Tem debutante na costa litorânea do Rio. Parte do cartão-postal carioca, avistado da orla de Ipanema, o Monumento Natural do Arquipélago das Ilhas Cagarras (MONA Cagarras), completou ontem 15 anos de existência como uma das 340 Unidades de Conservação (UC) Federais do Instituto Chico Mendes (ICMBio). De presente, ganhou uma embarcação própria, para ações de gestão e fiscalização. Na celebração, também foi anunciado o primeiro trecho oceânico da Transcarioca — a maior trilha urbana da América Latina —, na Ilha Comprida, uma das quatro do arquipélago. O pequeno trajeto circular, de cerca de um quilômetro, está em fase de sinalização e tem inauguração prevista para agosto.
- Banho de floresta: prática de contemplar a natureza em estado meditativo ganha adeptos no Rio
- Chiadinho bom: vinil é exaltado em eventos, feiras e toca-discos de antigos e novos ouvintes; conheça o roteiro
Como todo bom aniversário, teve bolo e convidados especiais. A festa aconteceu na orla, na Colônia de Pescadores Z13, no Posto 6, na Praia de Copacabana. Uma piscina exibia animais marinhos vivos, como baiacu, ouriço-do-mar e estrela-do-mar. Em parceria com o projeto Mar de Conhecimento, a bióloga Luciana Fuzetti se vestiu de sereia e, junto com os pescadores Marcos Santana e Marcos Antônio de Sousa, deu uma aula de educação ambiental e pesca artesanal e sustentável.
A Trilha Transcarioca — percurso demarcado que atravessa a cidade, com 180 quilômetros de extensão — agora avança para o mar, com a adesão do trecho na Ilha Comprida. A caminhada será sobre o costão rochoso e em pequenas áreas da Mata Atlântica insular. O conselho gestor do MONA e o Mosaico Carioca, que reúne diversas unidades de conservação do país, estão fazendo os últimos ajustes, como, por exemplo, a definição do modelo de visitação controlada a ser adotado. Os interessados poderão contratar um guia na colônia Z13 ou escolher uma das empresas que já operam o turismo e são credenciadas pelo MONA Cagarras.
— A partir daí, a pessoa chega até a Ilha Comprida, faz o desembarque e se conecta com o trecho insular da Transcarioca, seguindo toda a sinalização que já estamos instalando — detalhou Breno Herrera, gerente do Instituto Chico Mendes (ICMBio).
De acordo com o órgão, mais de 40 condutores foram credenciados para atividades de mergulho na nova trilha.
A Unidade de Conservação gerida pelo ICMBio fica a cinco quilômetros de distância do continente. O arquipélago é composto pelas ilhas Palmas, Comprida, Cagarra e Redonda, e as ilhotas Filhote da Cagarra e Filhote da Redonda. Uma área de dez metros de fronteira marinha encontra-se ao redor de cada uma delas, totalizando 91,23 hectares.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/g/x/ABqWBWQR6B8H7pR0LGDw/whatsapp-image-2025-04-13-at-16.43.32-2-.jpeg)
A UC foi criada em 2010 com o objetivo de preservar remanescentes da Mata Atlântica insular e garantir que o paraíso se mantenha protegido, o que inclui os animais que circulam pelo local. Fica ali o maior ninhal de fragatas (Fregata magnificens) do Atlântico Sul, com cerca de dez mil aves só desta espécie. As águas no entorno do arquipélago também servem como um dos melhores abrigos na costa da cidade do Rio para baleias e golfinhos — e o ponto também é referencial geográfico para as orcas.
A riqueza em biodiversidade levou o MONA Cagarras a ser reconhecido como um hope spot (um “ponto de esperança”), categoria definida pela Mission Blue Alliance, aliança de conservação marinha.
Tatiana Ribeiro, chefe do MONA Cagarras, celebrou o aniversário da unidade e destacou sua importância para a preservação da biodiversidade brasileira:
— Essa é uma data muito simbólica para nós. Estamos prestes a alcançar nossa maioridade no mundo da conservação marinha. O MONA Cagarras foi a primeira unidade de proteção integral marinha no Rio. Somos mais uma ponta no mosaico de unidades que ajudam a proteger os oceanos — afirmou Tatiana.
Nessa missão, a embarcação própria que o arquipélago carioca ganhou vai ajudar: a lancha inflável, com cabine e capacidade para até 13 pessoas, é equipada com dois motores. O barco foi adquirido pelo ICMBio com recursos de compensação ambiental. De acordo com a administração, o objetivo é dar maior autonomia e ampliar a presença institucional na unidade, para garantir a manutenção dos progressos feitos.

