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Lula e Trump se dizem prontos para tratar de temas espinhosos em reunião na Malásia

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outubro 25, 2025
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Donald Trump fala com jornalistas a bordo do Air Force 1 a caminho da Malásia — Foto: Andrew Harnik / Getty Images via AFP

Após oito meses de tensão em meio à pior crise nas relações entre os dois países em 200 anos, os presidentes Lula e Donald Trump devem se reunir hoje, na Malásia, em um encontro que será, ao mesmo tempo, teste e termômetro do diálogo entre Brasil e EUA.

O momento geopolítico — com intensos embates e pressões nas relações internacionais — gera dúvidas entre analistas e diplomatas sobre se o quadro atual é mais favorável ou não ao entendimento.

  • Na Malásia: Lula deve se posicionar como mediador do conflito entre EUA e Venezuela na reunião com Trump
  • Trump sinaliza que pode rever taxas, e Brasil vê sinais positivos dos EUA

O foco da conversa deve ser o tarifaço imposto por Trump às exportações brasileiras para os EUA, mas há a sombra de temas delicados, das sanções contra autoridades brasileiros à pressão americana sobre a Venezuela, além de incertezas sobre a permanência do cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista palestino Hamas e uma solução para a invasão da Ucrânia pela Rússia.

O esperado encontro de Lula e Trump será à margem da 47ª reunião de cúpula da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático), da qual os dois são convidados.

Donald Trump fala com jornalistas a bordo do Air Force 1 a caminho da Malásia — Foto: Andrew Harnik / Getty Images via AFP

Ontem, apesar de o compromisso ainda não figurar na agenda oficial, o americano disse a jornalistas a bordo do seu avião presidencial a caminho de Kuala Lumpur que “provavelmente” se encontraria com o brasileiro hoje. A expectativa era pelo fim da tarde na Malásia, manhã no Brasil.

Sobre a possibilidade de reduzir tarifas sobre produtos brasileiros, Trump fez pela primeira vez um aceno positivo. Disse que, “sob as circunstâncias certas, claro”.

  • Tarifaço: as propostas que Lula deve apresentar a Trump na Malásia

Já na capital malaia, Lula voltou a se dizer confiante em relação aos resultados da reunião, em entrevistas após ser recebido pelo primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, e antes da cerimônia em que receberia o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Nacional do país.

— Na verdade, espero que role (a reunião). Vim com a disposição de que a gente possa encontrar uma solução. Tudo depende da conversa. Trabalho com o otimismo de que a gente possa encontrar.

  • Trajes típicos, protestos e tarifaço: os bastidores da reunião de 20 chefes de Estado na Malásia, com Trump e Lula entre eles
Lula e o primeiro-ministro malaio, Anwar Ibrahim, assistem apresentação de dança tradicional da Malásia na recepção ao brasileiro em Putrajaya, perto de Kuala Lumpur. Os dois líderes e suas equipes tiveram uma reunião bilateral e uma coletiva de imprensa — Foto: Vincent Thian / POOL / AFP
Lula e o primeiro-ministro malaio, Anwar Ibrahim, assistem apresentação de dança tradicional da Malásia na recepção ao brasileiro em Putrajaya, perto de Kuala Lumpur. Os dois líderes e suas equipes tiveram uma reunião bilateral e uma coletiva de imprensa — Foto: Vincent Thian / POOL / AFP

Informado sobre as condições mencionadas por Trump para rever o tarifaço, repetiu que a negociação está aberta:

— Não tem exigência dele e não tem exigência minha ainda. Vamos colocar na mesa os problemas e tentar encontrar uma solução. Pode ficar certo de que vai ter uma solução.

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  • ‘Não tem assunto proibido’
      • Lula e Trump se dizem prontos para tratar de temas espinhosos em reunião na Malásia

‘Não tem assunto proibido’

Na sexta-feira, ao concluir sua visita à Indonésia, Lula deu a entender que a negociação com os EUA poderá ir além de temas econômicos, afirmando que “não tem assunto proibido”.

Lula recebe bolo do presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, para comemorar antecipadamente seu aniversário de 80 anos — Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação/PR
Lula recebe bolo do presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, para comemorar antecipadamente seu aniversário de 80 anos — Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação/PR

O governo brasileiro vê o encontro como um teste para o diálogo e uma chance de medir até onde Washington está disposto a recuar nas sanções econômicas e diplomáticas aplicadas contra o Brasil desde julho — que, segundo Brasília, têm caráter mais político que comercial.

