No próximo ano, estudantes das escolas pH, Pensi e Elite com unidades em vários bairros do Rio vão deixar de ser apenas consumidores de tecnologia para se tornarem criadores: a partir de 2026, o Grupo Salta Educação vai oferecer aulas semanais de inteligência artificial (IA) para alunos do 6º ao 9º ano com o novo currículo Dia Lab, que busca prepará-los para entender, questionar e usar a tecnologia de forma consciente desde cedo.
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Segundo o grupo, esta será a primeira vez que uma rede privada de ensino no Brasil incluirá um programa estruturado de IA na educação básica, antecipando mudanças do mercado de trabalho e da vida cotidiana provocadas pela tecnologia. O Dia Lab foi desenvolvido em parceria com o especialista Tiago Belotte, referência internacional em design de aprendizagem para IA, e inspirado em modelos do MIT e de Harvard e em iniciativas de União Europeia, China e Coreia do Sul. O programa se baseia em pesquisas recentes sobre letramento digital e impactos da tecnologia e prevê uma aula semanal de inteligência rtificial dentro da grade curricular, com material digital, rubricas de projetos, integração ao currículo escolar e suporte pedagógico para professores. Cada série terá três “trilhas” de dez aulas, sempre culminando em um projeto autoral desenvolvido pelos próprios alunos.
De acordo com Caio Lo Bianco, diretor de inovação do Grupo Salta, a proposta é que os estudantes experimentem a IA de forma prática, passando de espectadores a usuários ativos e conscientes. O programa se apoia em três eixos formativos — cidadania, empregabilidade e meta-aprendizagem — que buscam preparar os alunos para atuar de forma responsável em um mundo permeado pela IA, compreender o impacto da tecnologia no mercado de trabalho e estimular novas formas de aprender potencializadas por ferramentas inteligentes. Os conteúdos abordarão fundamentos da IA com consciência crítica, criação com IA sem perder a autoria, uso da tecnologia para inclusão e acesso, apoio ao aprendizado autônomo e segurança digital.
— O Dia Lab chega para transformar a sala de aula em um espaço ainda mais conectado com a realidade dos estudantes. A cada semana, eles terão a oportunidade de experimentar a inteligência artificial de forma prática, em projetos que dialogam com seus interesses e com os desafios do mundo atual. A ideia é que eles passem de meros espectadores passivos a usuários ativos e conscientes de IA — afirma Lo Bianco.
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Para Christine Lourenço, diretora pedagógica do Grupo Salta, a proposta vai além do ensino técnico: ela busca formar jovens críticos e criativos diante das transformações que estão por vir.
— Não se trata apenas de ensinar tecnologia, mas de construir uma “inteligência do amanhã”: uma geração que saiba usar a IA de maneira responsável, questionadora e criativa, pronta para moldar o futuro em vez de apenas acompanhá-lo — afirma Christine.
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A mesma preocupação é compartilhada por Luiza Machado, coordenadora de Inovações Pedagógicas do Elite Rede de Ensino.
— A inteligência artificial já está presente no dia a dia dos alunos, e cabe à escola ensinar a usá-la com propósito, criticidade e consciência. A IA pode potencializar o aprendizado, estimular a criatividade e abrir portas para o futuro profissional, mas isso só acontece com mediação pedagógica qualificada. Sem esse acompanhamento, o uso corre o risco de se tornar raso, automático ou até prejudicial. Por isso, mais do que usar ferramentas, queremos formar alunos capazes de se posicionar crítica e eticamente diante delas, com repertório, autonomia e responsabilidade — diz Luiza.
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Os estudantes também estão ansiosos com a novidade. Edson de Souza Uchôa Filho, aluno do 6º ano do Elite Irajá, conta:
— Estou muito animado para ter aula de inteligência artificial. Acho que vai ser uma experiência bem diferente, tipo conhecer um mundo novo. Tomara que seja uma matéria leve, mas ao mesmo tempo com muito aprendizado. Já estou ansioso para saber como vai ser!
Isadora Cruz Gauze, aluna do 8º ano do pH Tijuca, reflete sobre a presença da inteligência artificial no dia a dia e a importância de aprender a usá-la de forma consciente:
— Hoje em dia, vemos a IA presente em diversos aspectos da nossa vida, como na resolução de problemas, no planejamento financeiro e em tarefas do dia a dia. No entanto, ainda há muita desinformação nessa área, o que pode gerar preconceitos e erros em ferramentas como o ChatGPT. As aulas de letramento em inteligência artificial no pH nos preparam para um futuro melhor, ajudando os jovens a lidar de forma consciente e eficiente com os desafios da nova sociedade.
*Esta matéria foi publicada no especial Educação do GLOBO-Zona Norte deste sábado (27)