De acordo Joseph Kaplan Weinger, que faz parte de uma iniciativa voluntária que fornece proteção em áreas vulneráveis à violência dos colonos, havia cerca de 20 agressores, a maioria adolescentes, armados com armados com pedras, paus e facas.
Não ficou claro o que motivou o ataque, mas Weinger, que também é um estudante de doutorado em sociologia na UCLA, disse que o grupo havia descido em Susya, que fica ao sul de Hebron, e agredido moradores da Cisjordânia nos momentos finas do jejum durante o Ramadã. Alguns gritaram de forma irônica bênçãos ligadas à data sagrada dos muçulmanos durante as agressões, disse ele.
O caso comoveu o mundo após ter sido divulgado nas redes sociais pelo co-diretor de “Sem chão”, o israelense Yuval Abraham. Outros ativistas no local também testemunharam as agressões. Segundo Abraham, após a surra, “um grupo de soldados interceptou a ambulância que eles haviam solicitado e o levou embora”.
Horas após pedir por informações sobre o paradeiro de Ballal, Abraham confirmou que Ballal estava a caminho de casa.
“Depois de passar a noite algemado e ser espancado em uma base militar, Hamdan Ballal agora está livre e prestes a voltar para casa com sua família”, escreveu Abraham no X.
Segundo o jornal israelense Haaretzm Ballal teria relatado a seu advogado que foi agredido enquanto documentava um motim de colonos. Soldados das Forças de Defesa de Israel (IDF) teriam observado a cena sem intervir.
Quando estava sob custódia do IDF, Ballal e outras duas pessoas teriam sido espancados por soldados e deixadas do lado de fora durante a noite em temperaturas congelantes.
Hamdan Ballal Al-Huraini nasceu em 1989, em Susiya, uma vila na Cisjordânia a cerca de 60 km ao sul de Jerusalém. Já trabalhou como fazendeiro e, além de se tornar cineasta, também participa de iniciativas de defesa dos direitos humanos. Entre elas, faz pesquisa de campo documentando incidentes relacionados à ocupação israelense e também faz parte da “Humans of Masafer Yatta”, que destaca histórias pessoais da região.
Ballal é um dos quatro diretores do coletivo palestino-israelense que ganhou o Oscar de melhor documentário este mês — os outros são Basel Adra, Rachel Szor e Yuval Abraham. O filme documenta a demolição de casas de moradores da Cisjordânia nos arredores de Masafer Yatta, vila onde Adra vive. Forças israelenses reivindicam a área para um campo de treinamento militar.
O documentário foi filmado ao longo de quatro anos, entre 2019 e 2023, com a produção concluída dias antes do Hamas lançar seu ataque contra Israel em 7 de outubro de 2023. “Sem chão” estreou no Festival de Berlim, em 2024, e desde então já recebeu mais de 60 prêmios em festivais internacionais.
Nas redes sociais, Adra, o outro diretor palestino do filme, lembrou que há apenas algumas semanas ele, Ballal e os criadores israelenses do filme estavam sendo homenageados no Oscar.
“Mas sempre soubemos que teríamos que retornar a essa realidade, pois, infelizmente, o mundo não está ajudando a acabar com a ocupação”, disse ele.
A Associação Internacional de Documentaristas emitiu uma declaração, afirmando: “Exigimos a libertação imediata de Ballal e que sua família e comunidade sejam informadas sobre sua condição, onde ele está e os motivos de sua detenção”.