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Líderes sindicais convocaram uma greve geral em sinal de solidariedade aos povos palestinos e em apoio à Global Sumud Flotilla — organização suprapartidária criada para levar ajuda humanitária ao enclave sitiado. Segundo o jornal italiano la Repubblica, eles pararam os transportes locais, fábricas, escolas e universidades.
Os manifestantes marcham pelos principais centros do país, como Roma, Nápoles, Milão e Bolonha. Em alguns destes protestos, os policiais precisaram usar jatos de água para conter os mais exaltados ou para preservar os pontos estratégicos, que retribuíam com gritos de “assassinos” ou “fascistas”.
Em Roma, cerca de 20 mil pessoas se reuniram em frente à principal estação ferroviária de Termini, de acordo com a polícia local, muitas delas estudantes, gritando “Palestina livre!” e segurando bandeiras palestinas.
Alguns marcharam pelo Coliseu, com os que estavam na frente segurando uma faixa com os dizeres: “Contra o genocídio. Vamos bloquear tudo”. Na estação Termini, Michelangelo, de 17 anos, disse à AFP que estava lá para apoiar “uma população que está sendo exterminada”. Enquanto Francesca Tecchia, de 18, estava protestando “pela primeira vez”, porque “o que está acontecendo (em Gaza) é muito importante”, disse ela.
— A Itália deve parar hoje — disse Federica Casino, uma trabalhadora de 52 anos que protestava com os estudantes pelas “crianças mortas e hospitais destruídos” de Gaza. — A Itália fala, mas não faz nada.
Na cidade de Milão, no norte do país, onde os organizadores afirmaram que 50 mil pessoas compareceram, os manifestantes queimaram uma bandeira dos EUA, observou a AFP. Em Bolonha, mais de 10 mil pessoas foram às ruas, segundo a polícia local, enquanto protestos também ocorreram em Turim, Florença, Nápoles e Sicília.
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Em Gênova e Livorno, trabalhadores portuários bloquearam as entradas dos portos, segundo a mídia italiana. A greve interrompeu o serviço de ônibus locais e do metrô em Roma, enquanto as operadoras ferroviárias nacionais também alertaram sobre atrasos e cancelamentos.
Já na pequena comuna de Marghera, próxima a cidade histórica de Veneza, cerca de 15 mil pessoas tentaram acessar o porto comercial após três horas em frente ao pedágio. A polícia então disparou canhões de água contra os manifestantes, que recuaram, informou o la Repubblica.
O governo da primeira-ministra Giorgia Meloni, ideologicamente próximo ao presidente dos EUA, Donald Trump, condenou o ataque implacável de Israel ao território palestino. Os italianos afirmam que não venderam nenhuma arma a Israel desde o ataque do Hamas dentro de Israel, em 7 de outubro de 2023. Mas disse que, por enquanto, não reconhecerá um Estado palestino e também expressou relutância em implementar as sanções comerciais propostas pela União Europeia contra os israelenses.
De acordo com uma pesquisa recente da empresa de pesquisa Only Numbers, publicada pelo jornal La Stampa, quase 64% dos italianos consideram a situação humanitária em Gaza “muito grave” e quase 41% querem que a Itália reconheça um Estado palestino.