy.
Kerry Kennedy destacou especialmente os migrantes deportados para El Salvador, os funcionários federais demitidos e as pessoas transgênero que temem por seus direitos.
“O governo Trump pode pensar que pode nos enterrar com dor, mas nós nos ergueremos dela, mais altos e ferozes do que nunca”, escreveu ela.
