Um verdadeiro clássico nunca sai de moda. Febre no Brasil nos anos 1990, os karaokês seguem cativando fãs e ganhando novos espaços pela cidade. Da farra na despretensiosa Feira de São Cristóvão — que abriga inacreditáveis 70 karaokês — a cantorias roqueiras na boate Fonte e eventos irreverentes comandados por drag queens, a onda não dá sinais de perder o fôlego. Muito pelo contrário.
Só esta semana, a cidade ganha mais dois “palcos” para cantores de ocasião: um no restaurante Sofia, da chef Kátia Barbosa, na Praça da Bandeira, e outro no bar Dimmi, de Jimmy Ogro, em Botafogo. O chef, aliás, é um dos entusiastas. Apaixonado por música, começou a levar um karaokê para animar as reuniões dos sócios do bar. Se divertiam tanto que ele resolveu destinar a noite de quarta na casa à prática. A estreia foi nesta quarta-feira (19).
Kátia Barbosa, Katita, para os íntimos, também se arrisca no microfone do Katitokê, que volta nesta sexta-feira (21) ao terraço do restaurante após uma pausa no verão. Além do aparelho de karaokê, dois músicos tocam ao vivo, com microfone aberto para quem quiser se aventurar. E rola corinho quando alguém pede “Evidências”, de Chitãozinho & Xororó, hit imbatível dos karaokês.
— Essa é a que mais toca, e eu sempre participo — conta animada a chef, que estuda estender o evento para os sábados.
Animação também não falta no DragOkê, que tem apresentação das drag queens Maybe Love e Linda Mistakes e acontece em dois endereços: no Experience Music, na Lapa (às quintas), e no Oscar Selvagem Pub, em Botafogo (toda sexta). O barzinho, cujo nome homenageia o escritor Oscar Wilde, tem outras noites de karaokê, num esquema meio improvisado — procurando músicas sem vocal e com letra no YouTube —, mas funciona.
Em abril, aspirantes a cantores ganham outro espaço na Travessa do Ouvidor, no Centro: a Yokoso, uma Japan House com três andares dedicados à cultura nipônica — o primeiro deles com ambientação que promete recriar a experiência dos famosos karaokês japoneses.
No Rio, quando o assunto é karaokê, a Feira de São Cristóvão é quase unanimidade. No centro de tradições nordestinas, entre lojas de artesanatos e comidas típicas, mais de 70 bares cujo carro-chefe é a atração alcançam um público eclético, de diferentes faixas etárias. As noites mais concorridas são, claro, aos finais de semana, quando há grande procura por parte de jovens e turistas, em especial durante a madrugada. Quanto mais a turma bebe, mas animado fica. Festas de aniversários, despedidas de solteiro e confraternizações de empresas são comuns por lá. Dentre as dezenas de opções, o veterano é o Coquetel das Meninas, que foi aberto em 2003 e funciona em duas lojas, uma em frente à outra, com mais de 10 mil faixas no repertório. O novato, inaugurado em setembro, é o Império Nordestino, com um menu de 27 mil canções.
Sucesso que marcou época na finada Casa da Matriz, onde animou por mais de dez anos as noites de quarta, no início dos anos 2000, com uma trilha sonora roqueira, o Karaokê Indie agora é fixo nas quintas-feiras na Fonte, que ocupa o endereço de Botafogo desde 2023. Mr. Brightside”, do The Killers, e “Réu confesso”, de Tim Maia, são pedidas “toda noite”, garante o DJ Beto Artista, produtor do evento. Ele diz que ali a essência é “mais alternativa”, e que o público (entre 50 e 80 pessoas por semana) costuma pedir mais rock mesmo. Entre os habitués, está o jornalista Adriano Dias, de 31 anos.
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— De segunda a segunda tem karaokê no Rio. Para mim, é uma terapia. Faço muitas amizades, e tenho um grupo que vem sempre aqui— comenta.
Cantar para se divertir e desanuviar foi o que levou a analista de RH Isaura Fonseca, de 33 anos, e um grupo de amigos do trabalho a uma happy hour do Garagem 559, um dos muitos bares do gênero na Lapa, que eles conheceram numa festa de fim de ano.
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— Ninguém se preocupa se está cantando errado. Aqui a gente extravasa — resume ela, enquanto dois amigos cantavam uma música da banda Calypso no pequeno palco do bar.
