O motorista de aplicativo Vagner Santos Ferreira, de 39 anos, foi baleado na cabeça após sofrer um assalto, no fim desta segunda-feira, em Senador Camará, na Zona Oeste do Rio. Segundo sua família, o crime ocorreu na última vez em que a vítima trabalharia fazendo o transporte de passageiros, já que Vagner havia decidido que passaria a transportar mercadorias em breve.
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Socorrido, ele passou por dois hospitais e percorreu, deitado na maca de uma ambulância, uma distância de 40 quilômetros para tentar ser submetido a um exame de tomografia e a uma cirurgia. No entanto, nem uma coisa, nem outra chegou a ser feita. Seis horas após ser atingido por um tiro, Vagner perdeu a batalha pela vida e morreu no Hospital Albert Schweitzer, em Realengo.
O assalto que vitimou o motorista foi registrado inicialmente na 34ªDP(Bangu). Segundo a Polícia Civil, após a morte da vítima, o caso vai ser encaminhado à Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). A especializada vai apurar as circunstâncias e a autoria do crime e vai tentar encontrar o responsável pelo disparo que tirou a vida da vítima.
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Segundo Vanderson Santos Ferreira, irmão da vítima, após ser baleado, Vagner passou pelos hospitais Albert Schweitzer, onde deu entrada inicialmente, e pelo Hospital Estadual Getúlio Vargas na Penha, para onde foi transferido posteriormente. Pesando cerca de 142 quilos, ele precisava ser submetido a um exame de tomografia e a uma cirurgia. Wanderson também disse que o irmão iria começar a trabalhar com a entrega de mercadorias em breve. E que, por isso, a noite de segunda-feira seria a última em que ele dirigia um carro de aplicativo.
— Meu irmão morreu sem receber socorro. Ficou seis horas em cima de uma maca sangrando. Acompanhei tudo isso, estive nos dois hospitais. Inclusive, cheguei no Getúlio primeiro do que a ambulância que o trouxe. A noite de segunda-feira era a última em que ele trabalharia como motorista de aplicativo. Ele tinha medo da violência e disse que iria passar a trabalhar com a entregada de mercadorias. Estava juntado dinheiro para se tornar um microempreendedor. Estava planejando abrir uma pequena lanchonete— disse Vanderson.
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Vagner foi baleado na Rua Julia de Melo, em Senador Camará, por volta das 22h30. Os autores do crime teriam levado a carteira e o dinheiro do motorista. Socorrido, ele foi levado ferido para o Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, onde teria dado entrado por volta das 23h. Lá, os médicos teriam constatado a necessidade de uma tomografia. Como não havia um equipamento adequado e um neurocirurgião, ele foi transferido para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, na Zona Norte, onde chegou por volta de 1h45 desta terça-feira. A distância entre os dois hospitais é de aproximadamente 20 quilômetros.
— O pessoal do Albert Schweitzer informou que lá no Getúlio (Vargas) tinha o aparelho (tomógrafo) para fazer o exame. Levaram o Wagner para lá. Cheguei primeiro do que meu irmão no Getúlio. Vi que nem tiraram ele da ambulância. Ninguém olhou ele— disse Vanderson.
A Secretaria Municipal de Saúde(SMS), responsável pelo Albert Schweitzer e a Secretaria Estadual de Saúde, responsável pelo Getúlio Vargas têm discursos distintos sobre o atendimento dispensado ao paciente.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) diz que a transferência foi feita sem aviso ao Getúlio Vargas. A SES afirma que o paciente foi atendido no hospital por um neurocirurgião, quando foi recomendada a realização de uma tomografia. Segundo a SES, o tomógrafo da unidade não tinha capacidade para atendimento de pacientes obesos. A Secretaria diz ainda que Vagner foi retirado do Getúlio Vargas para retornar para o Albert Schweitzer por iniciativa do município.
Já o município diz que o paciente foi levado para o Getúlio Vargas para ser avaliado por um neurocirurgião, porque o hospital é referência para neurocirurgia. A SMS disse que não há tomógrafo para obesos na rede municipal, e que no Albert Schweitzer, Vagner foi estabilizado e entubado antes de ser transferido. Ainda segundo a SMS, no Hospital Estadual Getúlio Vargas, o paciente foi atendido por um neurocirurgião que contraindicou uma cirurgia e recomendou abertura de protocolo de morte encefálica.
