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Irã muda tom e afirma que negociação com os EUA em Omã deve mirar acordo ‘real e justo’ sobre programa nuclear

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abril 11, 2025
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Equipamentos usados no processo de enriquecimento de urânio na central nuclear de Natanz, no Irã — Foto: AFP

A República Islâmica do Irã sinalizou nesta sexta-feira que está em busca de um acordo “real e justo” com os Estados Unidos sobre o desenvolvimento de seu programa nuclear, um dia antes do início da rodada de tratativas sem precedentes marcada para o sábado, no sultanato de Omã. Washington e Teerã trocaram farpas publicamente após pressão exercida pelo presidente americano, Donald Trump, que chegou a ameaçar com uma ação militar, caso os iranianos não concordassem em colocar em discussão suas pretensões atômicas.

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Analistas apontaram uma mudança de tom do aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do país, que já classificou como “idiotice” manter contatos com os EUA. Resistente sobre manter qualquer tipo de relação com Washington, ele teria sido convencido por autoridades do governo de que sem ceder a negociações, o regime poderia cair. O país lida com as consequências de uma economia em ruínas, uma moeda em queda livre frente ao dólar e escassez de gás, eletricidade e água — e uma recusa neste momento, na avaliação de aliados poderosos, poderia levar a ataques militares às duas principais instalações nucleares do país: Natanz e Fordow.

— Longe de fazer um show e apenas falar para as câmeras, Teerã busca um acordo real e justo. Propostas importantes e implementáveis estão prontas — afirmou Ali Shamkhani, conselheiro de Khamenei, nesta sexta-feira.

As negociações em Omã terão a participação do enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, e do ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi. Em um anúncio durante a semana, Trump afirmou que as negociações seriam diretas — o que representaria um salto diplomático, uma vez que os dois países não mantêm relações diplomáticas há 45 anos. Autoridades iranianas disseram que o formato das tratativas seria indireto, por meio de mediação.

O programa nuclear iraniano, que há muito é motivo de preocupação por parte do Ocidente e de rivais regionais da nação persa, desenvolve-se à margem de padrões ou fiscalizações internacionais desde 2018, quando Trump, em seu primeiro mandato, retirou os EUA do Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA), assinado em 2015 por Teerã e as principais potências aliadas de Washington, que impunha restrições ao programa nuclear em troca de um alívio de sanções financeiras.

Equipamentos usados no processo de enriquecimento de urânio na central nuclear de Natanz, no Irã — Foto: AFP

O tema retornou aos holofotes em março deste ano, quando Trump anunciou que havia mandado uma carta às autoridades iranianas exigindo a abertura de uma negociação sobre o tema e ameaçando usar sua força militar em caso de não concordância. A troca de hostilidades retóricas se arrastou por mais de um mês, período no qual os EUA aumentaram a pressão sobre o regime iraniano, com Trump dando um prazo de dois meses para o fechamento de um novo acordo, o lançamento da operação militar contra os Houthis — braço do “Eixo da Resistência” no Iêmen — o aumento da presença militar no Oriente Médio e mesmo ameaças diretas de bombardeio e a imposição de novas sanções.

— Estamos dando à diplomacia uma oportunidade real, de boa fé e com total vigilância. Os Estados Unidos devem apreciar esta decisão, que foi tomada apesar de sua retórica hostil — disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Esmail Baqai, em uma declaração nesta sexta-feira.

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  • Cenário em transformação
      • Irã muda tom e afirma que negociação com os EUA em Omã deve mirar acordo ‘real e justo’ sobre programa nuclear

Cenário em transformação

Se as negociações de sábado evoluírem para encontros presenciais, será um sinal de uma grande concessão por parte do Irã, que sempre insistiu em evitar reuniões diretas com os americanos. O aiatolá Khamenei foi convencido sobre aliviar seu veto ao diálogo com os americanos durante uma reunião no mês passado, com o presidente Masoud Pezeshkian e chefes do Legislativo e do Judiciário, para discutir a resposta à carta de Trump, segundo duas autoridades ouvidas pelo New York Times.

— A reviravolta de Khamenei demonstra seu princípio fundamental de longa data de que ‘preservar o regime é a mais necessária das necessidades’ — disse Hossein Mousavian, ex-diplomata que integrou a equipe de negociação nuclear do Irã no acordo de 2015 e hoje é pesquisador visitante na Universidade de Princeton.

