A Votorantim, de propriedade de uma das famílias mais ricas do Brasil, planeja aumentar seus investimentos em ativos imobiliários nos Estados Unidos para quase US$ 1 bilhão em cinco anos. A holding, controlada pela família Ermírio de Moraes, começou a investir no setor imobiliário dos EUA em 2023, com sua empresa imobiliária chamada Altre Empreendimentos e Investimentos Imobiliários, buscando aproveitar o descasamento de preços decorrente da pandemia.

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Atualmente, a Altre tem US$ 200 milhões investidos no setor, por meio de participação societária e empréstimos. A empresa apostou em mercados como Nova York, Nova Jersey, Califórnia, Texas e Colorado. O mercado americano representa 20% do portfólio da Altre, e o diretor de investimentos, Haig Apovian, disse que a meta da empresa é aumentar esse percentual para 50%.

— Nosso objetivo é no longo prazo ter exposição meio a meio entre Brasil e Estados Unidos — disse Apovian em entrevista.

Em Nova Jersey, a empresa tem uma participação no 50 Hudson, um empreendimento de apartamentos à beira-mar em frente a Manhattan. Em Chicago, a Altre diz que participa do Union West, um edifício de aluguel no bairro de West Loop.

O clã Ermirio de Moraes está se juntando a uma onda de outras famílias latino-americanas ricas que buscam diversificar seus negócios fora de seus mercados domésticos. Apesar das preocupações com a situação fiscal e as tarifas, a Altre vê oportunidades nos EUA.

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Alguns proprietários de imóveis precisam ser capazes de sair dos ativos e redistribuir esse capital em outros projetos, o que dá à Altre uma janela para negociar, de acordo com Apovian.

— Eles vão precisar vender ativos existentes com pouco ganho ou sem ganho para conseguir reaplicar esse dinheiro ou reciclar o capital em novos desenvolvimentos. E aí a gente entra comprando ativos — disse ele.

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A empresa imobiliária planeja investir de US$ 100 milhões a US$ 150 milhões por ano nos EUA, acrescentou Apovian.

A Altre está buscando investir nos EUA por meio de parcerias com operadores institucionais e co-investidores para adquirir, desenvolver e financiar propriedades. Nos últimos dois anos, a empresa manteve conversas com 70 players no ramo imobiliário para estabelecer três parcerias. A empresa espera fechar outras duas até o fim deste ano, disse Apovian.

Fábrica de cimento da Votorantim em Primavera, no Pará: grupo de 107 anos opera em 19 países e tem participações em negócios que incluem cimento, infraestrutura, produtos farmacêuticos, aço, mineração, suco de laranja, bancos, alumínio e energia. — Foto: Jonne Roriz/Bloomberg

Apovian, da Altre, acrescentou que a empresa está atualmente concentrando 90% de seu capital em propriedades já construídas. Isso ajuda a empresa a evitar os riscos de aumento dos custos de construção enquanto os EUA e outros países lidam com o aumento de tarifas imposto na guerra comercial do presidente americano Donald Trump.

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O mercado imobiliário dos EUA é uma nova fronteira para a Votorantim. O grupo de 107 anos, que opera em 19 países, tem participações em negócios que incluem cimento, infraestrutura, produtos farmacêuticos, aço, mineração, suco de laranja, bancos, alumínio e energia.

Por enquanto, a empresa está concentrando sua expansão internacional no setor imobiliário nos EUA. Mas Apovian disse que mercados como o Canadá — onde a Votorantim tem operações de cimento — e a Europa podem fazer sentido para investimentos no futuro.

Holding da família Ermirio de Moraes mira em imóveis dos EUA e planeja US$ 1 bi em 5 anos