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mulheres 50+ se redescobrem com canoa polinésia

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setembro 28, 2025
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Com Suzana e Lena à frente, grupo pratica na Urca. Barco só se move se todas remarem juntas — Foto: Custódio Coimbra

Na beira da Urca, na Zona Sul do Rio de Janeiro, o mar reflete mais que o céu: tornou-se espelho de recomeços. É ali, no Rio Va’a, primeiro clube de canoa polinésia da América Latina, que um grupo de mulheres com mais de 50 anos redescobriu força, propósito e pertencimento em uma fase da vida marcada por rupturas — aposentadoria, separações, filhos que já seguiram seu caminho. Na maturidade, elas remam contra o etarismo e encontram, sobre as águas, a chance de começar de novo.

A simbologia vem de longe. Na Polinésia ancestral, que abrange Havaí, Taiti, Samoa, Fiji e centenas de ilhas do Pacífico, as canoas de madeira cruzavam oceanos levando povos, saberes e histórias. Hoje, no Rio, essa tradição de cooperação — a canoa só avança quando todas remam juntas — se traduz em uma travessia pessoal e coletiva.

Entre as que descobriram nessa embarcação uma nova vida está Suzane Menezes, 64 anos. Enfermeira, atravessou a pandemia de Covid-19 na linha de frente e saiu abalada, com sobrepeso e sem planos para a aposentadoria que se aproximava. Caminhadas e dieta ajudaram, mas foi na canoa que ela encontrou transformação: perdeu 40 quilos, passou a acordar às 4h45 para treinar seis vezes por semana e coleciona dezenas de medalhas.

— Encontrei potência e vida na canoa — diz.

Já competiu em Saquarema, Búzios e Angra dos Reis, mas guarda no coração a travessia do Leme ao Pontal:

— A beleza do Rio é surreal.

O que mais valoriza, no entanto, é a sintonia das companheiras.

— Se cada uma remar de um jeito, a canoa não anda. Só com muita conexão avançamos — ressalta.

Com Suzana e Lena à frente, grupo pratica na Urca. Barco só se move se todas remarem juntas — Foto: Custódio Coimbra

O mesmo sentimento move Lena Tocci, 61, professora de Educação Física. Após o fim de um casamento de mais de 30 anos, com os filhos fora de casa e a solidão da pandemia, encontrou no mar um espaço de expansão. Começou a remar em Copacabana e depois buscou performance no clube da Urca.

— Em uma idade em que o mundo tenta nos encolher, eu me expandi — resume.

A canoa lhe deu saúde e também a oportunidade de uma vida social mais efervescente. Diariamente, treinos pela manhã. Uma vez por semana, jantar, samba ou show à noite, sempre em companhia das parceiras que compartilham amor pelo mar. Essa rede de apoio virou uma família escolhida, o que, na cultura polinésia, se chama ohana, laços que vão além do sangue.

Grupo Rio Va'a de canoagem polinésia no Rio de Janeiro — Foto: Custódio Coimbra
Grupo Rio Va’a de canoagem polinésia no Rio de Janeiro — Foto: Custódio Coimbra

Para Alessandra Lincoln, 52, a relação com a canoa começou cedo, aos 38, quando seus filhos ainda eram pequenos. Sem rede de apoio no Rio e com o marido viajando a trabalho, ela encontrou no esporte um refúgio. Chegou a levar as crianças com colete na canoa quando não tinha com quem deixá-las. Hoje, é vice-presidente do Rio Va’a, treina quase todos os dias, compete e dá aulas. O maior desafio como atleta foi percorrer os 60 km entre Salvador e Morro de São Paulo.

— A canoa traz uma paixão diferente — conta.

Alessandra que é vice presidente do Rio Va’a — Foto: Custódio Coimbra
Alessandra que é vice presidente do Rio Va’a — Foto: Custódio Coimbra

O clube que acolheu essas histórias completa 25 anos em 2025. Além de formar atletas de ponta, o Rio Va’a se dedica a quem busca saúde e bem-estar. Mantém projetos sociais com crianças de escolas públicas, pessoas com deficiência e transplantados, e organiza mutirões de limpeza e campanhas como o Setembro Amarelo. Segundo Alessandra, hoje a maioria dos alunos é de mulheres acima dos 60 anos.

Mais do que um esporte, remar se tornou um rito de passagem. Da vida dedicada ao trabalho e aos filhos, elas atravessam para uma fase em que podem, finalmente, escolher por si mesmas.

— É quando a mulher passa da fase de ter que cumprir muitas funções e decide finalmente o que quer viver. A canoa é símbolo dessa travessia — diz Lena.

— É quando a gente finalmente tem tempo de ser inteira.

No mar, não apenas se exercitam. Celebram a potência de serem quem são. Como as canoas polinésias de outrora, seguem juntas rumo ao desconhecido, enfrentando águas turbulentas ou dias cinzentos, confiantes de que, mais cedo ou mais tarde, o vento muda, o céu azul se abre e o mar se acalma.

Canoístas do Rio Va'a — Foto: Custódio Coimbra
Canoístas do Rio Va’a — Foto: Custódio Coimbra

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