O naufrágio de um navio pesqueiro espanhol, que causou 21 mortes em fevereiro de 2022 em águas canadenses, deveu-se, entre outros fatores, ao excesso de peso da embarcação, à falta de manutenção dos equipamentos de sobrevivência e a decisões equivocadas do capitão, de acordo com o relatório oficial final.
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O “Villa de Pitanxo”, que havia zarpado do porto galego de Marín (noroeste da Espanha), afundou com 24 tripulantes a bordo em 15 de fevereiro de 2022, a 450 quilômetros da costa de Terra Nova, no leste do Canadá. Apenas três marinheiros sobreviveram: o capitão, que está sendo investigado por homicídio culposo (assim como o proprietário da embarcação), seu sobrinho e outro marinheiro.
Este naufrágio, a pior tragédia para o setor pesqueiro espanhol em quase 40 anos, foi causado por vários erros, de acordo com um relatório da Comissão Permanente de Investigação de Acidentes e Incidentes Marítimos (CIAIM), órgão do Ministério dos Transportes, visto quinta-feira pela AFP.
De acordo com o relatório, a embarcação estava sobrecarregada, com 24 pessoas a bordo, quando a autorização era para apenas 22, o equipamento do navio estava acima do peso e os tanques de combustível adicionais não estavam em conformidade. Além disso, a água pôde infiltrar-se na embarcação porque os funis de descarte de resíduos não estavam devidamente fechados.
Na ausência de ordens expressas, não parece haver “uma consciência compartilhada entre todos os marinheiros sobre a necessidade de fechar as aberturas estanques em um espaço abaixo do convés da borda livre”, afirma o relatório.
Em condições de mar agitado, a embarcação alagou progressivamente por essas aberturas, comprometendo sua estabilidade e causando falha do motor. O relatório detalha as decisões do capitão minuto a minuto que levaram ao desastre, particularmente as manobras de giro incorretas.
“Embora durante a fase final da manobra a tripulação tenha percebido que o navio tinha uma inclinação significativa para bombordo, o Capitão não avaliou adequadamente a causa dessa inclinação” até que o navio finalmente recebeu “o impacto de um mar muito forte a bombordo”, com ondas de 7 metros, “o que agravou a situação a bordo”.
Além disso, os exercícios de evacuação do navio não eram realizados com a regularidade necessária, os trajes de imersão, que deveriam ser feitos de material isolante, não eram verificados há 20 anos e os botes salva-vidas não podiam ser acionados adequadamente. Nove corpos foram recuperados e os outros doze homens nunca foram encontrados naquelas águas a 2°C.