Essa proposta, de ir em grupos de amigos, é mote do Botequim Okê, no Grajaú, que tem cinco salas temáticas privadas, que funcionam apenas sob reserva. Os espaços fechados (com nomes como Futurista e Cassino Las Vegas), ideais para quem é tímido ou prefere cantar entre conhecidos, abrigam de 16 a 30 pessoas. Além da varanda no térreo, para 60.
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Frequentadora de karaokês como o da Feira de São Cristóvão, a professora Elda dos Santos, que costuma fazer versões caseiras com os amigos, escolheu o lugar para celebrar seus 41 anos.
— Gostei da ideia das salas serem separadas, é democrático para minha turma, que tem de crianças a pessoas mais velhas. Recebemos o catálogo antes, teve gente que escolheu as faixas e até se preparou — conta ela, para quem não pode faltar “Anna Júlia”, dos Los Hermanos.
Antro. Famoso pelos hambúrgueres, o pequeno bar tem karaokê liberado. Rua Sorocaba 19, Botafogo. Qui e sex, das 18h à meia-noite. Sáb, das 18h às 1h. Dom, das 17h às 23h.
Big Ben. No pub, tem karaokê de terça a sábado (com banda de quarta a sábado). Rua Muniz Barreto 374, Botafogo. Ter a sáb, das 18h às 2h. A partir R$ 15.
Botequim Okê. Tem cinco salões temáticos privados (Futurista , Cabaré, Anos 50, Cassino Las Vegas e Café), para até 30 pessoas, a partir de R$ 90, a hora. Reservas pelo WhatsApp (9729-8301). Rua Sá Viana 141, Grajaú. Qui, das 18h às 23h. Sex, das 17h à 1h. Sáb, das 18h às 2h. Dom, das 16h às 23h.
Brooks Pub. Às terças, o bar de rock abre o palco para o público soltar a voz. Rua Carlos Galhardo 55, Recreio. A partir das 19h. R$ 15 (antes das 21h) e R$ 25 (após 21h).
Bukowski. A noite de cantoria no bar de rock é sexta-feira. Rua Álvaro Ramos 270, Botafogo. Sex, das 19h às 5h. A partir de R$ 24,90.
Dragokê. As drags Maybe Love e Linda Mistakes comandam o agito em dois lugares, a R$ 15. Qui: Experience Music (Rua Riachuelo 20, Lapa), às 20h. Sex: Oscar Selvagem Pub (Rua Paulo Barreto 121, Botafogo), às 21h.
Feira de São Cristóvão. A maioria dos 70 bares com karaokê funciona só de sexta a domingo. Dentre as opções, Coquetel das Meninas (sex e dom, das 15h às 23h; sáb, das 15h à 0h; R$ 3 por ficha) e Império Nordestino (sex e sáb, das 11h às 23h; dom, das 11h às 20h; R$ 2 por ficha). Campo de São Cristóvão. Sex e sáb, das 10h às 4h. Dom, das 10h às 20h.
Dimmi. Bar do chef Jimmy Ogro agora tem karaokê às quartas, de graça. Rua Sorocaba 585, Botafogo. Qua, das 18h à meia-noite.
Fonte. Na antiga Casa da Matriz, o Karaokê Indie é às quintas. Rua Henrique de Novais 107, Botafogo. Qui, a partir das 20h. R$ 10 (antecipado) e R$ 20.
Garagem 559. Só cobra pela ficha (R$ 3) sextas e sábados. Av. Gomes Freire 559, Lapa. Ter e qua, das 18hà meia-noite. Qui, das 18h à 1h. Sex, das 18h às 3h. R$ 10.
Jungle. Há acompanhamento de banda ao vivo e couvert opcional (R$ 8). Rua Martins Ferreira 48, Botafogo. Qua, às 19h30.
Sofia. Katitokê na laje, sem entrada ou ficha. Rua Barão de Iguatemi 257, Tijuca. Sex, das 18h às 23h. 3269-3716.
Sarreufa Club. Conhecido apenas como Bambina, é point concorrido no after. Rua Bambina 141, Botafogo. Dom a qui, das 19h às 4h. Sex e sáb, das 19h às 5h. Ficha R$ 5 (dom a qui) e R$ 10 (sex e sáb).
Pulse. Pagando R$ 30, pode-se cantar à vontade. Av. Mem de Sá 92, Lapa. Ter a dom, 20h às 4h.
Karaokê Show Bar. Com telão de 4m x 2m, a animação cresce com o varar da madrugada. Av. Mem de Sá 103, Lapa. Ter e qua, das 19 às 2h. Qui, das 19h às 3h. Sex e sáb, das 19h às 5h. R$ 20.