Na conversa telefônica que os dois tiveram há duas semanas, aventada após o rápido encontro que tiveram em setembro nos bastidores da Assembleia Geral da ONU, o americano evitou mencionar o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu aliado, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.

O gesto foi visto no Planalto como sinal de que a Casa Branca pretende restringir a pauta ao comércio, o que foi bem recebido por grupos empresariais que pressionam por uma solução pragmática.

O presidente dos EUA, Donald Trump, assiste discurso de Lula no debate da 80ª sessão da Assembleia Geral da ONU, em setembro: americano encontrou o petista nos bastidores e disse ter sentido "química" entre eles — Foto: Foto ONU
O presidente dos EUA, Donald Trump, assiste discurso de Lula no debate da 80ª sessão da Assembleia Geral da ONU, em setembro: americano encontrou o petista nos bastidores e disse ter sentido “química” entre eles — Foto: Foto ONU

Ainda assim, Lula pretende ir além do tarifaço. Quer reiterar o convite para que Trump participe da COP30, em Belém, no mês que vem, e abordar questões regionais e globais. Entre os temas que devem surgir estão as ações de Washington contra governos da América do Sul, como os de Nicolás Maduro, na Venezuela, e Gustavo Petro, na Colômbia.

A ofensiva americana contra Maduro reacendeu atritos regionais e colocou à prova a capacidade de articulação política de Lula, que tenta equilibrar a defesa da soberania dos vizinhos com a manutenção de um diálogo pragmático com Washington.

O petista deve se posicionar como intermediador do conflito, enfatizando que o Brasil pode atuar como protetor da paz na América Latina, promovendo negociações e soluções diplomáticas em vez de confrontos diretos, diante da crescente tensão sobre a situação venezuelana.

Para Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil nos EUA, o ideal seria que Lula mantivesse cautela diante das tensões entre EUA e Maduro:

— O mais prudente seria esperar para ver se Trump toca no assunto. O Brasil, no melhor dos casos, ouviria e não falaria nada de imediato. Não faz sentido oferecer mediação.

Lucas Martins, especialista em História Americana e Estudos Globais da Temple University, na Filadélfia, avalia que Trump vê a América Latina sob uma ótica da Guerra Fria, pressionando países a escolherem entre EUA e China. Para ele, a ameaça de invasão da Venezuela é usada para pressionar o Brasil:

— Os EUA podem condicionar concessões de tarifas ao Brasil a um alinhamento mais claro com os interesses americanos em detrimento de uma agenda chinesa. A postura do Brasil em relação à Venezuela e ao uso do dólar nas transações é crucial para as negociações com o governo dos EUA.

O pano de fundo do encontro é um cenário global marcado por conflitos, disputas comerciais e redefinição de alianças no chamado Sul Global. Brian Winter, americanista e editor da revista Americas Quarterly, espera cautela dos dois lados, mas lembra que o foco principal de Trump na viagem será uma reunião agendada com o líder da China, Xi Jinping.

— Trump pode ter se cansado da estratégia anterior e querer evitar mais problemas com o Brasil — especula.

Michael Shifter, presidente do Diálogo Interamericano, think tank dos EUA dedicado às relações internacionais do Hemisfério Ocidental, destaca que os dois presidentes jogarão com seus eleitores:

— Encontrar-se com o volátil Trump sempre traz riscos, mas será um bom sinal se ambos estiverem preparados para se encontrar e, com sorte, ter uma troca franca e respeitosa sobre questões que afetam profundamente os dois países.

Outro tema espinhoso que pode ser levantado por Trump é a ideia de reduzir o uso do dólar nas transações comerciais entre os países do Brics, como Lula tem defendido no grupo de economias emergentes que inclui a China.

O americano já ameaçou integrantes do bloco com sua metralhadora tarifária caso a iniciativa avance. Lula, segundo interlocutores, deve responder que o uso de moedas locais não é uma afronta ao dólar, mas uma prática já adotada no Mercosul para cortar os custos das operações.

Lula também pretende esclarecer o desequilíbrio desfavorável ao Brasil nas trocas comerciais com os EUA, contrapondo a narrativa de Trump.

*Enviado especial a Kuala Lumpur

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