Bandeira iraniana diante da Central Nuclear de Bushehr, no Irã — Foto: Atta Kenare/AFP
Bandeira iraniana diante da Central Nuclear de Bushehr, no Irã — Foto: Atta Kenare/AFP

As negociações ocorrem em um cenário de rápida mudança na ordem mundial, com transformações regionais, tarifas globais e alianças em mutação. As milícias apoiadas pelo Irã na região, Hamas e Hezbollah, foram enfraquecidas por Israel, e o Irã perdeu um aliado importante na Síria com a queda do presidente Bashar al-Assad em dezembro.

Os aliados poderosos do Irã, Rússia e China, também têm incentivado o país a resolver o impasse nuclear com os EUA por meio de negociações. Os três países realizaram recentemente duas reuniões em Pequim e Moscou para discutir o programa nuclear iraniano.

Desde que Trump assumiu o cargo em janeiro, jornais e analistas iranianos expressaram preocupação sobre o risco de a aliança cuidadosamente construída com Rússia e China estar em perigo. O governo Trump tem se envolvido diretamente com o governo russo em relação à guerra na Ucrânia e ao Irã. Ele também pressionou Pequim a parar de comprar o petróleo iraniano sancionado e penalizou refinarias chinesas que continuam comprando.

  • Leia também: China e Rússia pedem fim das sanções contra o Irã por seu programa nuclear

Questões econômicas também fizeram parte das discussões em que altos funcionários pressionaram Khamenei a permitir negociações. O ex-comandante da Guarda Revolucionária e atual presidente do Parlamento, Mohammad Bagher Ghalibaf, disse a Khamenei que uma guerra combinada com um colapso econômico interno poderia sair rapidamente do controle, segundo dois altos funcionários que falaram ao Times.

O presidente Pezeshkian disse a Khamenei que administrar o país em meio às crises atuais era insustentável. O governo anunciou novos cortes de energia em Teerã neste mês, afetando inclusive fábricas, o que ameaça linhas de produção. Na cidade de Yazd, no centro do país, a escassez severa de água forçou o fechamento de escolas e repartições públicas por dois dias nesta semana.

Os objetivos iniciais da reunião de sábado são modestos: definir um marco para as negociações e um cronograma. No entanto, se tudo correr bem, funcionários iranianos afirmam que seria possível haver um encontro pessoal entre Araghchi e Witkoff já no sábado.

O tempo está correndo para o programa nuclear iraniano. O Irã está agora muito mais perto de conseguir produzir uma arma nuclear do que estava em 2018, quando Trump se retirou de um acordo nuclear entre o Irã e potências mundiais. Após o sEUA deixarem os termos, o Irã também abandonou algumas de suas obrigações sob o pacto, que limitava o enriquecimento de urânio a 3,5% — e passou a enriquecê-lo a 60%.

Painel em Teerã mostra cientistas trabalhando no primeiro míssil hipersônicos do Irã — Foto: Arash Khamooshi/The New York Times
Painel em Teerã mostra cientistas trabalhando no primeiro míssil hipersônicos do Irã — Foto: Arash Khamooshi/The New York Times

Teerã diz que seu programa nuclear tem fins pacíficos, embora a inteligência dos EUA tenha concluído no início deste ano que o país estava explorando uma via mais rápida, embora mais rudimentar, para produzir uma arma, caso decidisse por isso. A agência atômica da ONU, que monitora as instalações nucleares, afirmou não ter encontrado evidências de militarização.

Khamenei definiu algumas condições e parâmetros para as negociações, segundo três autoridades iranianas ouvidas pelo Times. Ele autorizou a discussão sobre o programa nuclear — incluindo mecanismos rigorosos de monitoramento e uma redução significativa no enriquecimento de urânio —, mas afirmou que os mísseis do Irã fazem parte da autodefesa nacional e estão fora da mesa.

  • Em alerta a Teerã: EUA aumentam a presença militar no Oriente Médio

Mousavian, o ex-negociador nuclear, afirmou que o Irã jamais aceitará a exigência de Washington e Israel de desmantelar completamente seu programa nuclear, acrescentando que tal exigência seria um “fator de ruptura”.

O Irã também está aberto a discutir suas políticas regionais e o apoio a grupos militantes, disseram os funcionários, e demonstraria disposição para usar sua influência a fim de reduzir tensões regionais, inclusive com os Houthis no Iêmen. (Com NYT e AFP)

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