As manifestações contra a PEC da Blindagem e uma anistia a Jair Bolsonaro, aliados e condenados do 8 de Janeiro abriram uma nova frente de disputa entre esquerda e direita nas redes sociais sobre o impacto e tamanho da mobilização. Dados levantados pela consultoria Ativaweb indicam, no entanto, que a esquerda prevaleceu no embate sobre a repercussão dos atos em volume de postagens.
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No Facebook, Instagram, X e TikTok, os protestos geraram mais de 3,4 milhões de menções — 61,3% delas foram positivas e puxadas pelo campo que foi às ruas, segundo o levantamento. Já a oposição ao governo Lula somou 20,5% do total, enquanto 18,2% das referências foram neutras.
Entre os principais nomes na esquerda que se manifestaram sobre o tema, estão os deputados federais Guilherme Boulos (PSOL-SP) e Erika Hilton (PSOL-SP), que buscaram enfatizar o peso dos protestos. “O medo mudou de lado”, disse Boulos ao compartilhar uma imagem do ato na Av. Paulista. Já a oposição buscou ironizar a mobilização. O também deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) escreveu que “nem com a (lei) Rouanet vingou”, em referência à participação de artistas.
O volume de menções é próximo ao dos atos de 7 de Setembro, mas a divisão ficou menos equilibrada, segundo a Ativaweb. As manifestações bolsonaristas tiveram mais de 3,7 milhões de menções e 51% foram feitas pelos apoiadores do ex-presidente, enquanto 47% partiram de perfis críticos à mobilização.
Um ponto em comum entre os protestos foi a insatisfação com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), destaca Alek Maracaja, professor da ESPM e coordenador da Ativaweb:
— A imagem dele é a mais prejudicada dos dois lados.
Um levantamento feito pela consultoria Palver, que monitora grupos públicos de WhatsApp, também indicou que as manifestações contra a PEC da Blindagem superaram, em total de comentários na plataforma, os atos do 7 de Setembro. A cada 100 mil mensagens enviadas, 865 eram referentes aos protestos deste domingo, contra 724 durante as mobilizações da direita.
A cientista política Lilian Sendretti, do Cebrap, avalia que se no ato bolsonarista houve “mais do mesmo”, a manifestação puxada pela esquerda foi distinta das anteriores.
— (O 7 de Setembro) não trouxe elementos novos à mobilização e acabou marcado de forma negativa pela presença da bandeira dos EUA em pleno Dia da Independência. Já o ato do dia 21 trouxe novidades: além de se opor ao bolsonarismo e à anistia, a esquerda apresentou um novo antagonismo, o de que políticos do Congresso estariam legislando em benefício próprio — diz Sendretti, destaca ainda a retomada de “símbolos nacionais”.