Vencedor do Oscar de melhor documentário por “Sem chão” (“No other land”, no título original), o israelense Yuval Abraham informou nesta segunda-feira (24) que um dos codiretores do filme, o palestino Hamdan Ballal, teria sido espancado por colonos israelenses. Em seu perfil no X, o cineasta disse que seu colega estaria com “ferimentos na cabeça e no estômago”.
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Ainda segundo ele, soldados israelenses teriam sequestrado Ballal, retirando-o da ambulância onde o palestino seria atendido. Abraham diz que, até o momento, não há informações sobre o paradeiro de Ballal.
“Um grupo de colonos acaba de linchar Hamdan Ballal, codiretor do nosso filme “Sem chão”, escreveu Yuval. “Eles o espancaram, e ele está com ferimentos na cabeça e no estômago, sangrando. Soldados invadiram a ambulância que ele chamou e o levaram. Não há sinal dele desde então.”
Em seguida, Yuval Abraham postou um vídeo de um suposto ataque de colonos a ativistas no vilarejo em que mora Ballal. No vídeo, é possível ver um homem mascarado ameaçando pessoas e jogando pedras.
Co-diretor de ‘Sem chão’ teria sido espancado por colonos e sequestrado por soldados
Outros ativistas no local ouvidos pelo jornal israelense Haaretz afirmaram que um grupo de dez a 20 colonos mascarados atacaram Ballal e outros ativistas com pedras e galhos, quebraram as janelas do carro em que estavam e esvaziaram seus pneus.
Outro diretor do filme, o palestino Basel Adra, postou uma foto da casa de Ballal e informou que estava acompanhado do filho de 7 anos do colega.
“Estou com Karam, o filho de 7 anos de Hamdan, perto do sangue de Hamdan em sua casa, depois que colonos o lincharam. Hamdan, codiretor do nosso filme ‘Sem chão’, ainda está desaparecido após ter sido sequestrado por soldados, ferido e sangrando. É assim que eles apagam Masafer Yatta.”
“Sem chão” documenta a destruição e uma série de tentativas de deslocamento forçado na área da Cisjordânia chamada Masafer Yatta, entre 2019 e 2023, contadas a partir da perspectiva dos palestinos, que são assediados por colonos e têm suas casas demolidas pelo Exército israelense. Além do Oscar, o filme recebeu o prêmio de melhor documentário no Festival de Berlim. O longa foi recentemente alvo de censura na Flórida (EUA), com o prefeito de Miami ameaçando fechar um cinema que havia exibido o longa.
Em seu discurso de agradecimento no Festival de Berlim, Yuval denunciou uma “situação de apartheid” e pediu um cessar-fogo em Gaza. A fala gerou indignação na mídia alemã no dia seguinte, com vários políticos alegando que ela havia sido “antissemita”.
Antes de os cineastas voltarem ao Oriente Médio, Yuval recebeu ameaças de morte, sua família enfrentou assédio e uma multidão cercou sua casa. A ameaça imediata eventualmente diminuiu, mas, até agora, o filme não tem um contrato de streaming ou distribuição nos cinemas dos Estados Unidos.