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Pinto fez um discurso focado em contar a história da “luta venezuelana”, desde a chegada dos colonizadores ao território na América do Sul até a atualidade, marcada pela presença militar americana no Caribe. Nas últimas semanas, os Estados Unidos realizaram uma série de ataques contra barcos venezuelanos — que o presidente dos EUA, Donald Trump, afirma serem de narcotraficantes.
O ministro venezuelano reforçou o argumento de que a ofensiva americana na região faz parte de uma sequência de “agressões incontáveis” praticadas por potências internacionais na última década que buscam “se apoderar das riquezas naturais” da Venezuela e “promover uma mudança de regime” no país. Entre os ataques, ele citou incursões de drones, guerra econômica e sanções à indústria petroleira venezuelana.
— Agora, se soma a tudo isso uma ameaça militar absolutamente ilegal é totalmente imoral que viola a carta das Nações Unidas, os direitos da Venezuela como Estado soberano e inclusive a própria lei dos Estados Unidos— declarou.
Após listar um histórico de agressões e ocupações dos Estados Unidos nos últimos anos, no Iraque, Líbia, Afeganistão e o “bombardeio criminal à república pacífica do Irã”, Pinto declarou que a Venezuela é o próximo alvo dos americanos.
— Como não se pode acusar a Venezuela de ter armas nucleares, inventam mentiras vulgares e perversas nas quais não creem ninguém, nem nos Estados Unidos, nem no mundo, para justificar uma ameaça militar milionária atroz, extravagante e imoral — afirmou, em referência aos ataques americanos contra o Irã.
Em agosto, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou o deslocamento de forças navais para o Caribe, sob pretexto de atuarem no combate a cartéis do tráfico de drogas na região. Imediatamente, sinais de alerta se acenderam na Venezuela, onde o presidente Nicolás Maduro é acusado de ser o líder de uma organização criminosa conhecida como Cartel dos Sóis, associada ao comando militar local, e há uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à sua captura — Caracas nega qualquer relação de Maduro ou seus comandantes com o grupo.
Desde então, ao menos três barcos acusados de serem ligados ao tráfico foram destruídos pelos americanos — em um dos ataques, no começo do mês, 11 pessoas morreram, o que levantou questões sobre a legalidade das ações dos EUA, inclusive por parte dos parlamentares de oposição a Trump. Até o momento, a Casa Branca nega ter planos para derrubar Maduro.
Pelo lado venezuelano, o governo ordenou que suas Forças Armadas fossem colocadas em estado de alerta, e lançou uma campanha para que os cidadãos se juntem a milícias voluntárias, uma iniciativa que, segundo o Palácio de Miraflores, atraiu milhões de pessoas. Nos últimos dias, também foram convocados exercícios de treinamento básico para o emprego de armas de fogo e de táticas de combate.
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Por fim, o ministro ressaltou que a Venezuela tem o “direito de defender sua soberania e a paz no Caribe e em toda a América do Sul” e fez declarações políticas assumindo posicionamento sobre diversos conflitos atuais, como a ofensiva de Israel em Gaza, que ele classificou como “genocídio”.
Em sua fala no plenário da ONU, Pinto também fez uma clara defesa à Rússia — país com o qual firmou um tratado de parceria estratégica na semana passada em meio à ofensiva de Trump — e sua invasão à Ucrânia, que deu início à guerra que já dura mais de três anos.
— Acompanhamos o presidente [russo Vladimir] Putin e o nobre povo russo em sua luta contra o neonazismo e a agressão militar do Ocidente — afirmou o chanceler.